sexta-feira, 8 de julho de 2016

A Chegada do Amor


Cais das Colunas
Lisboa



O amor chegou, e desembarcou no cais, 
onde ninguém o esperava, fazendo 
a cidade inteira estremecer, como se 
o amor a tocasse.

Mas alguém o viu sair 
do barco, e levou-o para a fila 
da alfândega, onde lhe perguntaram: "Donde 
vem? Que traz consigo? Mostre 
o passaporte." O amor não percebeu 
o que lhe pediam; pôs o arco sobre 
a mesa, e juntou-lhe as flechas.

“Tudo apreendido: não queremos agressões 
nesta cidade; proibidas as armas brancas.” E 
o amor, sem passaporte, ficou no cais, 
por entre sacos de lixo e vagabundos 
sem nada para fazer.

E à noite, quando a cidade 
adormece, todos perguntam 
quando chega o amor.


Nuno Júdice 
in “A Chegada do Amor”





2 comentários:

  1. O amor entristeceu se tanto que foi para as nuvens
    de lá regou toda a Terra com amor.

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