Guerra na Síria
Fotógrafo de Guerra Turco com 21 anos
Furkan Temir
Depois de toda guerra
alguém tem que fazer a faxina.
As coisas não vão
resolver-se sozinhas.
Alguém tem que tirar
o entulho das ruas
para que as carroças possam passar
com os corpos.
Alguém tem que abrir caminho
pelo lamaçal e as cinzas,
as molas dos sofás,
os cacos de vidro,
os trapos ensanguentados.
Alguém tem que arrastar o poste
para levantar a parede,
alguém tem que envidraçar a janela,
pôr as portas no lugar.
Não é fotogénico
e leva anos.
Todas as câmaras já foram
para outra guerra.
Precisamos das pontes
e das estações de combóio de volta.
Mangas de camisas ficarão gastas
de tanto serem arregaçadas.
Alguém de vassoura na mão
ainda se lembra como foi.
Alguém escuta e concorda
assentindo com a cabeça ilesa.
Mas haverá outros por perto
que acharão tudo isso
um pouco chato.
De vez em quando alguém ainda
tem que desenterrar evidências enferrujadas
debaixo de um arbusto
e arrastá-las até ao lixo.
Aqueles que sabiam
o que foi tudo isso,
têm que ceder lugar àqueles
que sabem pouco.
E menos que pouco.
E finalmente aos que não sabem nada.
Alguém tem que deitar ali
na erva que cobriu
as causas e consequências,
com um matinho entre os dentes
e o olhar perdido nas nuvens.
Wislawa Szymborska
Caraças...
Os Polacos têm um talento especial para a Poesia!!!
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