quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Sereia...o nosso subconsciente



A sereia personifica um estágio de consciência ainda parcialmente envolvido pelo sempre ilusório oceano móvel do inconsciente colectivo, mas já semiformulado pela mente consciente. Todo o pensador ou artista criativo conhece muito bem a mistura peculiar de exaltação e ansiedade que caracteriza um estágio desta espécie.
Irá o sentimento intuitivo desaparecer, reabsorvido pelo inconsciente, ou a percepção inexprimível adquirirá a forma exprimível de um conceito ou de um motivo definido numa forma artística?

O FOGO DO DESEJO POR UMA FORMA ESTÁVEL E CONCRETA QUEIMA NA RAIZ DE TODAS AS TÉCNICAS DE AUTO-EXPRESSÃO.

Um arquétipo inconsciente de energia está prestes a alcançar a consciência por intermédio do criador, da mesma maneira como o Amor cósmico busca uma expressão tangível por intermédio de amantes humanos. Todo o universo pré-humano dirige-se ansiosamente para o estágio humano da consciência firme e clara. Essa forte premência evolutiva, esse “élan vital”, é o elemento implícito neste símbolo da sereia em busca da encarnação humana – o ANSEIO PELA FORMA E PELA SOLIDEZ CONSCIENTES.

Ao mesmo tempo em que a realidade pode estar parecendo um tanto mais dura, em que muitas ilusões nossas a respeito das pessoas e mesmo de valores pessoais caem ou ficam seriamente abaladas, algo emerge deste imenso oceano subconsciente para o plano individual e concreto, produzindo um impacto realmente transformador, a faísca que pode tanto concretizar aquilo que desejamos quanto accionar a desestabilização necessária para que novas energias se agreguem à nossa vida.

A sereia é um ser das profundezas das águas de nosso subconsciente, das armadilhas que construímos para nós mesmos quando não assumimos e acolhemos nossas mais sombrias emoções, ou quando algo ficou enterrado no passado e precisa ser desenterrado e exumado, para que nossa vida siga adiante. E quando uma sereia quer assumir a forma humana, significa que algo pode tomar forma concreta, mas precisamos estar receptivos para o que quer que emerja, ainda que não seja no formato esperado ou desejado, possui algum simbolismo precioso e libertador, desde que haja coração aberto para recebê-lo.

Dane Rudhyar

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