as minhas horas não têm sido as tuas horas.
as minhas pernas têm andado longe das tuas.
o meu pé, à noite, demora a encontrar-se com o teu.
as minhas mãos trabalham em coisas tão díspares das tuas.
a minha cabeça trabalha a tantos de quilómetros de distância da tua.
mas há uma coisa, sabes, que está sempre.
sempre perto.
como a folha de um caderno. como um dos fios da mesma embalagem de esparguete.
como "aquela" nota única de uma sonata. como o atacador de uma sapatilha.
e essa coisa - o amor - tem a mesma boca e a mesma língua.
tem a mesma cadência e a mesma orientação.
posso estar longe, ocupada, absorvida, mergulhada.
posso andar desvairada de coisas para fazer
posso passar-me de nervosos miúdos
posso comportar-me às vezes como uma miúda.
mas o meu amor e a minha boca - ai esses dois -
vão andar sempre no teu encalço.
esses sim, serão a tua sombra e a minha luz.
sempre.
Laura Avelar Ferreira
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