Hiero Gamus,
vem do grego,
e quer dizer Casamento Sagrado,
Relações Sexuais entre Divindades.
É um antigo ritual em que os participantes acreditavam que podiam ganhar uma profunda experiência espiritual, ou um intercâmbio de conhecimentos, através da relação sexual.
Esse ritual foi citado no livro "Código Da Vinci", escrito por Dan Brown, Cap 28.
Uma vez por ano, Sacerdotes e Sacerdotisas personificavam deuses e deusas, relacionavam-se sexualmente para garantir a fertilidade da Terra.
Os primeiros registos desse ritual vêm da Suméria.
Na Antiguidade, entre os estudiosos, sacerdotes e iniciados, o sexo era considerado algo sagrado e uma maneira de se reconectar com o EU divino que habita cada um de nós, como uma das formas mais bonitas de “Religare” e sempre esteve associado a muitas comemorações e rituais de fertilidade.
O reino do sexo mágico é o domínio e o poder do feminino, envolve todo um ritual de entrelaçamento das energias entre os chakras fortes masculinos e femininos durante o acto sexual entre dois iniciados. Durante esta relação, o casal canaliza e amplia suas energias através de seus chakras, desde o Muladhara na penetração, despertando a Kundalini (serpente sagrada), florescendo por entre os nadis dos amantes até o Sahashara, gerando um fluxo gigantesco das energias telúricas, e projectando-as para o universo, ou utilizando estas sobras de energia para a realização de determinados rituais.
Através do sexo sagrado, o corpo da mulher se torna um templo a ser venerado e o enlace entre o sacerdote (que assume o papel de um deus) e a sacerdotisa (que assume o papel de uma deusa) adquire uma conotação ritualística capaz de despertar grandes energias e até fazer com que eles cheguem à iluminação (e a orgasmos muito mais fortes!).
Suméria
Os rituais sexuais existem desde os primórdios da humanidade e estiveram presentes em todas as grandes culturas da humanidade. As primeiras referências a eles, e também a mais famosa, é o Hieros Gamos, ou “Casamento Sagrado”. Este ritual era realizado na Suméria, 5.500 anos atrás. Nele, a alta sacerdotisa assumia o papel do Avatar da grande deusa Inanna e fazia sexo com o rei ou imperador, que assumia o papel do deus Dumuzi, para mostrar sua aceitação pela deusa como governante justo daquela região.
Isto era feito diante da corte, pois naquele tempo não haviam tabus para se praticar sexo em público se fosse em numa cerimónia religiosa. O símbolo desta união era um chifre, também chamado de “cornucópia” (uma referência clara à vagina da Grande Deusa em sua abertura e o falo do grande deus em seu chifre), do qual brotavam frutas, verduras e toda a fartura dos campos. Era uma associação óbvia entre os rituais sexuais de fertilidade e as colheitas que se originavam das plantações energizadas por tais rituais. O símbolo da cornucópia foi eternizado na Mitologia grega, através dos ritos Dionísios com sua forte presença no Olimpo, e mantém-se até os dias de hoje como símbolo de fartura.
Egipto
Existiam primariamente três classes de sacerdotes iniciados:
O Culto ao Templo Solar, cujo templo principal ficava em Hélios, baseado nos misterios de Osíris de sua morte e ressurreição, da conspiração de Seth, da vingança de Hórus e seu triunfo. Este culto lidava essencialmente com energias MASCULINAS em seus rituais, baseados na força e simbolismo do sol, movimentando os aspectos de Yang (positivos, fortes, racionais, directos). Desta ordem surgiam os comandantes dos exércitos do Templo e, posteriormente, os Cavaleiros Templários e a Maçonaria, descendente directa dos templários. Esta é a razão pela qual apenas HOMENS são iniciados na maçonaria. Não se trata de um “clube do bolinha” ou de nenhum preconceito com as mulheres, como muitos detractores alegam, mas, essencialmente, os rituais maçónicos são de energia Yang e a presença de uma mulher no templo numa loja solar apenas atrapalharia toda a egrégora (existem organizações para-maçónicas como as Fraternidades Femininas e ordens como as Filhas de Jó para mulheres, mas a ritualística é outra, especialmente voltadas para as meninas e mulheres. Muito diferente do golpe da “maçonaria feminina” que Non Ecziste!).
OBS: quando as cerimónias são públicas, os rituais são, obviamente, diferentes…
Além desta Ordem, existia a Ordem dos Mistérios de Ísis, voltada apenas para MULHERES. Estas ordens lidam com a energia lunar, com o Yin, com a intuição, com a sedução, com as emoções subtis que pertencem ao campo do feminino. Da mesma forma, era proibida a presença de homens numa loja de Ísis. Ísis recebeu vários nomes em seus cultos: Islene, Ceres, Rhea, Venus, Vesta, Cybele, Niobe, Melissa, Nehalennia no norte; Isi com os hindus, Puzza entre os chineses e Ceridwen entre os antigos bretões.
O terceiro tipo de Ordem eram as Ordens de Ísis e Osíris, ou as ordens mistas. Estas eram ordens espirituais, preocupadas com o estudo das ciências e dos fenómenos naturais. Pode-se dizer que foram as primeiras ordens de cientistas do planeta, estudando ao mesmo tempo fenómenos físicos, matemáticos e espirituais. Destas ordens, Grandes iniciados como o faraó Tuthmosis III, Nefertitti, Akhenaton (ou Amenhotep IV) e Moshed (ou Moisés para os íntimos) estabeleceram as bases de praticamente todas as escolas iniciáticas que surgiram, inclusive todos os ramos das Ordens Rosacruzes.
Cada templo era formado por até 13 membros (do sexo masculino/solar, feminino/lunar ou misto, com qualquer número de homens e mulheres, dependendo da ordem). Quando haviam mais iniciações, estas lojas eram divididas em mais grupos contendo 5, 7 ou 11 estudiosos. Era comum que membros da Ordem do Sol ou da Lua participassem nestas ordens mistas, assim como até hoje é comum maçons ou wiccas participarem das ordens rosacrucianas.
Treze pessoas num grupo era considerado o ideal, pois constituía um CÍRCULO COMPLETO, cada um dos iniciados representando um dos signos do zodíaco, ao redor do Grande Sacerdote. Como veremos mais para a frente, isto será válido em outras culturas como a celta, romana, bretã e até africana.
Um quarto grupo era formado por sacerdotes especialmente escolhidos do Templo do Sol e do Templo da Lua, para as festividades das Cheias do Nilo, Morte e Ressurreição de Osíris, Início do ano e várias outras celebrações importantes.
Estas celebrações eram Hieros Gamos, onde um sumo-sacerdote coordenava (mas não participava!) do sexo ritualístico entre 6 casais (totalizando 13 pessoas). Estes casais eram geralmente (mas não obrigatoriamente) casados e assumiam suas posições no círculo formando o hexagrama, com o sacerdote ao centro. Estes rituais poderiam ser realizados num Templo ou em alguns casos, dentro de pirâmides, que estavam ajustadas para as frequências que eles desejavam ampliar para o restante da população (ou do planeta). Mais tarde, o mesmo princípio será usado nos festivais celtas, mas já chegaremos lá.
Em grandes festividades, outros iniciados participavam (fora do círculo principal, que era formado pelos casais mais poderosos), formando um segundo círculo externo ou grupos, dependendo do número de pessoas. Estas sacerdotisas assumiam a representação da deusa Meret, a deusa das danças e das festividades, e os sacerdotes assumiam a representação de Hapi, deus da fecundidade e das cheias do Nilo.
É importante ressaltar que nestes rituais cada sacerdote tinha relações sexuais apenas com a sua parceira.
Era comum o uso de máscaras (com cabeças de animais representando os aspectos relacionados ao ritual/deus que estava sendo realizado), o que mais tarde dará origem ao Baile de Máscaras (que secretamente abrigavam Hieros Gamos) e posteriormente ainda os Bailes de Carnaval.
Após as festividades, havia dança, celebrações e sexo não-ritualístico/hedonista.
Estas sacerdotisas eram chamadas de Meretrizes, nome que mais tarde foi deturpado pela Igreja Católica.
Do lado complementar das Meretrizes estavam as Virgens Vestais, que eram virgens que trabalhavam um tipo diferente de energia e eram consideradas as Protectoras do Fogo Sagrado. Elas existem desde o Egipto mas ficaram mesmo conhecidas no período grego e romano. Falarei sobre elas daqui a pouco.
Paralelamente aos ritos egípcios, existiam rituais sexuais ligeiramente diferentes na Índia, mas baseados nos mesmos princípios de união dos chakras para despertar a kundalini.
Tantra
A palavra tantra vem do védico e pode significar “teia” ou “libertação da escuridão” ou ainda “aquilo que amplia o conhecimento”. Eu não vou dar detalhes sobre a origem do Tantra, porque me estenderia por muitas páginas.
Basicamente, o tantra possui uma filosofia de amor. Amor ao semelhante, à natureza, à vida, ao sexo, ao despertar. O acto sexual mágico dentro do tantra é apenas UMA das manifestações desta filosofia maravilhosa (o tantra é uma maneira de se viver, que inclui vegetarianismo, cultivo ao corpo, mente e espírito, respeito pelas coisas vivas, paz, harmonia com o cósmico, à devoção ao feminino, ao estudo da poesia, música, etc.).
O grande problema disso para as “autoridades” é que um homem tântrico está mais preocupado em tratar bem sua(s) amante(s), apreciar um bom vinho ou fazer uma boa massagem numa amiga do que pegar em armas e ir até um país distante chacinar seus inimigos para que as autoridades adquiram mais poder… para isso, precisam de soldados cruéis, sem compaixão e sem sentimentos. Então, quando os Arianos conquistaram a Índia, lá por 2.000 AC, eles tornaram esta religião proibida (de onde veio o significado de “libertação da escuridão” pois o movimento acabou por cair na escuridão/clandestinidade).
O principal ritual de sexo tântrico é chamado de Maithuna. Neste ponto, existem 3 vertentes do Tantra: o Caminho da mão esquerda, que prega a realização destes rituais com estranhos, para atingir um máximo de erotização, voltado para o prazer e que deu origem a livros e textos como o Kama-Sutra, o Caminho da mão direita, que prega que o Maithuna deve ser feito apenas com a sua companheira, o que gera uma intimidade maior e uma energia muito maior no ritual e finalmente o Caminho do Meio que prega um meio termo: rituais sexuais para serem desenvolvidos com uma parceira, mas não excluindo a participação de amigas ou conhecidas no processo.
Durante o acto sexual, o homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti. O papel da mulher é sempre o de uma deusa a ser venerada e existe todo um ritual antes do sexo: ela depila todo o corpo (pode ser feito no dia anterior), prepara um banho com ervas e perfumes e se veste ritualisticamente, o homem prepara os incensos, música e o ambiente. Uma relação de Maithuna demora no mínimo 4 horas, mas há relatos de rituais que chegam a demorar 21 dias. O Maithuna é programado segundo o ciclo dos signos e as fases da lua (na lua cheia Shakti tem mais potência sexual e na lua crescente Shiva está mais viril. Na lua nova, ambos estão relativamente sexuais e na minguante a energia pode não estar muito propícia). A preocupação com os exercícios para desenvolver os chakras, a vestimentas (nada sintético ou que bloqueie os chakras), a alimentação (nem pense em fazer um Maithuna com um bicho morto no seu estômago!!!), a meditação e concentração, os incensos… TUDO é importante neste tipo de ritual.
Rituais Tântricos
Ao contrário da ritualística egípcia, que é extremamente rígida em relação a escolha dos parceiros, as festas tântricas eram basicamente hedonistas (voltadas para o desenvolvimento do ser humano através do prazer e felicidade), podendo haver troca de parceiros (caminhos central e da mão esquerda somente), mais de uma parceira/parceiro numa relação sexual, etc.
As palavras chaves nestas festas são o respeito entre todos os participantes e a consensualidade. Pode-se dizer que estes grupos mantiveram-se sempre de maneira secreta em praticamente todas as sociedades, até aos dias de hoje nas casas de swing (ou “troca de casais”, como a mídia adora colocar, dando a falsa impressão que as mulheres nestes locais nada mais são do que “moedas de troca” quando uma ideia melhor seria “compartilhar” – É… eu sou muito chato com os termos correctos, porque palavras têm poder). Hoje muito do conceito destas festas foi distorcido e estragado (com direito até a pessoas que contratam garotas de programa para montar casais falsos e participar das putarias), embora dentro deste universo existam ainda grupos que agem como verdadeiras Sociedades Secretas, com regras de conduta muito rígidas e mantém as ideias originais das FESTAS HEDONISTAS com o respeito e a seriedade que elas deveriam ter.
Grécia e Roma
O culto a Ísis e Osíris migrou do Antigo Egito para a Grécia, onde Toth tornou-se Hermes e os misterios de Osíris tornaram-se o culto a Dionísio (Dyonisus).
Antes de mais nada, quem era Dionísio? Nascido de Zeus e Perséfone, Dionísio atraiu a fúria de Hera, que enviou os titãs para mata-lo. Zeus o protegeu enviando raios e trovões para despedaçar os titãs, mas quando conseguiu derrota-los, sobrou apenas o coração de Dionísio. Zeus colocou seu coração no ventre de Semele, uma de suas sacerdotisas, que se tornou sua segunda mãe… portanto Dionísio era conhecido como o “nascido duas vezes”. Curioso não?
Novamente temos o culto a morte e ressurreição de Osíris na iniciação e os rituais que demonstravam claramente a vida após a morte. Interessante notar que Semele era uma sacerdotisa do culto a Zeus, e portanto uma virgem vestal. Vocês perceberão que ao longo da história, muitos iniciados nasceram de “virgens” (cujo termo possuía o significado real de “espiritualmente pura”). A título de curiosidade, Hórus, Rá, Zoroastro, Krishna, Platão, Apolônio, Pitágoras, Esculápio entre outros na Bíblia também nasceram de “virgens”.
Os cultos de Dionísio também eram conhecidos pelo nome de Culto ao Deus Baco (Bacchus) e suas sacerdotisas iniciadas nos cultos lunares eram conhecidas como Menades ou Bacantes. O poeta Homero escreveu que elas “iam para as montanhas e realizavam estranhos rituais”. O culto começou na Grécia mas a sua popularidade cresceu a ponto de se tornar conhecida em Roma a partir de 200 AC.
Registos famosos destes rituais de Bacchanalia foram escritos por uma sacerdotisa e poetisa chamada Sappho, cujo templo de Mytilene ficava na Ilha de Lesbos, por volta de 600 AC. Estes textos retrataram alguns dos rituais envolvendo sexo mágico entre as iniciadas e uma série de poemas narrando o amor entre mulheres. Da perseguição religiosa, surgiram as palavras Safada (no sentido depreciativo para a mulher) e Lésbica.
Os cultos solares eram mais populares em cidades como Esparta, cujos exércitos voltados para o aperfeiçoamento do corpo e da mente usavam os treinos físicos desenvolvidos pelos Guardiões do Templo, incluindo muitos ritos de iniciação (especialmente um dos mais importantes, que é mostrado no filme “300 de Esparta”, quando Leónidas precisa, quando jovem, enfrentar um período de tempo no deserto/montanha e matar um lobo com as próprias mãos, trazendo a sua pele para comprovar o feito de coragem). Mais tarde falaremos novamente sobre capas vermelhas nos celtas.
Nos cultos de Dionísio, o Hieros Gamos também assumia a forma de relações sexuais entre os deuses, para a realização de diversas comemorações ou rituais. Vamos ao chamado “panteão Olímpico”: Zeus, Hera, Poseidon, Afrodite, Ares, Atenas, Hermes, Hefesto, Apolo, Ártemis, Demeter e Hestia. Exactamente 6 homens e 6 mulheres. Completando com Dionísio como sumo-sacerdote, estava preparado o Círculo Completo para o Hieros Gamos (como curiosidade, cada deus estava relacionado a um signo do zodíaco). Também relacionando com as Linhas de Ley, o Monte Olimpo fica “coincidentemente” num destes cruzamentos energéticos do planeta.
As reuniões destes grupos recebiam o nome de Orgion (palavra em grego que significa “ritual secreto”) e eram presididas pelo Orgiophanta. Da latinização surgiu a palavra Orgia, e nem preciso dizer o que aconteceu com o significado desta palavra.
Em 180 AC, o senado editou o “Senatus consultum de Bacchanalibus” estabelecendo regras claras para a realização destas festividades e ritos. Desnecessário dizer que os cultos secretos continuaram, apenas caíram na clandestinidade dentro das Ordens Secretas. Os Hieros Gamos continuaram ocorrendo, com a latinização dos deuses envolvidos.
As principais festas aconteciam nos Solstícios e Equinócios, especialmente o Sol Invictus (quem assistiu aquele filme “de Olhos bem fechados” pode ver um ritual de Hieros Gamos moderno, ocorrendo justamente no Natal/Dies Natalis Solis Invicti… quer dizer, uma pequena parte dele).
O culto Solar ganhou muita força em Roma, através do culto a Mithra, o Deus-Sol, El Gabal, Sol Invictus . O exército romano usava todos os símbolos do Templo Solar, inclusive a famosa “saudação a Mithra”, que mais tarde foi usada pelos exércitos de Hitler, um dos maiores ocultistas do século XX, como a saudação tradicional nazista, e também usada por Francis Bellamy para a saudação à bandeira americana (que foi substituída em 1942).
As Vestais
Além dos cultos solar e lunar, existiam também as Vestais (sacerdos vestalis) que eram as sacerdotisas da deusa Vesta e encarregadas de manter aceso o Fogo Sagrado de Vesta. Este fogo era o santuário mais importante de cada cidade romana e deixar uma chama destas apagar era passível de pena de morte. Caso uma chama se apagasse, os sacerdotes precisavam acender uma tocha num templo vestal numa cidade próxima e trazer este fogo sagrado até ao altar.
Se você pensou em “tocha olímpica”, acertou… é a origem da tocha. Agora algo que você não sabia: A origem sagrada deste fogo remonta ao fogo que Prometeu roubou dos deuses e que lhe custou o castigo eterno.
Outra das coisas que provavelmente você não saiba é que Prometeu é citado pelo poeta Ascilus e Hesíodo como “o Portador da Luz”, cujo nome em grego é Phosporos. Talvez você não reconheça o nome dele em grego, mas em latim eu tenho certeza que você conhece: “Lúcifer – A Estrela da Manhã, o Portador da Luz”.
Surpresos? Bem… hoje vocês aprenderam que aquele grupo de desportistas que carregam aquelas tochas na olimpíada e toda aquela festa serve para manter viva a chama de Lúcifer.
Interessante, não?
As Vestais tinham de ser virgens, pois a energia e os chakras delas vibram e podem ser trabalhados de maneira diferente. Os ocultistas chamam isto de Chastitas, de onde vem a palavra castidade. Na rosacruz chamam estas meninas de columbas e elas são responsáveis por algumas das partes mais bonitas da ritualística.
A Chastitas não precisa envolver a falta de amor. Aliás ele desenvolve nas sacerdotisas/sacerdotes que escolhem este caminho a virtude do Ágape, ou amor pela humanidade. O iniciado Platão foi um dos que mais estudou este tipo de ritualística, de onde se originou o termo “amor platónico”.
Sócrates estudou este processo e desenvolveu o chamado Chastitas Pederastia, que é uma relação de amor casto entre um jovem e um adulto do mesmo sexo (normalmente um guerreiro mais velho e o aprendiz de soldado, especialmente nos exércitos gregos). Mas este “amor” a que ele estava se referindo não era o amor homoerótico (que incluía sexo), mas sim o amor fraternal de um Mestre de Guilda para com o Aprendiz. Para tentar traçar um paralelo, pode-se pensar na relação entre o Batman/Robin, o sr. Miagui/Daniel-san e jedi/padawan.
A Igreja deturpou a palavra “pederasta” como sinónimo pejorativo para homossexual. Disto seguem aquelas lendas absurdas que os soldados gregos eram gays. Também foi uma das acusações mentirosas que a Inquisição usou contra os Templários, já que esta tradição da pederastia se estendeu para o conceito de Cavaleiro/escudeiro ou Mestre/aprendiz.
A Castidade funciona através de uma alquimia diferente, transformando o que seria o desejo carnal e sexual numa energia espiritual através do desenvolvimento dos chakras superiores e do controle dos chakras inferiores. Exemplos deste tipo de iluminação incluem os monges budistas, monges shaolins, os padres da Igreja, algumas santas e outros eremitas da literatura religiosa e ocultista.
A Igreja Católica tentou copiar estes preceitos de monges nos padres, mas esqueceu-se de avisá-los que isso precisa ser treinado. O resultado disto são pessoas que “fazem votos de castidade” mas não sabem exatamente o que estão fazendo e não acreditam em chakras. E com isso ficam todos complexados e cheios de necessidades carnais, naturais de todos os homens.
Vou seguir com a narrativa por três pontos de vista diferentes:
o masculino, do Templo Solar, que regeu basicamente os exércitos e guerreiros,
o feminino, do Templo Lunar, que coordenava as sacerdotisas,
e as Fraternidades Mistas, que formavam a maioria dos grupos envolvidos
nas festividades pagãs do Hieros Gamos.
Prostitutas Sagradas
Voltando um pouco na nossa narrativa, ainda na Babilónia, o culto a Ishtar era famoso pelos templos dedicados a Inanna e Ishtar (ou Astarte), a grande deusa da Babilónia. Nestes templos, ficavam as mais sagradas das sacerdotisas, dedicadas à deusa do amor e da sexualidade.
O nome Prostituta vem de “Aquelas que se prostram (diante de Ishtar)” ou “Aquelas que se expõem”.
Nestes templos, as “Ishtartu” ou “Damas dos prazeres” tinham o domínio sobre sua sexualidade, oferecendo-se para estranhos em troca de donativos para o templo, em rituais de adoração a Ishtar. Mulheres que desejavam casar-se, para obter as bênçãos de fertilidade da deusa, precisavam passar um período de sete dias na porta do templo para obter dinheiro suficiente para a doação, no chamado “dote”. Este ritual pré-nupcial era chamado “Fornicatio”, de onde surgiu mais tarde a palavra “fornicação”, tão odiada pelos fundamentalistas. O local onde ocorriam estas negociações era chamado de “Fornix” (Câmaras Arqueadas – ver imagem acima – mais tarde “Fornix” se tornaria sinónimo de bordel). Durante este tempo, recebiam instruções das sacerdotisas nas artes de amar e de agradar aos homens.
Muitas famílias nobres enviavam as suas filhas para servirem como Harlots (o termo em inglês hoje em dia é utilizado com o sentido de prostituta, sem tradução para o português) por anos. A Harlot entrava num templo como uma Virgem Vestal e sacrificava sua virgindade ritualisticamente para o sacerdote que a iniciaria nos mistérios do Hieros Gamos. Esta primeira relação era muito importante pois o sacrifício de sangue para Ishtar marcava a iniciação destas sacerdotisas e era algo considerado muito sério e muito importante (até aos dias de hoje, dentro de algumas Ordens Invisíveis). O linho na qual ficavam as manchas de sangue era queimado e dedicado às deusas, consagrado numa grande festa de acolhimento.
Mais tarde, de uma maneira completamente deturpada pelos profanos, isto acabaria dando origem a dois costumes medievais: a “Prima Noche”, na qual o Senhor Feudal requisitava o direito de ter relações sexuais com qualquer mulher que se fosse casar e a exibição do lençol sujo de sangue como “prova” da virgindade da “mercadoria” com a qual o nobre havia se casado.
Outra curiosidade era que, se a rapariga não havia “dedicado” a sua virgindade à deusa Ishtar, e tivesse tido relações sexuais sem as devidas ritualísticas (ou seja, fora do templo de Innana/Ishtar), dizia-se que havia “perdido” sua virgindade e não podia se tornar uma prostituta sagrada. Seu dote, obviamente, era muito menor do que o das Harlots.
As Harlots eram tão procuradas que, após este período de dedicação ao templo, havia muitos pretendentes que se apresentavam para pagar o dote destas raparigas a fim de poder se casar com elas.
Curiosamente, apesar de todo o culto de sexo sagrado, Ishtar é reverenciada com o nome de “a virgem”, implicando com isso que seus poderes e sua criatividade não dependiam de nenhuma influência masculina. As mulheres detinham o poder e o controle. Para os gregos, era conhecida como Afrodite ou Vênus (para os romanos).
A partir do Código de Hamurabi, em aproximadamente 1750 AC, tudo isso mudou.
A mulher passou a necessitar da permissão de seu marido ou pai para tudo, o poder das sacerdotisas foi massacrado e Innana e Ishtar perderam muito do prestígio que possuíam, tornando-se divindades menores e, posteriormente, demónios da luxúria.
Muitos dos templos, para não serem fechados por ordem dos governantes, precisaram forjar casamentos falsos para que pudessem continuar a funcionar, mas as mulheres passaram a ter de obedecer a estes maridos, o que acabou dando origem aos primeiros “cafetões”. Em menos de 100 anos, os Templos de Prazer acabaram por se tornar em algo muito mais parecido com o que temos hoje, com o afastamento da ritualística e apenas a troca de moedas por sexo (geralmente para as mãos do homem que controlava estes grupos). A adopção de escravas para suprir as necessidades dos homens e a degradação do valor das mulheres acabou por lançar estes locais para a margem da sociedade, onde estão até os dias de hoje, infelizmente.
Enquanto isso, no mundo dos machos…
Conforme dizia, o Culto Solar era composto apenas por homens e girava em torno do uso da magia para expandir as habilidades de batalha, capacidade de raciocínio matemático, engenharia, construções utilizando a geometria sagrada, tácticas de combate e filosofia.
Na medida do possível, eles tentavam proteger as sacerdotisas, mas o próprio facto de não haverem mulheres nos exércitos e as Ordens serem quase totalitariamente militares tornava tudo muito complicado.
As Ordens lunares tornaram-se secretas, abrigadas entre os celtas e romanos e bem longe das garras judaico-cristãs. Já as solares haviam adquirido um poder sem precedentes.
Suas características ocultistas principais estavam no posicionamento e construção de obeliscos nas Linhas de Ley para marcar os principais locais de rituais e conectar outros monumentos nestas linhas invisíveis. Estes monumentos servem para ajudar a ajustar a Terra para permitir melhores colheitas, paz, harmonia e prosperidade nas regiões ao seu redor. Um Obelisco representa acima de tudo um Raio de Sol Petrificado (isso é bem óbvio, mas é uma coisa que as pessoas nunca param para pensar… ) que cai sobre a terra em um ponto específico.
Uma segunda característica era muito importante dentro dos cultos solares, que era a iniciação de seus principais guerreiros e líderes. Como eu havia dito, esta iniciação dos comandantes era feita enviando-o para algum lugar bastante inóspito armado apenas com uma adaga e esperava-se que ele não apenas sobrevivesse como trouxesse uma prova de suas capacidades de caçador.
Esta prova era a pele do animal (um lobo, urso ou veado). Nos celtas, bretões e druidas, o mais tradicional eram os gamos ou alces, que o iniciado precisava também remover os chifres e traze-los presos na sua cabeça. A capa vermelha do rei simboliza a pele coberta de sangue do animal. As capas dos soldados romanos, dos exércitos de Esparta e dos guerreiros celtas (além das bandeiras nazistas) simbolizavam este poder. Nos nórdicos, eles vestiam as peles de ursos (Bersekir, da onde se originou o termo Berserker para designar os guerreiros imbatíveis do norte que lutavam sob o efeito de poderosos rituais xamânicos).
Os chifres na cabeça representam o deus das florestas encarnando naquele sacerdote/guerreiro, o que seria de vital importância no Hieros Gamos, pois mostraria que aquele iniciado estava apto a incorporar o avatar de Cernunnos/Baco/Dionísio/Dummuz nos rituais.
Este hábito iniciático de usar os chifres na cabeça do principal sacerdote do Hieros Gamos é a origem da COROA (que nada mais é do que chifres simbolizados em metal nas pontas da coroa, somados às jóias da sabedoria divina). Estes chifres às vezes eram simbolizados por aquele “penacho” que vocês já devem ter visto nos legionários romanos, ou então pela coroa de louros dos gregos/imperadores.
Tropa de Elite, osso duro de roer…
Estas ordens solares (e consequentemente a maioria dos exércitos da Antiguidade) estavam organizadas da seguinte forma: Cada Centurião (também chamado Hekatontharchos em grego) comandava uma Centúria, que era formada por 100 soldados, organizados em 10 conturbernium, e comandada por um Decurion. Estas contubernia eram formadas por 8 combatentes (chamados de octeto) e mais 2 não combatentes (que cuidavam dos cavalos, comidas, armas e armaduras do octeto). Estes grupos eram tão unidos que acabavam sendo punidos ou recompensados como um todo. Caso algum dos membros de um contubernium cometesse algum acto de covardia ou traição, o grupo todo era escolhido para pagar. Neste caso, os dez soldados pegavam palitos de trigo e aquele que tirasse o menor palito era apedrejado pelos nove colegas. Desta prática, chamada Decimatio, surgiu o conceito do “puxar o palito menor” como sinónimo de má sorte, além da origem da palavra “dizimar” como matança.
Cada seis centúrias formavam uma Cohorte e o conjunto destas cohortes formava a Legião. O Grão Mestre destas ordens era chamado de Monos Archen (que significa em grego “Um comandante”). Monosarchen é a origem da palavra Monarca (Monarch em inglês).
Ok… mas o que esta história sobre exércitos romanos têm a ver com a Teoria da Conspiração? MUITO… Mas por enquanto, não vou contar o por quê. No momento, basta que vocês saibam que uma Cohorte nos tempos de Jesus era formada por 600 homens pesadamente armados.
Celtas, Druidas e a Bruxaria
Fora dos cultos altamente secretos das Bacantes ou dos soldados do Templo Solar, o culto à natureza continuava a todo vapor entre os celtas, druidas e bretões.
Os druidas traçam suas raízes em 300 AC. Os primeiros registos deles foram feitos pelo escriba grego Sotion de Alexandria no século II AC. Os pitagóricos os chamavam de Keltois (Aquele que domina o carvalho). Em latim eram chamados de druides (que tem a mesma origem da palavra Dríade, que significam as “ninfas da floresta” na mitologia grega, que nada mais eram que as sacerdotisas celtas que realizavam seus ritos nas florestas).
Do Egipto, os ritos migraram tanto para a Grécia quanto para as Ilhas. Da mesma maneira que os sábios gregos construíam panteões, templos e obeliscos utilizando-se da geometria sagrada, os bretões e celtas erguiam círculos de pedra com a mesma função.
Enquanto os gregos realizavam as Bacchanalias, os celtas e bretões realizavam os festivais de Solstícios e Equinócios, bem como as Festas de Beltane e Samhain, onde eram celebrados os Hieros Gamos.
Nos ritos sagrados, o aspecto masculino da divindade era representado primariamente por dois deuses: Cernunnos e o “Green Man” (Homem Verde). Cernunnos é o Deus Chifrudo das florestas, representando todas as forças viris da natureza. Seus chifres podiam ser tanto de carneiro (com toda a simbologia fálica) quanto de gamos (representando a iniciação dos sacerdotes dentro da tradição solar). De qualquer forma, era a personificação do poder masculino do universo. O Grande Deus. Era sempre representado vestindo peles de animais e muitas vezes com o casco de bode. Cernunnos possui as mesmas atribuições do deus Pan (grego) e do deus Pashupati (hindu). A título de curiosidade, o nome Pan vem do grego Paon, que significa “Pastor”… ah, a ironia…
Agora… deus chifrudo? com pés de bode? Aparecendo nos Sabbaths?… onde já ouvimos falar disto? Ah, claro! A Igreja Católica espalhou pelo mundo afora que esta era a imagem do diabo !!! do tinhoso !!! do inominável !!! do coisa-ruim !!! que todos deviam temer e fugir. Estes ataques virulentos continuam até os dias de hoje, não apenas pela Santa Igreja mas também por todas as suas descendentes evangélicas. Eles diziam (dizem) até que as bruxas tinham relações sexuais com bodes, com o demónio e com os outros sacerdotes durante os rituais “satânicos”.
Outra das personificações do Grande Deus era o chamado “Green man”. Uma imagem construída a partir da própria floresta, cujo rosto formado por plantas (ou um sacerdote com o corpo pintado de verde) representava a FERTILIDADE, o renascimento das plantas após o inverno…
Da parte da Deusa, as sacerdotisas representavam o poder feminino. Eu vou falar mais sobre os ritos quando falar especificamente sobre Bruxaria e as origens da Wicca. Por ora, basta dizermos que mulheres nuas a dançar ao luar associadas a livres pensadores não agradavam em nada ao controle da Igreja e, desta forma, a nudez e o sexo foram automaticamente associados ao PECADO (até aos dias de hoje).
Devemos grande parte disto a um homem chamado Santo Agostinho, que por volta de 400 DC reescreveu a génesis associando a expulsão de Adão e Eva do Paraíso ao sexo e ao tal do “pecado original”.
A partir de então, a bruxaria foi associada ao satanismo e qualquer desculpa era uma desculpa para mandar estas pessoas para a fogueira, e assim tem sido até os dias de hoje.
O Carnaval
Com a perseguição religiosa, os Hieros Gamos passaram a ser celebrados disfarçados de bailes de máscaras, também conhecidos como Carnavais. A origem do Carnaval remonta das Saturnálias, que eram festas romanas em honra ao deus Saturno, organizadas entre 23 de Dezembro e 6 de Janeiro, regadas a muito sexo, danças, sacrifícios aos deuses e troca de presentes entre as pessoas (Saturnalia et sigillaricia, que deu origem às trocas de presentes no natal). Para não coincidir com as festividades de Solis Invictus, os romanos acabaram por pôr esta data mais e mais para a frente no calendário até chegar a janeiro/fevereiro.
A origem do nome Carnaval vem de “Carrus Navalis” (Carro Naval) simbolizando a barca de Apolo que era levada através das multidões nas ruas. Esta barca, desnecessário dizer, era a versão romana da Barca de Caronte, que por sua vez, era a versão grega da Arca da Aliança, que era a versão judaica da Barca de Ísis.
As máscaras de carnaval são versões das máscaras dos deuses egípcios nos rituais que eu mencionei aqui. Desta maneira, os sacerdotes dos deuses antigos (agora já totalmente escondidos em sociedades secretas) podiam se reunir em Bailes de Máscaras e, longe dos olhares da Igreja, realizar seus rituais em paz.
Ou seja… da próxima vez que você assistir um desfile de carnaval na televisão, lembre-se que tudo aquilo começou com as pirâmides da Atlântida e as iniciações dos Faraós… (dá vontade de chorar…).
Magia sexual homossexual
Para finalizar, infelizmente, sinto dizer que não existem rituais sexuais homossexuais.
Todo o fluxo de energias sexuais, do tantra ao Hieros Gamos, opera na diferença energética entre os chakras masculinos e femininos, como uma bateria eletromagnética onde os chakras de cada participante fazem as vezes de pólos positivos e negativos.
No caso de APENAS pessoas do mesmo sexo (isso não vale, por exemplo, se estiverem duas mulheres e um homem ou dois homens e uma mulher num ritual tântrico) esta conexão não funciona. É como tentar fazer uma bateria com dois pólos positivos ou negativos.
As mulheres possuem uma vantagem sobre os homens neste aspecto. Durante a magia, a utilização de fluídos corporais potencializa os resultados do ritual. Em ordem de poder temos: a saliva, sêmen, líquidos vaginais, sangue e, finalmente, o mais poderoso de todos: o sangue menstrual (chamado Menstruum).
Por isso, determinados ritos femininos (as Bacantes, por exemplo) eram realizados em certas luas (e as leitoras sabem que quando muitas mulheres convivem juntas, os ciclos menstruais tendem a se alinhar). Desta maneira, as sacerdotisas estariam em seus períodos menstruais em determinados rituais e este “extra” compensa a presença de um homem.
Já para os homens, não há nada que se possa fazer.
Mas isto poderia ser contornado?
Talvez… em teoria.
Aleister Crowley foi um dos primeiros a estudar variações destes rituais para homossexuais masculinos, em 1874, chegando a inventar um 11º grau na OTO apenas dedicado a este tipo de magia (a OTO vai apenas até o grau 10).
Oscar Wilde, George Cecil Ives e Montague Summers tentaram alguma coisa semelhante em 1899, através de uma Ordem Secreta composta apenas de homossexuais chamada “Order of Chaeronea”, que durou pouco tempo.
Marcelo Del Debbio
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