sábado, 31 de outubro de 2015
Native American/Indigenous Values
1. Rise with the sun to pray. Pray alone. Pray often. The Great Spirit will listen, if you only speak.
2. Be tolerant of those who are lost on their path. Ignorance, conceit, anger, jealousy and greed stem from a lost soul. Pray that they will find guidance.
3. Search for yourself, by yourself. Do not allow others to make your path for you. It is your road, and yours alone. Others may walk it with you, but no one can walk it for you.
4. Treat the guests in your home with much consideration. Serve them the best food, give them the best bed and treat them with respect and honor.
5. Do not take what is not yours whether from a person, a community, the wilderness or from a culture. It was not earned nor given. It is not yours.
6. Respect all things that are placed upon this earth - whether it be people or plant.
7. Honor other people's thoughts, wishes and words. Never interrupt another or mock or rudely mimic them. Allow each person the right to personal expression.
8. Never speak of others in a bad way. The negative energy that you put out into the universe will multiply when it returns to you.
9. All persons make mistakes. And all mistakes can be forgiven.
10. Bad thoughts cause illness of the mind, body and spirit. Practice optimism.
11. Nature is not FOR us, it is a PART of us. They are part of your worldly family.
12. Children are the seeds of our future. Plant love in their hearts and water them with wisdom and life's lessons. When they are grown, give them space to grow.
13. Avoid hurting the hearts of others. The poison of your pain will return to you.
14. Be truthful at all times. Honesty is the test of one's will within this universe.
15. Keep yourself balanced. Your Mental self, Spiritual self, Emotional self, and Physical self - all need to be strong, pure and healthy. Work out the body to strengthen the mind. Grow rich in spirit to cure emotional ails.
16. Make conscious decisions as to who you will be and how you will react. Be responsible for your own actions.
17. Respect the privacy and personal space of others. Do not touch the personal property of others - especially sacred and religious objects. This is forbidden.
18. Be true to yourself first. You cannot nurture and help others if you cannot nurture and help yourself first.
19. Respect other's religious beliefs. Do not force your belief on others.
20. Share your good fortune with others. Participate in charity.
Terror de te amar
Num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Samhain, o Ano Novo Pagão
Samhain (pronuncia-se souêin),
significava para os celtas,
o final de um ciclo e o prenúncio de um novo,
o mergulho na escuridão e na morte à espera do renascimento.
Era o mais importante dos Sabbats,
representando a passagem do Ano Novo
e o terceiro e último festival da colheita.
Simbolizava não mais a celebração dos cereais ou das frutas, mas a matança dos animais que não mais serviam para a reprodução, sendo transformados em conservas para o inverno.
Na Roda do Ano, Samhain é o oposto de Beltane, regido pela Deusa Anciã e pelo Deus da Morte.
A atmosfera desse festival era de nostalgia, saudade, lembranças, desapego, retraimento, compreensão e mutação.
Os véus entre os mundos se tornavam mais ténues nas noites de Samhain, permitindo a comunicação com os espíritos dos ancestrais e dos familiares falecidos.
Ao ser cristianizado, Samhain transformou-se na comemoração do Dia de Todos os Santos e Finados, enquanto que sua vulgarização e comercialização moderna o caricaturaram como halloween, a Festa das Bruxas.
Na mitologia irlandesa, em Samhain celebrava-se a união da deusa da guerra Morrigan a Dagda, o deus da Terra, garantindo, assim, a sobrevivência da terra durante as vicissitudes do inverno. As lendas celtas contam como Cailleach, a deusa Anciã, congelou a terra, batendo nela com seu cajado. Lamentando a morte sacrificial do Deus, representada pelo fim do ciclo da vegetação, a Anciã se recolhe para preparar em seu caldeirão a poção mágica do renascimento.
Nos países nórdicos e celtas, acreditava-se que vários Espíritos da Natureza, principalmente as Fadas Escuras, perambulavam pela terra nesta noite, perturbando as pessoas e assustando os animais. Para mantê-los à distância, fogueiras e lanternas de abóboras eram acesas nas colinas e oferendas eram deixadas nos bosques.
Em Roma, celebravam-se neste dia as deusas Pomona e Fortuna, com oferendas agradecendo pela colheita e rituais para atrair a boa sorte.
Em algumas Tradições da Deusa, esta noite é dedicada a Cerridwen, a deusa celta detentora do caldeirão sagrado da sabedoria e da transmutação, a face anciã da Grande Mãe.
Comemora-se, também, a descida da deusa suméria Inanna, em visita a sua irmã Eresshkigal, a senhora do mundo subterrâneo, sendo imolada e morta antes de voltar, renovada e mais sábia, ao mundo dos homens.
No mito grego, Deméter desce para visitar sua filha Perséfone no mundo escuro dos mortos, implorando-lhe para que volte com ela à superfície. Hécate, a deusa das encruzilhadas, encaminha as almas, iluminando-lhes a passagem com sua tocha.
A noite de Samhain é propícia à reflexão sobre nossas emoções e sobre o que ocorreu em nossas vidas durante o ciclo que está se concluindo; para encararmos nossos medos e nossas limitações; desapegarmo-nos de tudo que é "peso morto" e buscarmos inspiração e sabedoria para vivermos as mudanças e as transformações.
Neste Sabbat reverenciamos os Espíritos Ancestrais e pedimos sua ajuda na obtenção de coragem, tranquilidade e vigor, para iniciarmos "de peito aberto" a caminhada simbólica ao ventre escuro da Mãe Terra.
Mirella Faur
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Las palabras vuelan, se las lleva el viento...
Las palabras tienen un efecto liberador, como si el hecho de nombrar el peso de la carga, lo aligerase.
Las palabras flotan y viajan, llegan a mundos poblados por otros y ponen límites, fronteras, aclaraciones, sentimientos y conexiones.
Con las palabras protejo mi mundo y a la vez lo comunico. Son membranas permeables que aceptan nutrientes y escupen los tóxicos
Las palabras me penetran, convirtiéndolas en mi cuerpo, en una parte de mí que se instala en los músculos y me dispone a actuar. O me disponen a recibirte, integrarte, interiorizarte con los cambios que provocan tus verbos en mi carne
Las palabras son también lamentos. Algunas de mis palabras no han tenido efecto, no me respondes, haces como si no oyeras, como si no hubieran sido dichas, como si nunca me hubieras hablado, como si nunca hubieran existido.
Estas palabras-lamento servirán a otros, que como yo, hayan hecho volar las letras que no han llegado a ninguna parte.
Las palabras vuelan, se las lleva el viento...
Ana Cortiñas Payeras
As dez denúncias do psicanalista Adam Phillips
1. Hoje as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado. Há uma preocupação desmedida com o envelhecimento, com acidentes e doenças. É como se o mundo pudesse existir sem essas coisas.
2. A ideia de uma vida boa foi substituída pela de uma vida a ser invejada.
3. Hoje todos falam de sexo, mas ninguém diz nada interessante. É uma conversa estereotipada atrás da outra. Vemos exageros até com crianças, que aprendem danças sensuais e são expostas ao assunto muito cedo. Estamos cada vez mais infelizes e desesperados, com o estilo de vida que levamos.
4. Nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão.
5. As crianças entram na corrida pelo sucesso muito cedo e ficam sem tempo para sonhar.
6. No século XIV, se perguntassem às pessoas sobre o que queriam da vida, diriam que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: “ser rico e famoso”. Existe uma espécie de culto que faz com que as pessoas não consigam saber o que realmente querem da vida.
7. Os pais criam limites que a cultura não sanciona. Por exemplo: alguns pais tentam controlar a dieta dos filhos, dizendo que é mais saudável comer verduras do que salgadinhos, enquanto as propagandas dão a mensagem diametralmente oposta. O mesmo pode ser dito em relação ao comportamento sexual dos adolescentes. Muitos pais procuram argumentar que é necessário ter um comportamento responsável enquanto a mídia diz que não há limites.
8. Precisamos instruir as crianças a interpretar a cultura em que vivemos, ensiná-las a ser críticas, mostrar que as propagandas não são ordens e devem ser analisadas.
9. Uma coisa precisa ficar clara de uma vez por todas: embora reclamem, as crianças dependem do controle dos adultos. Quando não têm esse controle, sentem-se completamente poderosas, mas ao mesmo tempo perdidas. Hoje há muitos pais com medo dos próprios filhos.
10. Ninguém deveria escolher a profissão de psicanalista para enriquecer. Os preços das sessões deveriam ser baixos e o serviço, acessível. Deve-se desconfiar de analistas caros. A psicanálise não pode ser medida pelo padrão consumista, do tipo “se um produto é caro, então é bom”. Todos precisam de um espaço para falar e reflectir sobre a sua vida.”
Adam Phillips
in, Revista Veja
Livro de Horas
Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
Nesta deriva em que vou.
Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais,
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.
Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
E o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
Que possa nascer e mim
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso de ser Homem
De ser um anjo caído
Do tal céu que Deus governa.
De ser um monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!
Miguel Torga
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
O chamado da Mulher Selvagem
Era uma vez uma mulher.
Essa mulher era amada.
Por ser amada, era reconhecida como inteira em si mesma.
Por ser reconhecida, era livre para existir.
Essa mulher vivia com os pés na terra e a cabeça nas nuvens, possuía todos os atributos de uma deusa. Era humana e ao mesmo tempo divina, e havia algo de selvagem em seus olhos que nenhuma civilização ou religião poderiam domar.
Por isso mesmo, essa mulher foi temida...
Porém, essa mulher faz parte da própria natureza, ela é a própria natureza e não pode ser aniquilada. De sua completude temos apenas resquícios mas, ela sobrevive nas histórias e nos contos e no fundo da alma de todos, homens e mulheres que sentem um profundo sentimento de VIDA.
Eles escutam o chamado que vem dos ossos, das profundezas da carne.
O chamado da mulher selvagem, há muito reprimida mas de nenhuma forma esquecida.
in, "O chamado da Mulher Selvagem"
Noite Escura da Alma
Os nossos quatro corpos podem passar pela Noite Escura da Alma-NEA (emocional, físico, mental, espiritual ) Eu já tive alguns desafios de passar por essas duras passagens, e através da fé e esperança, no final, obter o crescimento necessário para seguir a jornada e me tornar um ser melhor.
A NEA acontece quando passamos pela escuridão, nos sentimos sem saída e parece que nosso mundo desabou. Sentimos a perda de nossa conexão com o Criador e com o Universo. Nos sentimos sós, abandonados, ninguém pode nos compreender, sentimos medo da vida e da morte. Sentimos incertezas, conflitos, preocupações, perdas.
Jamie Sams, diz que os nativos norte-americanos consideram a NEA, como um rito de passagem, que pode fortalecer a natureza guerreira que é parte de nosso espírito. Todos nós temos essa coragem, e conquistamos a vitória sobre a NEA, simplesmente por haver sobrevivido a ela. Esse duro rito de passagem, nos torna bravos e corajosos e nos leva à nossa essência espiritual. No desenrolar de nossa existência, somos envolvidos de tal forma pelas actividades do dia-a-dia, pelos nossos costumes, pensamentos, crenças e podemos não perceber os sinais que o Universo nos manda, informando a necessidade de mudança em nossas vidas. A NEA pode chegar nos quatro corpos, porém todos estão profundamente interligados uns aos outros. Um afecta o outro.
Se agirmos a partir de nossa natureza guerreira, enfrentando o que está diante de nós, em vez de nos fecharmos nos momentos difíceis, não precisaremos repetir as duras lições quando somos obrigados a encarar questões desagradáveis. Só então começamos a compreender a força oculta do nosso poder de cura pessoal.
É uma passagem que a nossa alma faz pela escuridão. O caos, o desespero, a aflição, os medos existenciais, nos forçam a mudar a nossa vida dramaticamente. Nesse período passamos por uma reavaliação de nossos hábitos, costumes e crenças. Pode haver um sentimento de abandono por nossos guias espirituais, parece que não temos mais escapatória, nos sentimos condenados, punidos, muitas vezes até injustiçados. Não entendemos porque o facto está acontecendo justamente connosco. Pode-se até perder a fé em Deus. O cenário mostra-se caótico, nos sentimos perdidos, confusos, sozinhos e incompreendidos.
Quando aceitamos esse momento difícil, essa dura lição, esse remédio amargo e enfrentamos a situação, conseguimos transformá-la com fé no Criador e acessamos ao nosso poder de cura. Ao contrário, se não nos responsabilizarmos pelas mudanças, a NEA vai e volta podendo trazer mais dores. Tudo depende da nossa atitude.
Aqueles que já passaram positivamente pela NEA, tiveram que trabalhar a coragem, desenvolveram a resistência, encontraram uma força que desconheciam e, fundamentalmente, aprenderam mais sobre si mesmos, compreenderam seus defeitos e tornaram-se seres humanos melhores.
A NEA pode ser desencadeada por várias situações da vida. Doenças, traições, abandonos, perdas, acidentes e outros factores. Pode levar meses, anos, para se resolver e cicatrizar as feridas. Ela pode nos aproximar mais das pessoas queridas, que nos oferecem apoio e evocam nossa fé na vida. Aqueles que passam por ela desenvolvem um poder pessoal, coragem e força interior.
Ela nos mostra que a saúde não tem garantias, que quando adoecemos é porque infringimos a nossa própria natureza, não respeitamos as leis da saúde. Acidentes podem fazer as pessoas terem mais determinação, mais força de viver, como resultados dos esforços de superação. Ela pode ensinar a ajudar mais o próximo, a sermos mais pacientes e tolerantes.
Atravessar a NEA, implica também aceitar o facto de que nem tudo o que acontece nas nossas vidas o entendemos. Existe um "Grande Mistério". Evoca a nossa coragem e a compreensão de que existe um Poder Superior, que interfere e molda a nossa realidade, um Plano Divino. E, se não nos sentirmos vítimas, nem culparmos outras pessoas, a nossa vida muda de perspectiva e adquirimos mais fé e confiança, descobrindo novas alternativas para a situação.
A escolha de seguir o caminho da fé em Deus, para atravessar a NEA, através da oração, meditação é uma das formas mais positivas. A atitude de gratidão a Deus e à vida, quando estamos em NEA, projecta-se para o Universo, nos dando a protecção necessária para a atravessarmos. Essa atitude é de confiar no amanhã e que cresceremos quando passarmos pela noite escura da alma.
Quando vocês mentalizarem alguém que está em NEA, não a visualizem com os problemas e na escuridão, e sim na luz radiante da cura e da transformação. De minha parte agradeço as orações.
COMPARTILHANDO DE DIVERSOS AUTORES :
Muitos buscadores na estrada para um nível de consciência mais elevado passarão a "noite escura da alma", até que experimentam a alegria de sua natureza verdadeira.
Muitos buscadores incentivariam a experiência da NEA se soubessem o que é, entretanto essa noite escura parece trazer um sofrimento interminável. Certamente, a noite escura ocorre geralmente como uma iniciação antes que um destes buscadores especiais esteja comprometido no relacionamento regular com níveis de consciência mais elevado. É uma ausência longa e profunda da luz e da esperança. Na noite escura você se sente profundamente sozinho. A noite escura é uma estadia muito difícil. Devido a causa da experiência, a pessoa sentirá sempre uma compaixão profunda por aqueles que atravessam uma noite similar. A pessoa é colocada em confronto com a sua velha maneira de agir e das possibilidades novas, seu sentido de alienação se intensifica. A pessoa sente que faria qualquer coisa para sair desse estado, contudo é somente o ego que o está mantendo nele, não sabe o que fazer, para onde fugir. Seus amigos vêm para te dar apoio, mas você fica ciente de que eles não são capazes de sentir ou saber o que você está atravessando. A pessoa começa a levar a noite escura a sério, quando se sente encalhada completamente, não acha a sua espiritualidade. Sente-se separado de Deus e dos homens. Sozinho, e não desejando ser, incapaz mesmo de expressar-se a outros, incorpora a meia-noite e a intensidade da noite escura.
A pessoa olha seus livros para ver se acha algo que o alente, faz pesquisas,contudo não é um livro, um pensamento, que vai profundo bastante, onde a aflição habita. Olha suas possessões, seu dinheiro vê que nenhuma coisa material pode ajudar-lhe. Nada, ninguém, no mundo exterior o permitiu sair desta noite escura. Em sua solidão observa que nenhum de seus pensamentos provaram ser adequados a seu sofrimento. Deus parece distante, afastado, ou talvez irreal. Nada aparece para facilitar ou remover sua agonia. Nada parece eficiente. Não há nada para ser feito. Não há nada para pensar, sentir, fazer, nenhum lugar para ir. Parece que tem que aceitar esta derrota, ou persistir em esforçar-se, e enxergar outras opções.
Então, aceita seu estado.
Como começou neste lugar ? Isso é insignificante. Sentimentos de lado, espera.
Então, um dia acontece. Uma presença inteira vem em seu quarto doce, macia. Sua mente é enchida com a luz brilhante. Seu coração com paz. Esta paz move-se através de seu corpo como a fria água da montanha. Flui em sua espinha, cérebro, pele. Em toda parte. Também, esta presença, este conforto, alguns dias mais tarde, a alegria começa, com nada mais a fazer, seu ego cai e fica afastado! Seu sentido ignorante, arrogante, temível do self cai ao lado da pessoa . Ela está na luz, um novo ser, transformado,
Acredite ou não, isso é o que a noite escura é : transformação.
O ego, o sentido limitado do Self, o complexo inadequado das ideias sobre quem você é, teve que ser dissolvido. O ego era, começa a ver, através de uma consciência mais elevada, a sua natureza verdadeira. Seu sofrimento foi intensificado por causa de uma impressão principal. Foi forçado a pensar demasiadamente em si mesmo, colheu respostas do mundo, aprendeu mais sobre você mesmo.
Então, o sentido do ego, devido a seu sofrimento ou às suas limitações na vida, quer ter mais poder sobre as circunstâncias e uma vida mais agradável. O sentido do ego torna-se frequentemente motivado para procurar um consciência mais elevada e, assim, uma habilidade maior para dominar a vida. Na época da noite escura, o ego é o obstáculo principal; é a obstrução da luz da consciência, Está entre você e a sua plenitude. A duração da noite escura é baseada na truculência do ego. Pode lutar uma batalha muito longa se temer que está sendo destruído ou, abrir a algo muito maior do que se sabe para ser.
Incrivelmente, o ego quer estar dentro no acto da iluminação. O ego quer trazer uma consciência mais elevada por seus próprios meios dramáticos. Finalmente o ego encontrou algo que não pode fazer e, na noite escura da alma, torna-se totalmente inadequado. Na noite escura da alma o sentido de vida longa do ego morre impotente. Cumprindo sua parte, agora fraco e impotente, é dissolvido e transmutado. De um sentido mais elevado que o despertar traz para dentro do ser, coloca para fora o falso sentido do self. A pessoa se vê diferente do que pensava que era. O ego experimentava meramente alguns dos atributos, qualidades, de sua natureza verdadeira e ao mesmo tempo obstrui a outra.
A passagem com sucesso pela noite escura, incorpora os reinos de uma consciência mais elevada. Curado da doença, da ignorância de sua natureza verdadeira e de sua opinião inadequada, frequentemente totalmente errada de quem você é. Agora cessa seu conflito interno e penetra serenamente em sua natureza verdadeira. A noite acaba. O alvorecer de uma vida nova numa consciência mais elevada transforma a vida desolada do passado numa natureza celestial.
Dai em diante, andará na terra que vê novamente, vivendo uma vida nova, e sustenta sua natureza verdadeira. Você transformou-se num filho ou numa filha de uma consciência mais elevada. Agora suas palavras e ações alinham-se com seu self verdadeiro. Agora você expressa a inspiração e conforto.
A noite escura da alma é uma benção disfarçada porque acaba com ilusões e fantasias criadas pelo nosso ego. Esta é a iniciação que passa por cima do modelo criado pelo nosso ego. Assim, nós podemos ver que a noite escura da alma é a passagem que faz um exame de nós mesmos, de um mundo da dualidade a um mundo integral e de unidade. Nós transformamos os modelos de viver que inspiram compreensão do conhecimento e da verdade primordial.
A noite escura da alma ensina-nos a olhar os horrores e as alegrias do mundo, dos ciclos do nascimento e da morte, das guerras e de destruições da natureza, das economias do mundo com um coração quieto e uma mente calma. Neste nível, nossa consciência transforma-se numa parte do centro de tudo que acontece no mundo. A noite escura da alma libera nossa consciência limitada.
Determinados desafios têm o potencial de iniciar uma pessoa num nível novo da experiência.
Veja abaixo o artigo de Nicholas Schmidt:
Você não pode encontrar a luz a menos que você incorpore a escuridão.
Noite escura da alma, a crise espiritual, loucura espiritual, emergência espiritual, loucura divina, estas são várias frases que foram usadas para descrever uma experiência original - um teste profundo da fé e da resistência espiritual que parece ser uma parte necessária de andar o trajecto para a casa de Deus.
Hoje, muitas pessoas neste planeta estão procurando por um significado e por uma finalidade mais profundos na vida. Esforçar-se para a sobrevivência e a felicidade no mundo material apenas não parece satisfazer mais ao potencial humano. Mais e mais nós estamos tornando-nos frustrados com as rotinas da vida diária, seja com carreiras , nossas vidas pessoais ou nossos relacionamentos com as pessoas.
No nosso interior profundo, percebemos que nossa fome pelos confortos materiais e prazeres da vida deixam, eventualmente, um sentimento vazio e incompleto. Nós começamos então a suspeitar que a paz e a felicidade duráveis são uma coisa "interna".
Em consequência, muitos de nós olhamos os reinos espirituais com um sentido maior. Nesse processo nós encontramo-nos a perguntar "Quem sou eu ? O que faço aqui ?Qual é minha finalidade real neste planeta ?" Se nós estivermos prontos, estas perguntas despertam um anseio profundo, inspiram-nos a procurar respostas. Uma crise séria da vida pode ter o mesmo efeito. Na extremidade, nós encontramos, que estamos procurando realmente por Deus.
Nossa busca da verdade, leva a uma consciência espiritual mais importante, procurar quem nós somos realmente. Esta introspecção nova pode ser a experiência mais profunda de nossa vida, seguida do êxtase, da alegria e iluminação, que é difícil descrever àqueles que têm para alcançar ainda este ponto. Depois que esta experiência ou deslocamento na consciência ocorrem, nós começamos a olhar as maneiras velhas e a opinião falsa da vida com menos interesse, quando nossa reconexão com o divino se tornar desobstruída e se sentir mais natural. A maneira velha simplesmente não nos interessa mais.
Em algum lugar ao longo da viagem de recordar quem nós somos realmente, podemos encontrarmo-nos num espaço muito incómodo, um vácuo, onde não deixamos nossa opinião velha, e na outra mão nós temos um plug nas novas verdades que descobrimos. Este "lugar inábil da mente" pode trazer uma crise interna da incerteza, da instabilidade, da confusão, da frustração, e de um desespero, enquanto " a noite escura " se ajusta internamente e faz seu filtro.
É ironico que junto com o êxtase de recordar nossa conexão divina, pode haver sentimentos de intensa depressão, de loucura, de decepção. Vêm então a espera, e a ânsia de querer saber quando a noite escura terminará para sempre. Finalmente, sentimos uma perda do controle sobre nossas vidas e, o mais importante, que Deus nos abandonou verdadeiramente .
"UMA SEQUÊNCIA DA NOITE ESCURA ", EXEMPLO DE EVENTOS:
As coisas na vida parecem ir bem, então, inesperadamente, temos uma crise séria da vida, tal como uma interrupção da carreira, o divórcio , um problema de saúde, um vício sério, colapso financeiro, uma experiência próxima da morte , etc. ou toda a combinação de tais eventos.
Em algum ponto a crise/ angústia, torna-se intensa, nós perdemos o chão e, num acto de desespero, gritamos para Deus : ajuda-me!" E Deus começa a ajudar imediatamente, mas de maneiras que são contrárias ao que nós esperamos.
A crise inicia geralmente a busca para a verdade espiritual .
Cada "introspecção nova " que nós descobrimos traz a morte "de uma opinião falsa velha" que nós fomos programados a aceitar durante toda nossa vida. Isto começa a ameaçar seriamente os nossos egos, um teste severo da fé começa, e pode durar meses ou anos.
A pergunta, a mais importante durante uma crise espiritual é, "pode você acreditar em Deus quando a noite é a mais escura?"
Durante uma crise escura da noite, o indivíduo pode ter toda a combinação ou todos os seguintes sintomas:
- Sentimentos de depressão , desespero, isolamento
- Perda da energia
- Cansaço cronico não ligado a uma desordem física
- Perda do controle sobre seu sentido pessoal e/ou profissional na vida
- A sensibilidade incomum a fatores ambientais
- Raiva , frustração , falta da paciência
- Perda da identidade, da finalidade, e do sentido da vida
- Retirada das rotinas diárias da vida
- Sentimentos de loucura e de insanidade
- Um sentido de abandono por Deus
- Sentimentos de inadequacão
- Perda de atenção, da confiança, da auto-estima
Se este tipo de crise intensa e prolongada incorporar sua vida, por favor não esmoreça.
Quando a loucura acaba, num acto de rendição, de aceitação e de confiança do que Deus está realizando com você - sem renúncia e com gratidão perante a experiência - a noite escura terminará. Nesse ponto, o ego não quer nenhuma ordem mais longa no trajecto de sua vida, e uma luz brilhará e com ela uma nova aventura, e uma nova finalidade espiritual na vida.
Seu trajecto será guiado então por uma série de eventos sincrónicos divinamente influenciados, e sua missão real para esta vida nascerá de forma mágica.
Xamã Léo Artése
Emocionada...
Eu já vivi 3 noites escuras...
Não aprendi o que deveria ter aprendido na primeira, e quando surgiu a segunda foi muito mais dura.
Na segunda, com o meu divórcio, algumas mudanças aconteceram mas não consegui ver o caminho certo a seguir e, não me desapeguei do que era necessário por medo( emprego que não gostava, prestações de casa e carro ao banco, namoro tóxico...). Vivia sem rede, sem família para me amparar se algo corresse mal...e continuei a ser escrava de um sistema que odiava.
Passados 6 anos surge a terceira NEA, e essa foi destruidora.
Passaram mais seis anos e só agora começo a sair dela...mas valeu a pena.
Se não fosse assim, nunca me livraria das ancoras que me aprisionavam e me impediam de ser quem sou na minha essência...uma Susana que nem imaginava que existia.
Pirata
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Ama-me
Ama-me.
Ama-me como o que te traz até mim ou o que me leva até ti.
Ama-me com força.
Ama-me devagar.
Ama-me com tudo.
Ama-me com nada.
Ama-me com o pensamento desperto ou apagado.
Ama-me…
Ama-me sem lugar nem tempo.
Ama-me como sabes, como podes, como queres, como sentes, como vives, como morres.
Ama-me como acordas, como comes, como bebes, como dormes.
Ama-me como és.
Ama-me como sou.
Ama o nosso estar.
Ama-me sem que eu perceba quando acabar, assim como não percebi ao começar.
Conceição Sousa
in, "FICA"
ULTIMATUM
Publicação original de Ultimatum
Mandado de despejo aos mandarins da Europa! Fora.
Fora tu , Anatole France , Epicuro de farmacopeia homeopática, tenia-Jaurès do Ancien Régime, salada de Renan-Flaubert em loiça do século dezassete, falsificada!
Fora tu, Maurice Barrès, feminista da Acção, Châteaubriand de paredes nuas, alcoviteiro de palco da pátria de cartaz, bolor da Lorena, algibebe dos mortos dos outros, vestindo do seu comércio !
Fora tu, Bourget das almas, lamparineiro das partículas alheias, psicólogo de tampa de brasão, reles snob plebeu, sublinhando a régua de lascas os mandamentos da lei da Igreja!
Fora tu, mercadoria Kipling, homem-prático do verso, imperialista das sucatas, épico para Majuba e Colenso, Empire-Day do calão das fardas, tramp-steamer da baixa imortalidade !
Fora ! Fora !
Fora tu, George Bernard Shaw, vegeteriano do paradoxo, charlatão da sinceridade, tumor frio do ibsenismo, arranjista da intelectualidade inesperada, Kilkenny-Cat de ti próprio, Irish Melody calvinista com letra da Origem das Espécies!
Fora tu, H. G. Wells, ideativo de gesso, saca-rolhas de papelão para a garrafa da Complexidade !
Fora tu, G. K. Chesterton, cristianismo para uso de prestidigitadores, barril de cerveja ao pé do altar, adiposidade da dialéctica cockney com o horror ao sabão influindo na limpeza dos raciocínios !
Fora tu, Yeats da céltica bruma à roda de poste sem indicações, saco de podres que veio à praia do naufrágio do simbolismo inglês!
Fora ! Fora !
Fora tu, Rapagnetta-Annunzio, banalidade em caracteres gregos, «D. Juan em Patmos»
(solo de trombone)!
E tu, Maeterlinck, fogão do Mistério apagado!
E tu, Loti, sopa salgada, fria!
E finalmente tu, Rostand-tand-tand-tand-tand-tand-tand-tand!
Fora! Fora! Fora!
E se houver outros que faltem, procurem-nos aí para um canto!
Tirem isso tudo da minha frente!
Fora com isso tudo! Fora!
Aí ! Que fazes tu na celebridade, Guilherme Segundo da Alemanha, canhoto maneta do braço esquerdo, Bismarck sem tampa a estorvar o lume ?!
Quem és tu, tu da juba socialista, David Lloyd George, bobo de barrete frígio feito de Union Jacks?!
E tu, Venizelos, fatia de Péricles com manteiga, caída no chão de manteiga para baixo?!
E tu, qualquer outro, todos os outros, açorda Briand-Dato-Boselli da incompetência ante os factos, todos os estadistas pão-de-guerra que datam de muito antes da guerra! Todos! todos! todos!
Lixo, cisco, choldra provinciana, safardanagem intelectual!
E todos os chefes de estado, incompetentes ao léu, barris de lixo virados pra baixo à porta da Insuficiência da Época!
Tirem isso tudo da minha frente!
Arranjem feixes de palha e ponham-nos a fingir gente que seja outra!
Tudo daqui para fora! Tudo daqui para fora!
Ultimatum a eles todos, e a todos os outros que sejam como eles todos!
Se não querem sair, fiquem e lavem-se !
Falência geral de tudo por causa de todos !
Falência geral de todos por causa de tudo !
Falência dos povos e dos destinos — falência total !
Desfile das nações para o meu Desprezo!
Tu, ambição italiana, cão de colo chamado César!
Tu, «esforço francês», galo depenado com a pele pintada de penas!
(Não lhe dêem muita corda senão parte-se!)
Tu organização britânica, com Kitchener no fundo do mar desde o princípio da guerra!
(It's a long, long way to Tipperary, and a jolly sight longer way to Berlin !)
Tu, cultura alemã, Esparta podre com azeite de cristianismo e vinagre de nietzschização, colmeia de lata, transbordeamento imperialóide de servilismo engatado!
Tu, Áustria-súbdita, mistura de sub-raças, batente de porta tipo K!
Tu, Von Bélgica, heróica à força, limpa a mão à parede que foste!
Tu, escravatura russa, Europa de malaios, libertação de mola desoprimida porque se partiu!
Tu, «imperialimo» espanhol, salero em política, com toureiros de sambenito nas almas ao voltar da esquina e qualidades guerreiras enterradas em Marrocos !
Tu, Estados Unidos da America, síntese-bastardia da baixa-Europa, alho da aÁorda transatlântica, pronúncia nasal do modernismo inestético!
E tu, Portugal-centavos, resto de Monarquia a apodrecer República, extrema-unção-enxovalho da Desgraça, colaboração artificial na guerra com vergonhas naturais em África!
E tu, Brasil «república irmã», blague de Pedro Álvares Cabral, que nem te queria descobrir!
Ponham-me um pano por cima de .tudo isso!
Fechem-me isso à chave e deitem a chave fora!
Onde estão os antigos, as forças, os homens, os guias, os guardas?
Vão aos cemitérios, que hoje são só nomes nas lápides!
Agora a filosophia é o ter morrido Fouillée!
Agora a arte é o ter ficado Rodin!
Agora a literatura é Barrès significar!
Agora a crítica é haver bestas que não chamam besta ao Bourget!
Agora a política é a degeneração gordurosa da organização da incompetência!
Agora a religião é o catolicismo militante dos taberneiros da fé, o entusiasmo cozinha-franceza dos Maurras de razão-descascada, é a espectaculite dos pragmatistas cristãos, dos intuicionistas católicos, dos ritualistas nirvânicos, angariadores de anúncios para Deus !
Agora é a guerra, jogo do empurra do lado de cá e jogo de porta do lado de lá!
Sufoco de ter só isto à minha volta!
Deixem-me respirar!
Abram todas as janelas !
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo!
Nenhuma ideia grande, ou noção completa ou ambição imperial de imperador-nato!
Nenhuma ideia de uma estrutura, nenhum senso do Edifício, nenhuma ânsia do Orgânico-Criado!
Nem um pequeno Pitt, nem um Goethe de cartão, nem um Napoleão de Nürnberg!
Nem uma corrente literária que seja sequer a sombra do romantismo ao meio-dia!
Nem um impulso militar que tenha sequer o vago cheiro de um Austerlitz!
Nem uma corrente política que soe a uma ideia-grão, chocalhando-a,
ó Caios Grachos de tamborilar na vidraça!
Época vil dos secundários, dos aproximados, dos lacaios com aspirações de lacaios a reis-lacaios!
Lacaios que não sabeis ter a Aspiração, burgueses do Desejo, transviados do balcão instintivo! Sim, todos vós que representais a Europa, todos vós que sois políticos em evidência em todo o mundo, que sois literatos meneurs de correntes europeias,
que sois qualquer coisa a qualquer coisa neste maelström de chá-morno!
Homens-altos de Lilliput-Europa, passai por baixo do meu Desprezo !
Passai vós, ambiciosos do luxo quotidiano, anseios de costureiras dos dois sexos, vós cujo tipo é o plebeu Annunzio, aristocrata de tanga de ouro!
Passai vós, que sois autores de correntes artísticas, verso da medalha da impotência de criar!
Passai, frouxos que tendes a necessidade de serdes os istas de qualquer ismo!
Passai, radicais do Pouco, incultos do Avanço, que tendes a ignorância por coluna da audácia, que tendes a impotência por esteio das neo-teorias!
Passai, gigantes de formigueiro, ébrios da vossa personalidade de filhos de burguês, com a mania da grande-vida roubada na dispensa paterna e a hereditariedade indesentranhada dos nervos!
Passai, mistos; passai, débeis que só cantais a debilidade; passai, ultra-débeis que cantais só a força, burgueses pasmados ante o atleta de feira que quereis criar na vossa indecisão febril !
Passai, esterco epileptóide sem grandezas, histerialixo dos espectáculos,
senilidade social do conceito individual de juventude!
Passai, bolor do Novo, mercadoria em mau estado desde o cérebro de origem!
Passai à esquerda do meu Desdém virado à direita, criadores de «sistemas filosóficos», Boutroux, Bergsons, Euckens, hospitais para religiosos incuráveis, pragmatistas do jornalismo metafísico, lazzaroni da construção meditada!
Passai e não volteis, burgueses da Europa-Total, párias da ambição do parecer-grandes,
provincianos de Paris!
Passai, decigramas da Ambição, grandes só numa época que conta a grandeza por centimiligramas!
Passai, provisórios, quotidianos, artistas e políticos estilo lightning-lunch,
servos empoleirados da Hora, trintanários da Ocasião!
Passai, «finas sensibilidades» pela falta de espinha dorsal;
passai, construtores de café e conferência, monte de tijolos com pretensões a casa!
Passai, cerebrais dos arrabaldes, intensos de esquina-de-rua!
Inútil luxo, passai, vã grandeza ao alcance de todos,
megalomonia triunfante do aldeão de Europa-aldeia!
Vós que confundis o humano com o popular, e o aristocrático com o fidalgo! Vós que confundis tudo, que, quando não pensais nada, dizeis sempre outra coisa!
Chocalhos, incompletos, maravalhas, passai!
Passai, pretendentes a reis parciais, lords de serradura, senhores feudais do Castelo de Papelão!
Passai, romantismo póstumo dos liberalões de toda a parte, classicismo em álcool dos fetos de Racine, dinamismo dos Whitmans de degrau de porta, dos pedintes da inspiração forçada,
cabeças ocas que fazem barulho porque vão bater com elas nas paredes!
Passai, cultores do hipnotismo em casa, dominadores da vizinha do lado,
caserneiros da Disciplina que não custa nem cria !
Passai, tradicionalistas auto-convencidos, anarquistas deveras sinceros, socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar!
Rotineiros da revolução, passai!
Passai eugenistas, organizadores de uma vida de lata, prussianos da biologia aplicada,
neo-mendelianos da incompreensão sociológica!
Passai, vegeterianos, teetotalers, calvinistas dos outros, kill-joys do imperialismo de sobejo!
Passai, amanuenses do «vivre sa vie» de botequim extremamente de esquina,
ibsenóides Bernstein-Bataille do homem forte de sala de palco!
Tango de pretos, fosses tu ao menos minuete!
Passai, absolutamente, passai!
Vem tu finalmente ao meu Asco, roça-se tu finalmente contra as solas do meu Desdém, grand finale dos parvos, conflagração-escárneo, fogo em pequeno monte de estrume,
síntese dinâmica do estatismo ingénito da Época!
Roça-te tu e rojate, impotência a fazer barulho!
Roça-te, canhões declamando a incapacidade de mais ambição que balas,
de mais inteligência que bombas!
Que esta é a equação-lama da infâmia do cosmopolitismo de tiros:
JONNART
BÉLGICA
VON BISSING
GRÉCIA
Proclamem bem alto que ninguém combate pela liberdade ou pelo Direito!
Todos combatem por medo dos outros !
Não tem mais metros que estes milímetros a estatura das suas direcções!
Lixo guerreiro-palavroso! Esterco Joffre-Hindenburguesco!
Sentina europeia de Os Mesmos em excisão balofa!
Quem acredita neles?
Quem acredita nos outros?
Façam a barba aos poilus!
Descasquetem o rebanho inteiro!
Mandem isso tudo pra casa descascar batatas simbólicas!
Lavem essa celha de mixórdia inconsciente!
Atrelem uma locomotiva a essa guerra!
Ponham uma coleira a isso e vão exibi-lo para a Austrália!
Homens, nações, intuitos, está tudo nulo!
Falência de tudo por causa de todos! Falência de todos por causa de tudo!
De um modo completo, de um modo total, de um modo integral:
MERDA!
A Europa tem sede de que se crie, tem fome de Futuro !
A Europa quer grandes Poetas, quer grandes Estadistas, quer grandes Generais !
Quer o Político que construa conscientemente os destinos inconscientes do seu povo !
Quer o Poeta que busque a Imortalidade ardentemente, e não se importe com a fama, que é para as actrizes e para os produtos farmacêuticos!
Quer o General que combata pelo Triunfo Construtivo, não pela vitória em que apenas se derrotam os outros!
A Europa quer muito destes Políticos, muitos destes Poetas, muitos destes Generais!
A Europa quer a Grande Ideia que esteja por dentro destes Homens Fortes — a ideia que seja o Nome da sua riqueza anónima!
A Europa quer a Inteligência Nova que seja a Forma da sua Mateira caótica!
Quer a Vontade Nova que faça um Edifício com as pedras-ao-acaso do que é hoje a Vida!
Quer a sensibilidade Nova que reúna de dentro os egoísmos dos lacaios da Hora!
A Europa quer Donos! O Mundo quer a Europa!
A Europa está farta de não existir ainda ! Está farta de ser apenas o arrabalde de si-própria !
A Era das Máquinas procura, tacteando, a vinda da Grande Humanidade!
A Europa anseia, ao menos, por Teóricos de O-que-será, por Cantores-Videntes do seu Futuro!
Dai Homeros À Era das Máquinas, ó Destinos científicos!
Dai Miltons à época das Coisas Eléctricas, ó Deuses interiores à Matéria!
Dai-nos Possuidores de si-próprios, Fortes Completos, Harmónicos Subtis!
A Europa quer passar de designação geográfica a pessoa civilizada !
O que aí está a apodrecer a Vida, quando muito é estrume para o Futuro!
O que aí está não pode durar, porque não é nada!
Eu, da Raça dos Navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da Raça dos Descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir um Novo Mundo!
Quem há na Europa que ao menos suspeite de que lado fica o Novo Mundo agora a descobrir?
Quem sabe estar em um Sagres qualquer?
Eu, ao menos, sou uma grande Ânsia, do tamanho exacto do Possível!
Eu, ao menos sou da estatura da Ambição Imperfeita,
mas da Ambição para Senhores, não para escravos!
Ergo-me ante, o sol que desce, e a sombra do meu Desprezo anoitece em vós!
Eu, ao menos, sou bastante para indicar o Caminho!
Vou indicar o caminho!
ATENÇÃO!
Proclamo, em primeiro lugar,
A Lei de Malthus da Sensibilidade
Os estímulos da sensibilidade aumentam em progressão geométrica;
a própria sensibilidade apenas em progressão aritmética.
Compreende-se a importância desta lei. A sensibilidade — tomada aqui no mais amplo dos seus sentidos possíveis — é a fonte de toda a criação civilizada. Mas essa criação só pode dar-se completamente quando essa sensibilidade esteja adaptada ao meio em que funciona; na proporção da adaptação da sensibilidade ao meio está a grandeza e a força da obra resultante.
Ora a sensibilidade, embora varie um pouco pela influência insistente do meio actual, é, nas suas linhas gerais, constante, e determinada no mesmo indivíduo desde a sua nascença, função do temperamento que a hereditariedade lhe infixou. A sensibilidade, portanto, progride por gerações.
As criações da civilização, que constituem o «meio» da sensibilidade, são a cultura, o progresso científico, a alteração nas condições políticas (dando à expressão um sentido completo); ora estes ó e sobretudo o progresso cultural e científico, uma vez começado — progridem não por obra de gerações, mas pela interacção e sobreposição da obra de indivíduos, e, embora lentamente a princípio, breve progridem ao ponto de tomarem proporções em que, de geração a geração, centenas de alterações se dão nestes novos estímulos da sensibilidade, ao passo que a sensibilidade deu; ao mesmo tempo, só um avanço, que é o de uma geração, porque o pai não transmite ao filho senão uma pequena parte das qualidades adquiridas.
Temos, pois, que a uma certa altura da civilização há de haver uma desadaptação da sensibilidade ao meio, que consiste dos seus estímulos — uma falência portanto.
Dá-se isso na nossa época, cuja incapacidade de criar grandes valores deriva dessa desadaptação.
A desadaptação não foi grande no primeiro período da nossa civilização, da Renascença ao século XVIII, em que os estímulos da sensibilidade eram sobretudo de ordem cultural, porque esses estímulos, por sua própria natureza, eram de progresso lento, e atingiam a princípio apenas as camadas superiores da sociedade.
Acentuou-se a desadaptação no segundo período, que parte da Revolução para o século XIX, e em que os estímulos são já sobretudo políticos, onde a progressão é facilmente maior e o alcance do estímulo muito mais vasto. Cresceu a desadaptação vertiginosamente no período desde meados do século XIX à nossa época, em que o estímulo, sendo as criações da ciência, produz já uma rapidez de desenvolvimento que deixa atrás os progressos da sensibilidade, e, nas aplicações práticas da ciência, atinge toda a sociedade.
Assim se chega à enorme desproporção entre o termo presente da progressão geométrica dos estímulos da sensibilidade e o termo correspondente da progressão aritmética da própria sensibilidade.
Daí a desadaptação, a incapacidade criativa da nossa época.
Temos, portanto, um dilema: ou morte da civilização, ou adaptação artificial, visto que a natural, a instinctiva faliu.
Para que a civilização não morra, proclamo, portanto em segundo lugar,
A Necessidade da Adaptação Artificial
O que é a adaptação artificial?
É um acto de cirurgia sociológica.
É a transformação violenta da sensibilidade de modo a tornar-se apta a acompanhar pelo menos
por algum tempo, a progressão dos seus estímulos.
A sensibilidade chegou a um estado mórbido, porque se desadaptou.
Não há que pensar em curá-la. Não há curas sociais.
Há que pensar em operá-la para que ela possa continuar a viver. Isto é, temos que substituir a morbidez natural da desadaptação pela sanidade artificial feita pela intervenção cirúrgica, embora envolva uma mutilação.
O que é que é preciso eliminar do psiquismo contemporâneo?
Evidentemente que é aquilo que seja a aquisição fixa mais recente no espírito — isto é, aquela aquisição geral do espírito humano civilizado que seja anterior ao estabelecimento da nossa civilização, mas recentemente anterior; e isto por três razões:
(a) porque, por ser a mais recente das fixações psíquicas, é a menos difícil de eliminar;
(b) porque, visto que cada civilização se forma por uma reacção contra a anterior, são os princípios da anterior que são os mais antagónicos à actual e que mais impedem a sua adaptação às condições especiais que durante esta apareçam;
(c) porque, sendo a aquisição fixa mais recente, a sua eliminação não ferirá tão fundo a sensibilidade geral como o faria a eliminação, ou a pretensão de eliminar, qualquer fundo depósito psíquico.
Qual é a ultima aquisição fixa do espírito humano geral?
Deve ser composta de dogmas do cristianismo, porque a Idade Média, vigência plena daquele sistema religioso, precede imediatamente e duradouramente, a eclosão da nossa civilização, e os princípios cristãos são contraditados pelos firmes ensinamentos da ciência moderna.
A adaptação artificial será portanto espontanente feita desde que se faça uma eliminação das aquisições fixas do espírito humano, que derivam da sua mergência no cristianismo.
Proclamo, por isso, em terceiro lugar,
A intervenção cirúrgica anti-cristã
Resolve-se ela, como é de ver, na eliminação dos três preconceitos, dogmas, ou atitudes, que o cristianismo fez que se infiltrassem na própria substância da psique humana.
Explicação concreta:
1. — Abolição do dogma da personalidade — isto é, de que temos uma Personalidade «separada» das dos outros. É uma ficção teológica. A personalidade de cada um de nós é composta (como o sabe a psicologia moderna, sobretudo desde a maior atenção dada à sociologia) do cruzamento social com as «personalidades» dos outros, da imersão em correntes e direcções sociais e da fixação de vincos hereditários, oriundos, em grande parte, de fenómenos de ordem colectiva. Isto é, no presente, no futuro, e no passado, somos parte dos outros, e eles parte de nós. Para o auto-sentimento cristão, o homem mais perfeito é o que com mais verdade possa dizer «eu sou eu»; para a ciência, o homem mais perfeito é o que com mais justiça possa dizer «eu sou todos os outros».
Devemos pois operar a alma, de modo a abri-la à consciência da sua interpenetração com as almas alheias obtendo assim uma aproximação concretizada do Homem-Completo, do Homem-Síntese da Humanidade.
Resultados desta operação:
(a) Em política: Abolição total do conceito de democracia, conforme a Revolução Francesa, pelo qual dois homens correm mais que um homem só, o que é falso, porque um homem que vale por dois é que corre mais que um homem só! Um mais um não são mais do que um, enquanto um e um não formam aquele Um a que se chama Dois. — Substituição, portanto, à Democracia, da Ditadura do Completo, do Homem que seja, em si-próprio, o maior número de Outros; que seja, portanto, A Maioria. Encontra-se assim o Grande Sentido da Democracia, contrário em absoluto ao da actual, que, aliás, nunca existiu.
(b) Em arte: Abolição total do conceito de que cada indivíduo tem o direito ou o dever de exprimir o que sente. Só tem o direito ou o dever de exprimir o que sente, em arte, o indivíduo que sente por vários. Não confundir com «a expressão da Época», que é buscada pelos indivíduos que nem sabem
sentir por si-próprios. O que é preciso é o artista que sinta por um certo número de Outros, todos diferentes uns dos outros, uns do passado, outros do presente, outros do futuro. O artista cuja arte seja uma Síntese-Soma, e não uma Síntese-Subtracção dos outros de si, como a arte dos actuais.
(c) Em filosofia: Abolição do conceito de verdade absoluta. Criação da Super-Filosofia. O filósofo passará a ser o interpretador de subjectividades entrecruzadas, sendo o maior filósofo o que maior número de filosofias espontâneas alheias concentrar. Como tudo é subjectivo, cada opinião é verdadeira para cada homem: a maior verdade será a soma-síntese-interior do maior número destas opiniões verdadeiras que se contradizem umas às outras.
2. — Abolição do preconceito da individualidade. — É outra ficção teológica — a de que a alma de cada um é una e indivisível. A ciência ensina, ao contrário, que cada um de nós é um agrupamento de psiquismos subsidiários, uma síntese malfeita de almas celulares. Para o auto-sentimento cristão, o homem mais perfeito é o mais coerente consigo próprio; para o homem de ciência, o mais perfeito é o mais incoerente consigo próprio,
Resultados:
(a) Em política: A abolição de toda a convicção que dure mais que um estado de espírito, o desaparecimento total de toda a fixidez de opiniões e de modos-de-ver; desaparecimento portanto de todas as instituições que se apoiem no facto de qualquer «opinião pública» poder durar mais de meia-hora. A solução de um problema num dado momento histórico será feita pela coordenação ditatorial (vide parágrafo anterior) dos impulsos do momento dos componentes humanos desse problema, que é uma coisa puramente subjectiva, é claro. Abolição total do passado e do futuro como elementos com que se conte, ou em que se pense, nas soluções políticas. Quebra inteira de todas as continuidades.
(b) Em arte: Abolição do dogma da individualidade artística. O maior artista será o que menos se definir, e o que escrever em mais géneros com mais contradições e dissemelhanças. Nenhum artista deverá ter só uma personalidade. Deverá ter várias, organizando cada uma por reunião concretizada de estados de alma semelhantes, dissipando assim a ficção grosseira de que é uno e indivisível.
(c) Em filosofia: Abolição total da Verdade como conceito filosófico, mesmo relativo ou subjectivo. Redução da filosofia à arte de ter teorias interessantes sobre o «Universo». O maior filósofo aquele artista do pensamento, ou antes da «arte abstracta» (nome futuro da filosofia) que mais teorias coordenadas, não relacionadas entre si, tiver sobre a «Existência».
3. — Abolição do dogma do objectivismo pessoal. — A objectividade é uma média grosseira entre as subjectividades parciais. Se uma sociedade for composta, por ex., de cinco homens, a, b, c, d, e e, a «verdade» ou «objectividade» para essa sociedade será representada por
a+b+c+d+e
5
No futuro cada indivíduo deve tender para realizar em si esta média. Tendência, portanto de cada indivíduo, ou, pelo menos, de cada indivíduo superior, a ser uma harmonia entre as subjectividades alheias (das quais a própria faz parte), para assim se aproximar o mais possível daquela Verdade-Infinito, para a qual idealmente tende a série numérica das verdades parciais.
Resultado:
(a) Em política: O domínio apenas do indivíduo ou dos indivíduos que sejam os mais hábeis Realizadores de Médias, desaparecendo por completo o conceito de que a qualquer indivíduo é lícito ter opiniões sobre política (como sobre qualquer outra coisa), pois que só pode ter opiniões o que for Média.
(b) Em arte: Abolição do conceito de Expressão, sustituído pelo de Entre-Expressão. Só o que tiver a consciência plena de estar exprimindo as opiniões de pessoa nenhuma (o que for Média portanto) pode ter alcance.
(c) Em filosofia: Substituição do conceito de Filosofia pelo de Ciência, visto a Ciência ser a Média concreta entre as opiniões filosóficas, verificando-se ser média pelo seu «carácter objectivo», isto é, pela sua adaptação ao «universo exterior» que é a Média das subjectividades. Desaparecimento portanto da Filosofia em proveito da Ciência.
Resultados finais, sintéticos:
(a) Em política: Monarquia Científica, antitradicionalista e anti-hereditária, absolutamente espontânea pelo aparecimento sempre imprevisto do Rei-Média. Relegação do Povo ao seu papel cientificamente natural de mero fixador dos impulsos de momento.
(b) Em arte: Substituição da expressão de uma época por trinta ou quarenta poetas, pela sua expressão por (por ex.), dois poetas cada um com quinze ou vinte personalidades, cada uma das quais seja uma Média entre correntes sociais do momento.
(c) Em filosofia: Integração da filosofia na arte e na ciência; desaparecimento, portanto, da filosofia como metafísica-ciência. Desaparecimento de todas as formas do sentimento religioso (desde o cristianismo ao humanitarismo revolucion´srio) por não representarem uma Média.
Mas qual o Método, o feitio da operação colectiva que há de organizar, nos homens do futuro, esses resultados? Qual o Método operatório inicial?
O Método sabe-o só a geração por quem grito por quem o cio da Europa se roça contra as paredes ! Se eu soubesse o Método, seria eu-próprio toda essa geração!
Mas eu só vejo o Caminho; não sei onde ele vai ter.
Em todo o caso proclamo a necessidade da vinda da Humanidade dos Engenheiros!
Faço mais: garanto absolutamente a vinda da Humanidade dos Engenheiros!
Proclamo, para um futuro próximo, a criação científica dos Super-homens!
Proclamo a vinda de uma Humanidade matemática e perfeita!
Proclamo a sua Vinda em altos gritos!
Proclamo a sua Obra em altos gritos!
Proclamo‑A, sem mais nada, em altos gritos!
E proclamo também: Primeiro:
O Super-homem será, não o mais forte, mas o mais completo!
E proclamo também: Segundo:
O Super-homem será, não o mais duro, mas o mais complexo!
E proclamo também: Terceiro:
O Super-homem será, não o mais livre, mas o mais harmónico!
Proclamo isto bem alto e bem no auge, na barra do Tejo, de costas para a Europa, braços erguidos, fitando o Atlântico e saudando abstractamente o Infinito.
Portugal Futurista, nº 1 (único) Lisboa
Álvaro de Campos
1917
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Lua cheia do eixo Touro-Escorpião
Hoje, 27/10,
acontece a Lua cheia do eixo Touro-Escorpião.
O aprendizado principal desta Lua cheia é
criarmos segurança interna (Touro)
através da confrontação de nossas sombras (Escorpião).
Os períodos de Lua Cheia são poderosos porque evidenciam a dualidade da existência neste planeta, constituído por energias opostas.
Essas energias igualmente importantes e indispensáveis, como vida/morte, alegria/tristeza etc.
A chave é reconhecermos e equilibrarmos o valor de ambas, ao invés de reprimirmos ou projectarmos no outro, o lado em que nos sentimos menos confortáveis.
Vivemos o ápice de muitas situações.
Durante a Lua cheia, nossas sombras são brevemente iluminadas pela consciência solar, tanto individual como colectivamente. Portanto, todos nós podemos ter um vislumbre da sombra coletiva relacionada ao signo em que a Lua Cheia está, bem como a nossa própria sombra pessoal. Uma oportunidade valiosa para nos envolvermos de forma consciente com o que está a emergir, sentirmos as emoções reprimidas para compreendê-las, integrando-as em nosso autoconhecimento.
Ao fazer o trabalho para descobrirmos o que nos levou a reprimir nossos sentimentos, podemos libertar energias criativas e apaixonadas que estiveram bloqueadas. Isso nos permite ser quem realmente somos, sentirmos a espontaneidade e a alegria que vem de sermos nós mesmos e nos relacionarmos com os outros de uma forma amorosa.
LUA CHEIA EM TOURO
Esta Lua nos convida a mergulharmos no submundo do inconsciente (Escorpião), vencendo a resistência de nosso lado mais prático, acomodado e concreto (Touro). A segurança, o conforto, os valores que as energias de Touro buscam com tanto fervor, só podem ser verdadeiramente encontrados quando limpamos os complexos emocionais mais profundos.
Bom período para compreendermos as autossabotagens, as questões ligadas ao nosso merecimento. O Sol em Escorpião traz clareza, lua, para iluminarmos assuntos da vida onde buscamos segurança de forma ilusória, onde construímos castelos sobre sobre areia movediça.
Por exemplo:
Buscamos segurança nas posses, nas realizações do ego, tais como dinheiro, propriedade status?
Estamos conectados com a natureza?
Estamos nos sentindo seguros e conectados com nosso corpo?
O quanto conseguimos nutrir e desfrutar de nosso próprio corpo?
Vivemos o amor de forma livre ou possessiva?
O que devemos manter, dar continuidade, valorizar?
O que devemos soltar, desapegar, mudar, transformar?
A tendência é nos acomodarmos, ignorar o chamado, ficarmos no que já é familiar, suprimir e reprimir as emoções ao invés de enfrentá-las, até que a próxima Lua Cheia chega ou trânsitos astrológicos importantes batem na nossa porta.
No entanto, a natureza procura totalidade e equilíbrio em todos os momentos. Assim, as sombras vão continuar a nos lembrar de sua existência, aparecendo em nossa vida diária, chamando nossa atenção através de projecções, vícios, comportamentos compulsivos, depressão, ansiedade, problemas de saúde etc. E não vão embora por conta própria!
O aspecto que a Lua Cheia faz a Saturno em Sagitário nos cutuca para procurarmos a verdade, inspira uma sensação de desconforto, como uma pedra no sapato. A harmonia que Sol e Lua fazem a Neptuno em Peixes ajuda a dissolver as possíveis defesas do ego que nos bloqueiam, nos impedem de acessar as emoções. Essa harmonia nos lembra que somos movidos pelo AMOR UNIVERSAL, a cura vem através da compaixão por nós mesmos e pelos outros, pois estamos todos interligados. Ao reconhecer nossas próprias emoções mais profundas de compaixão, permitimos que os outros também o façam.
VÉNUS, MARTE, JÚPITER
Enquanto isso, vivemos um stellium em Virgem: Vênus, Marte e Júpiter seguem juntos e confrontam Quíron que está em Peixes. Também formam um aspecto de 150° (quincúncio) com Urano em Carneiro e trígono com Plutão em Capricórnio. Podemos cultivar ideias e atitudes transformadoras, este é um céu poderoso! Compreendermos melhor nossas vulnerabilidades, questões do ego, nossa ilusória sensação de desconexão com o outro.
Podemos buscar novas maneiras de curar questões ligadas à nossa autoestima, descobrir mais sobre nós mesmos. Assim poderemos cultivar um sentimento maior de conexão com os outros, com o mundo e com os reinos além. Fiquemos atentos aos insights do período!
Mercúrio já se afasta da oposição a Urano, nosso pensamentos andaram turbulentos, com pouco descanso. Novas formas de nos integrarmos, de criarmos justiça e equilíbrio são de suma importância neste momento. Formas velhas e rígidas de pensar se tornam ainda mais intoleráveis e insustentáveis.
Nosso crescimento depende de deixarmos de ser vítimas impotentes para fazermos o trabalho, o serviço que nossa alma se propôs antes de encarnarmos, de uma forma cada mais eficiente e eficaz. Nossa tarefa é sermos auto-suficientes, sem deixar de reconhecermos a nossa interdependência uns com os outros e com o planeta. Somos todos um. Portanto, quanto mais investirmos em nosso crescimento como indivíduos, maior será nossa contribuição para com o resto da humanidade.
Questões em pauta:
Quais são meus sentimentos agora?
Quais têm sido os meus sentimentos predominantes ao longo dos últimos dias?
Permito-me sentir plenamente e de forma confortável estes sentimentos?
Quem sou eu realmente além do meu trabalho, minha educação, minhas finanças, minhas habilidades, minha posição no mundo, minha casa, minha família, minha raça, minha sexualidade, minha cultura ...?
Quem sou eu quando eu não estou fazendo nada?
Como busco segurança e realização?
Como eu me sinto em meu corpo?
O que pode ajudar a conectar-me com a terra, a viver seguro seguro em mim e neste planeta?
Temos um bom período para caminhadas e passeios junto à natureza, alimentação saudável, massagens, abraços, afecto, contacto com amigos que nos permitem sentir os nossos sentimentos sem suprimi-los, terapias, estudos e leituras que podem alimentar a alma e nos trazer apoio neste momento.
Está mais fácil cultivar coragem para crescermos e nos tornarmos quem realmente somos!!
Marcelo Dalla
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