O sofrimento de que tantos ainda se queixam,
vem apenas da resistência a aceitar e processar a dor.
Ainda não vemos a dor como alquímica, como purificadora, como proposta de transformação de uma velha parte de nós que temos que permanentemente deixar ir em paz para que novas se apresentem. Caso contrário será apenas mais do velho mascarado de novo.
Resistir a este processo de aceitação da dor é então o que a prolonga tal como aceitá-la é o que a liberta.
Mas por mais simples que seja ou sentido que faça, infelizmente não foi isto que nos ensinaram...
O que nos foi passado tanto verbalmente como por exemplos é que, a dor é algo a negar, a fingir que não existe e a evitar a todo o custo compensando essas ilusões investindo em “vidas e máscaras perfeitas”. Temos provas disso diárias, principalmente em pessoas ainda muito identificadas com a sua agenda social onde manter a imagem perfeita é claramente mais importante do que serem transparentes e fieis a si próprias, tanto do seu pior como do seu melhor.
Por causa desta educação, muitos carregam ainda inconscientes mas pesadas bagagens de emoções reprimidas e de experiências densas penduradas no tempo à espera de validação, libertação e de um final feliz. Com final feliz quero apenas dizer a aceitação e a pacificação interna dessas mesmas emoções e experiências pessoais não necessitando assim da interacção com ninguém.
É uma ilusão tremenda
vermos o passado como algo distante ou esquecido
sem percebermos que NÓS,
no aqui e agora,
somos o conjunto de todas as experiências vividas.
E que se houve dor “lá” ela está “aqui”.
Vivemos então numa energia densa que embora negada mantêm-se real e que tem o poder de nos impedir a nossa evolução tal como bolas de ferro presas aos nossos pés impedem o nosso livre movimento. E pior do que as bolas que conhecemos bem das experiências da vida presente, é não termos noção nenhuma das bolas com que já nascemos, e que tal como as outras aguardam libertação.
O tempo trará o desgaste e a frustração de sentirmos que por mais que o tempo e as pessoas mudem, “algo” nos mantêm nas mesmas velhas histórias, aquém do nosso potencial, em filmes e dramas em tudo idênticos aos que já passámos. O tempo mostrará que os esforços apenas ‘sociais’ ou exteriores que fazemos por evoluir caem por terra, que o sucesso material não consegue tapar o vazio emocional pois insistimos em contornar e negar o imenso elefante branco na nossa vida chamado “dor”.
O Novo Paradigma propõe então, ou melhor dito, obriga-nos a incluir precisamente todo esse lado negado e em vez de fugir do elefante branco, convida-nos a torná-lo o nosso melhor amigo.
Mais cedo ou mais tarde teremos que reconhecer essas bolas de ferro pois só assim conseguiremos libertarmo-nos do seu peso. Seja por escolha consciente seja empurrados à força, a vida irá sempre conspirar para o nosso equilíbrio mesmo que assim não pareça e colocar-nos de frente com o que precisamos enfrentar para evoluir.
Um dia, num determinado momento cósmico, quando finalmente estivermos preparados, aceitamos esse convite...
Nesse momento algo de mágico e maravilhoso acontece:
Segundo, finalmente percebemos que são precisamente essas dores que nos devolveram a tão essencial sabedoria, que foram elas que nos trouxeram mais perto de quem somos hoje, mais perto do centro de equilíbrio.
Terceiro, o mais maravilhoso dos passos, um novo mundo se abre que até ali estava simplesmente inacessível, o mesmo que nos irá mostrar o propósito da nossa existência e fazer sentir a bênção de viver reconectado com a Fonte.
Muitos são os que ainda vêm o trabalho com o passado como uma perda de tempo, como desperdício de energia defendendo que para trás anda o caranguejo e que o caminho é para a frente. Investem então apenas em programas de controle da mente e afirmações positivas e em planos de sucesso acreditando que esse é o caminho para a abundância.
No entanto o simples fenómeno de “positve thinking” explicado em “O Segredo” não fez milhões de milionários com os seus milhões de vendas, certo?
A abundância está acessível a todos, apenas temos que nos sintonizar com ela.
Melhor dito, o balão sobe sozinho, o nosso papel é soltar as cordas.
E como se faz isso, perguntas tu?
São quatro os movimentos que precisamos fazer,
para aceder a essa maravilhosa abundância
que a vida tem para nós:
1. Pacificarmo-nos com quem nos vem recordar o nosso passado, aceitando o que os espelhos nos vão mostrando.
2. Trabalhar a valorização pessoal e o merecimento. Reconhecer, identificar e transformar o que quer que dentro de nós, nos impeça de olhar para o espelho e sentir que somos maravilhosos e que merecemos todo o amor e abundância do mundo.
3. Plantar as sementes do que sentimos ser a nossa abundância. Reaprender a dar valor às nossas intuições, aos nossos anseios e aos nosso sonhos, pois é algures num deles que se esconde a nossa missão.
4. Confiar que o investimento de amor próprio que fazemos interiormente, irá ser materializado exteriormente em forma de bens, energias, dinheiro e relacionamentos.
Muitos são ainda os que buscam a abundância pela via da carência.
Vivem com medo de perderem o que têm, sempre com a sensação de o que quer que conquistem, nunca chega para se sentirem seguros.
Logo todo o movimento de busca é feito pela carência e pelo medo usando apenas o mundo material para atingir a abundância, controlando e manipulando tudo e todos para a conseguir e depois , se for o caso, para a manter.
A aprendizagem da Nova Era ensina e relembra-nos que o Universo é um espaço abundante e que há mais do que suficiente para todos. A fórmula mágica para que ela chegue a nós sem luta ou esforço é pela via do amor, da fé e do merecimento. É um movimento de amor de dentro para fora. É agir a partir da abundância interior e não a partir da carência.
Não há maneira de cortar etapas ou sequer de alterar a sua ordem para aceder à verdadeira abundância.
Se vamos só pela exterior, morremos de solidão.
Se vamos apenas pela interior, morremos de fome.
Termino então onde iniciei.
Todas as dores que atraímos para a nossa vida são então como um antibiótico cósmico, que vem purificar as nossas resistências e tudo o que nos impede de amar.
O nosso trabalho, aceitá-la.
Estarmos disponíveis para ela.
Respeitar a proposta de transformação que ela esconde.
Como diz a frase:
É no fundo do poço que está a cama elástica.
Vera Luz
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