terça-feira, 4 de agosto de 2015

A Viagem Sagrada


Foto: Laura Zalenga


Há uma viagem que todos viemos fazer.

A viagem ao nosso interior.

Podemos correr o mundo, ajudar um milhão de pessoas, construir arranha-céus ou viver apenas uma simples vida. Mas nada fará sentido se a experiência exterior não for validada no interior. Nada terá valor se o crescimento exterior não for acompanhado do crescimento interior. E esse crescimento interior só se faz quando reconhecemos que há de facto um crescimento a fazer...

Curiosamente, muitos são os que ainda não encontraram esse portal interior sagrado.

E não, não me refiro à simples capacidade de pensar ou mesmo de sentir uma alegria ou tristeza pois essas portas já vêm abertas a todos.

Refiro-me ao portal da alma. A porta para a Luz e para o amor incondicional. O espaço sagrado dentro de nós onde finalmente acedemos à visão do amor, da aceitação, da tolerância e onde pela primeira vez nos é dado a ver a prisão do ego em que vivemos até ali.

É neste portal que percebemos que afinal tudo o que nos foi dado a sentir, viver, pensar, construir lá fora, era apenas o meio para atingir o fim do crescimento interior.

Damo-nos então conta que magoámos quem mais nos amou. Rejeitámos quem trazia as ferramentas da mudança. Julgámos e humilhámos quem se atreveu a por o nosso ego em causa quando apenas nos queriam mostrar a luz que temos dentro.

Vemos então lá fora no mundo pessoas que estão ainda na viagem exterior, rumo às mais variadas desilusões até que deem inicio ao caminho interior. Outras já abriram o portal sagrado e começam já a dar os primeiros passos na viagem rumo ao amor.

Aqui e só aqui, começa então a viagem ao nosso interior. Viagem essa que irá passar pelo que temos de melhor, pelas joias que trazemos do passado e pela luz que somos, que sempre fomos. Mas essa viagem numa estará completa enquanto não abrirmos as nossas catacumbas, enquanto não arejarmos as nossas grutas onde ainda se escondem as tantas sombras do nosso passado...

Ir iluminando o nosso interior, ajuda-nos a perceber a natureza humana. Ajuda-nos a reconhecer que luz e sombra são a nossa essência e que a experiencia humana não serve mais nem menos do que harmonizar e equilibrar os dois polos.

Depois desta viagem podemos finalmente ser fontes de amor sem dependência. Podemos finalmente olhar o outro sem ilusão pois já sabemos que ele ou ela carrega uma essência idêntica. A busca do relacionamento perfeito cai por terra pois agora sabemos que o outro é igual a nós, e que vive a mesma dualidade e os mesmos dramas apenas em circunstâncias diferentes.

É nesta fase que podemos finalmente olhar o outro de igual para igual, olhos nos olhos, alma para alma e dizer “Namasté” – o Deus em mim saúda o Deus em ti.

É importante lembrarmos que, independentemente da fase da viagem em que estamos, ela é sempre sagrada, tem tempos próprios para cada um por mais que o nosso ego tenda a julgar negativamente as aventuras e timings dos outros.

Concentremo-nos na nossa viagem e em abrirmos portas e janelas e iluminarmos os nossos recantos. Isso sim será o que irá inspirar os outros lá fora...


Vera Luz

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