quarta-feira, 15 de abril de 2020

Traços De Carácter




Segundo a ciência, 
o nosso corpo guarda a explicação 
do funcionamento da nossa mente. 
A nossa constituição física, 
e suas características externas, 
explicam o funcionamento da nossa mente.


Em 1933, Wilhelm Reich publicou pela primeira vez os resultados de seus trabalhos e pesquisas dentro da psicanálise, no livro denominado “Análise do Caráter”.
Os conceitos desenvolvidos por Reich serviram de base para a análise bioenergética – uma técnica que utiliza a experiência ao nível físico e através da qual se pode mostrar como a dinâmica da estrutura corporal revela a mesma estrutura de caráter.
Os padrões de postura e atitudes corporais revelam quem a pessoa é: 
Estes traços são previamente esculpidos pelo sistema nervoso, e correspondem a imagens, de quem a pessoa é; e de como o seu corpo se parece. Portanto, aquilo que o indivíduo acredita que ele é, torna-se uma imagem retida no sistema nervoso e que mais tarde se expressará, no corpo, através da ação.

Logo, os traços de caráter são exatamente os papéis que o indivíduo aprende a assumir desde criança e permanecem, em sua maior parte, na vida adulta. 

A técnica psicanalítica realizada por Reich constitui a ponte que conduz da psicanálise para a compreensão analítica da tensão muscular e dos bloqueios energéticos: 
Portanto, a psicologia e a biologia se encontram no estudo dos cinco traços de caráter definidos por Reich.
E segundo o mesmo, caráter é definido como a direção habitualmente tomada pelos impulsos voluntários de uma pessoa. Qualquer que seja o modo como o caráter é definido, ele é a atitude básica com a qual o indivíduo confronta a vida, seja na sessão analítica, seja no mundo exterior.

O ponto principal a respeito do caráter é o fato de ele representar um padrão típico de comportamento ou uma direção habitual: 
É um modo de responder que está estabelecido, congelado ou estruturado.
Isto se dá a partir da mielinização da medula – sistema nervoso, resultando os traços de caráter, que definem o formato do corpo. O corpo estabelece o espaço interno, ao mesmo tempo que funciona como elemento de comunicação com o espaço externo. É limite do indivíduo e fronteira do meio.


O corpo revela em todas as suas manifestações: através da postura, gestos, tónus muscular, atitudes de interação, domínio do seu espaço, fala. A organização do esquema corporal se faz, portanto, em torno de padrões estabelecidos desde as primeiras experiências pessoais na infância, formando o caráter do indivíduo, explicitando simbolicamente sua existência.


Os Cinco Traços de Caráter


Esquizóide: formação do nascimento até 1 ano:  Cabeça ligeiramente inclinada, fora da linha central de fluxo energético do corpo;  corpo duro;  imobilidade da escápula;  imobilidade pélvica; pés fracos, especialmente o arco metatársico; articulações duras; divisão do corpo em duas metades, superior e inferior, a partir do diafragma;  impressão geral de desengonçado.

São pessoas magras, longilíneas, com a energia do corpo centrada na cabeça, racionalizam sentimentos, optam na dor pelo isolamento, exigem respeito pelo seu jeito racional de ser, necessitam de um nível lógico de comunicação, são cerebrais e racionais.

Oral: formação de 02 a 03 anos –  Peso do corpo sobre os calcanhares; costas encurvadas;  ombros caídos, cabeça jogada para frente; -peito retraído, pernas e joelhos contraídos e subcarregados;   impressão geral de fraco e precisando de apoio.

São pessoas  “arredondadas”, que carregam uma falta, um vazio, uma sensação de abandono. Querem sensibilidade e afeto nos contatos. São emotivas, choram fácil, querem um “ouvido” que as escutem para que elas possam falar (sem parar), ou comida por perto, para que possam preencher esse vazio comendo (sem parar).

Masoquista: formação de 02 a 03 anos – Corpo estruturalmente pesado, com forte desenvolvimento muscular;  maior tensão nos músculos flexores, .curvando o corpo para a frente; -costas arredondadas;  pescoço curto e grosso; coxas bastante musculosas;  impressão geral de atarracado, carregando um grande peso.

São pessoas de composição quadradas, com aparência forte, atarracadas. Exigem segurança para si. Entendem os outros, com extrema empatia. A ponto de trazer para si o problema e o erro do outro se responsabilizando por tudo. Não dividem nem delegam. Guardam tudo dentro de si.  São desconfiadas, demoram para formar vínculo e partilhar seus problemas. Não aceitam traições.

Rígido: formação de 03 a 04 anos – Tensão generalizada no corpo; peito inflado; tensão pronunciada nos músculos extensores, inclinando o corpo para trás; nuca e ombros enrijecidos; queixo duro, linhas faciais retas; atitude corporal de estar em alerta;  impressão geral de prontidão e agressividade.

Aparentam muita energia, força e disposição física por todo corpo. São belos, com curvas nos lugares certos, com forte capital estético, músculos rígidos. Exigem perfeição de si, do outro e da vida, nada é bom o suficiente para eles. São a figura da exigência e busca da perfeição. Vivem  “relações triangulares”, competitivos ao extremo, estão sempre buscando alguém um adversário a altura.

Psicopático: formação de  04 a 05 anos – O corpo masculino se expande acima do peito e é delgado para baixo;  formato de triângulo, desenvolvimento desproporcional entre a metade superior e a inferior; o corpo feminino tem o quadril, pernas e pélvis muito largos: peito e ombros pequenos;  na metade superior do corpo, o homem é atlético; a mulher, pouco desenvolvida;  impressão geral, no homem, de orgulho, raiva e, às vezes, ameaçador; na mulher, de infantilidade e meninice na parte superior, e de extrema sensualidade abaixo.

Pessoas com formato de corpo triangular, grande em cima e pequenas embaixo, esperam resultados, são articuladoras, a vida para eles é um “balcão de negócios sempre atentas ao lucros e ganhos. São envolventes, sedutoras e manipuladoras.  Estão atentos a barganhas, trocas, compensações.




"De acordo com Wilhelm Reich, caráter é a forma como a pessoa se mostra e se relaciona, os aspectos que foram gravados, inscritos, em cada indivíduo desde a concepção, até os primeiros anos de vida.
Já o traço caracterial será a solução que a pessoa encontrou para reprimir uma situação de conflito.


Esses traços de caráter apresentam comportamentos peculiares quanto à condição energética, características físicas e predisposição a doenças e são denominados: 

  • Núcleo Psicótico, 
  • Borderline, 
  • Psiconeurótico (Masoquista, Obsessivo Compulsivo e Passivo-feminino) e 
  • Neurótico (Fálico-narcisista e Histérico). 


O indivíduo é formado de vários traços caracterológicos que se sobrepõem ao primeiro que apareceu em decorrência do primeiro bloqueio, ou seja, as coberturas, que servirão como proteção daquele primeiro traço que não consegue lidar com o mundo externo. O analista há que cuidar para agir diferentemente com o paciente de cada traço citado anteriormente, cuidando para que seus aspectos caracteriais somados aos do cliente não impeçam ou dificultem o trabalho terapêutico.

 Para José Volpi, “a personalidade, o caráter, a conduta são aspectos ligados ao ego, resultantes de sua impossível tarefa de se equilibrar entre as exigências do id (impulsos internos), do superego (exigências morais) e a realidade”.  O caráter é a forma como a pessoa se mostra, se relaciona, denotando também, aspectos que foram gravados, inscritos, em cada indivíduo. Diz também que são as atitudes somadas ao temperamento e à personalidade sendo que todo traço caracterial é a solução que a pessoa encontrou para reprimir uma situação de conflito. Relata que a chamada caracterologia pós-reichiana conclui que “cada pessoa possui uma combinação de traços de caráter e não apenas um caráter específico como proposto por Reich.

Ainda segundo Volpi, se uma criança passar por todas as etapas de desenvolvimento de forma saudável, poderá formar um caráter genital no final da pré-adolescência, ou seja, sua carga energética circulará sem obstáculo no seu corpo. Do contrário, quando essa energia se depara com bloqueios (couraças) forma os traços de caráter, cuja fixação de energia se deu em cada uma das fases do desenvolvimento emocional.

Volpi afirma que a análise reichiana tem como projeto terapêutico a transformação, o amadurecimento do indivíduo a um nível de funcionalidade energética eliminando a potencialidade patológica latente. Atua no nível biológico pessoal para reduzir as manifestações patológicas que podem se manifestar quando os parâmetros no terreno biológico ultrapassam determinado limiar.

De acordo com Maria Azevedoos distúrbios ocorridos no período intra-uterino comprometem todo o desenvolvimento posterior da personalidade do indivíduo, provocando uma situação psicótica, uma psicose deflagrada ou um núcleo psicótico, passíveis de tratamento. A autora informa que o feto possui maiores recursos de defesa do que o embrião para responder a situações ameaçadoras, conseguindo “segurar “ as ameaças contraindo-se energeticamente no primeiro nível reichiano (nariz, ouvido e olhos), processo esse que decorre de um medo fetal.
Azevedo discorre ainda sobre o fato de que o stress ocorrido numa situação, leva a uma contração a nível celular, que atinge todo o organismo, à qual chama de medo celular, que pode levar à condição autista, que até hoje é praticamente incurável. Já a marca dessa vivência no período fetal, configura a condição de núcleo psicótico que poderá ser compensada ou encoberta por uma caracterialidade e que numa situação stressante futura poderá “explodir” ou descompensar o núcleo psicótico desencadeando um surto psicótico, passível de tratamento, principalmente a recuperação da funcionalidade ocular.

Em conformidade com Volpi, o útero é o primeiro meio ambiente do bebê sendo que o feto sofre as interferências ocorridas nele, respondendo a todos os estímulos, sejam táteis, de pressão, sinestésicos, térmicos, vestibulares, gustativos ou dolorosos.

Volpi também relata, ainda, que segundo Verny & Kelly (1993), os canais de comunicação entre a mãe e o bebé durante a gestação são:
o fisiológico, que se dá pela passagem dos alimentos pelo cordão umbilical;
o comportamental, manifestado pelos movimentos do feto expressando seu desconforto, medo e ansiedade;
e pela simpatia, que diz respeito à sensação física e emocional que afeta o bebé durante a gestação, sendo essa comunicação de grande importância na formação de seu caráter.

Volpi diz também que agentes ambientais conhecidos como teratógenos (drogas, fumo, álcool, antibióticos, anticoagulantes, anticonvulsivantes, cortisona, vitamina A, AAS ou aspirina, xaropes para tosse que contenham iodeto de potássio, dentre outros), assim como toda substância injetada ou ingerida pela mãe atingem o feto, podendo causar sérias perturbações no desenvolvimento neuropsicofisiológico do bebé.
Assim também o é com as emoções e o stress que fazem com que mãe descarregue hormonas no seu corpo, que atravessarão a placenta e alterarão o ambiente onde o bebé está a ser formado, provocando também perturbações semelhantes às que a mãe sente.

Volpi cita a definição de Reich para o fenómeno nomeado por ele como couraça muscular: 
“uma experiência psíquica pode provocar uma resposta somática que produz uma mudança permanente num órgão”.

Volpi ainda menciona Vincent que diz que cada organismo humano terá um terreno biológico ácido ou alcalino, que determinará o tipo de doença que poderá se manifestar;
Navarro, aponta como base de todas as patologias o medo, fator determinante e/ou desencadeante da condição de contração como mecanismo de defesa, enumerando quatro tipos:

Medo embrionário – inconsciente, inscrito em nível celular, responsável pelas doenças neuro-psicossomáticas, ou biopatias primárias, disfunções que conduzem a estágios irreversíveis e morte prematura, promove a psicose.
Medo fetal – inconsciente, sendo que as biopatias desta fase determinam a formação de um núcleo psicótico e podem regredir com o auxílio da vegetoterapia.
Medo neonatal – consciente, e segundo Navarro (1995), instala-se do décimo dia após o nascimento até o desmame, passando da motilidade para a mobilidade, dando origem às doenças somatopsicológicas ou biopatias secundárias que também determinam a formação de um núcleo psicótico.
Medo pós-natal – consciente e vivido na situação edípica, é responsável pelas manifestações neuróticas.

A prevenção é o aspecto principal da higiene mental preventiva, sendo preciso educar as crianças livres de encouraçamentos patogénicos para que elas, ao viverem os problemas emocionais, possam se livrar deles rapidamente.

Segundo Volpi, Reich afirmava que o bloqueio de uma etapa do desenvolvimento do ser humano, geraria um tipo de caráter, ao passo que Navarro afirmava que o caráter maduro e puro é o genital, e que todos os outros carácteres encontrados seriam aspectos ou traços mais ou menos evidentes ou escondidos, que se sobrepõem ao primeiro para protegê-lo.

Em conformidade com Volpi a análise do caráter, tem a proposta de que o terapeuta compreenda os traços de caráter do paciente para torná-los mais saudáveis.
A metodologia de análise reichiana usa um projeto terapêutico para cada paciente onde o terapeuta levantará os pontos fracos deste paciente para ajudá-lo a fortalecê-los.
Já a vegetoterapia caracteroanalítica desenvolvida por Reich e sistematizada por Navarro, tem o trabalho com o corpo como primazia.
Navarro  relaciona os bloqueios energéticos durante as fases do desenvolvimento humano e os traços de caráter dizendo que podemos nos fixar numa ou mais etapas desse desenvolvimento, que nos trarão uma condição psicológica dentro da qual desenvolveremos nossos traços caracteriais sendo que uma caracterialidade pode se sobrepor a outra se na próxima etapa do desenvolvimento psicoafetivo “sofrer os efeitos do stress, formando assim uma cobertura caracterial que protege a caracterialidade ou o traço de caráter anterior.”

Volpi cita as condições psicológicas definidas por Navarro : psicótica, borderline, psiconeurótica e neurótica e apresenta os seguintes traços de caráter:

1 – Núcleo psicótico: – não é psicótico mas possui um núcleo frágil que pode explodir num surto psicótico (memória de um stress primário, que se manifesta quando a criança, o adolescente ou o adulto passa por um outro stress grave na vida, desencadeando então essa primeira memória, isso do ponto de vista psicoafetivo). Formado em decorrência de bloqueio sofrido pelo stress no período fetal, parto ou primeiros dez dias de vida. Seu comprometimento interfere nos receptores sensoriais da visão, tato, olfato e audição – primeiro segmento de couraça. Energia baixa e desorganizada, pessoa racional e quase sempre demonstrando frieza afetiva.
Comportamento básico: dificuldade de contato, limitação da percepção das coisas à sua frente ou à sua volta. Geralmente tem um corpo esguio, com tórax flácido e bloqueio diafragmático, olhos vazios, temerosos, fundos, opacos, arregalados, contraídos, sem contato, sem brilho, com nariz geralmente fino e contraído, geralmente com tendência a ter pés e mãos frios.
Esse traço de caráter foi desmembrado por Navarro (1995) em três categorias: 
núcleo psicótico esquizofrênico – stress ocorrido do terceiro mês de gestação até dez dias após o nascimento apresentando como características comportamentais a predominância da razão ao afeto, dificuldade de contato, distorção da realidade, sentimento de persecutoriedade, predominância da fantasia sobre a realidade, percepção sobre si e outro prejudicada;
núcleo psicótico melancólico – stress ocorrido no período do parto até os três meses de vida (traço da caracterologia borderline) apresentando como características comportamentais as mesmas apresentadas no núcleo psicótico esquizofrénico e mais um sentimento de vazio interior, pulsões suicidas e comportamentos sociopatas e psicopatas;
núcleo psicótico depressivo – stress ocorrido no período dos três meses de vida até o desmame, nove meses (traço da caracterologia borderline com comportamentos pertinentes a esse traço caracterológico). Possui um terreno energético do tipo alcalino oxidado com predisposição a doenças graves como o câncer, Aids, doenças degenerativas e outras menos graves como urticária, alergias, rinites, enxaqueca.

2 –  Borderline – Tem boa energia, porém desorganizada, concentrada na boca, gerando forte tensão no maxilar. O corpo é magricela para o oral reprimido, com lábios finos e tensos ou obeso para o oral insatisfeito. Seu comportamento será, conforme o stress experimentado durante o período da amamentação e desmame, de uma reação depressiva ou raivosa, reprimida (quando o desmame ocorre de forma precoce e brusca, gerando raiva, o que torna o oral agressivo e melancólico, possessivo e ciumento): ou insatisfeita (quando o desmame ocorre antes do tempo ou tardiamente, gerando predisposição à depressividade, ocorrendo a compensação da situação depressiva com consumo de álcool, fumo para satisfação oral). Terreno energético do tipo ácido oxidado, com predisposição a doenças como diabetes, alergias, hipertensão, asma, artrite reumatoide, depressão, transtorno bipolar, anorexia, bulimia, obesidade secundária, bruxismo, ATM e outros problemas ortodônticos.

3 – Psiconeurótico – alta concentração de energia contida e desorganizada no corpo, Terreno energético do tipo ácido reduzido com predisposição a doenças como gastrite, úlcera, angina pectoris, infarto, colites, cistites, miomas, aumento da próstata, etc. Stress ocorrido na fase anal do desenvolvimento ou etapa de produção que dependendo da época e da forma como o stress ocorreu gerará traços de caráter como:

Passivo-feminino: formado em decorrência de “um aleitamento prolongado além dos nove meses” segundo Volpi. Pessoas meigas, com impressão de fragilidade e feminilidade com feições delicadas, suaves e femininas e bloqueio diafragmático (a passividade não está relacionada com a homossexualidade);
Masoquista: formado pela contradição da atitude dos pais – mãe que aceita e encoraja a excreção das fezes sem dar educação repressiva e pai que age com violência porque a criança suja as calças. O comportamento será de queixume e lamentações. Procura o alívio de sua carga buscando o castigo. Desajeitado e desengonçado acha-se feio e estúpido. Deprecia-se, implode com medo de explodir, auto-agressão. Incapaz de gostar de si mesmo. Possui alta concentração de energia no corpo de forma extremamente contida e desordenada. O corpo é duro e tenso, principalmente nos ombros e no pescoço;
Obssessivo-compulsivo: traço formado por uma educação exigente, sem liberdade de expressão da criança, colocando-a em constante submissão. Aparece como cobertura do borderline cuja função é cobrir um núcleo psicótico reprimido e controlado para evitar sua explosão. Comportamento de extrema organização, detalhista, mudanças geram ansiedade. Tendência a ser racional, desconfiado, ruminante como fuga ou alívio da carga de ficar retendo tudo, obsessivo, introvertido, medo da desaprovação e do julgamento, tensão constante, avareza, tendência a colecionar, dúvida, indecisão, afeto morno, teimosia, rigidez. Corpo duro e tenso.

4 – Neurótico – traço formado em decorrência de stress durante a etapa fálica do desenvolvimento, também chamada de etapa de identificação, sendo considerados os tipos caracterológicos mais saudáveis (quando não aparecer como um traço de cobertura).
Dependendo da época e da forma como o stress ocorre determinará os traços de caráter como o fálico-narcisista e histérico.

Fálico-narcisista: comportamento com boa auto-percepção, bom gosto estético capacidade de sedução e provocação, dificuldade de relacionamentos, grande compulsão à masturbação, compensação da tendência à depressão com sexo e drogas, sexo exagerado sem potência orgásmica, medo da solidão, medo das críticas, da incapacidade, vive em busca de reconhecimento, arrogante, seguro de si, rigoroso, vaidade, orgulho, egoísmo, exibicionismo, ostentação, traços psicopáticos, sexualidade ativa para ambos os sexos, homens se identificam com o próprio falo e as mulheres tem a fantasia do falo. Possuem alta energia no corpo principalmente no pescoço, peito e pelve. O corpo se apresenta atlético e sedutor, bonito, com bom tônus muscular, pescoço tenso e tórax estufado. Terreno energético alcalino reduzido que o predispõe a doenças de ordem sexual e artrose cervical:

Histérico: antecede a genitalidade. Evita os relacionamentos ameaçadores. Movimentos corporais delicados, provocativos, agitados, andar atraente e sexual, podendo ter comportamento frenético (choro, delírios, risos) ou calmos, tem alta concentração de energia no corpo, usa a sexualidade como defesa ,mas foge antes do “ato”.

5 – Genital – formação de caráter mais maduro e equilibrado de todos. Usa as couraças só quando necessário, sabe lidar com as mesmas pois elas lhe servem como defesa.



Para Volpi, somos formados de vários traços caracterológicos que irão sobrepor o primeiro que apareceu decorrente do primeiro bloqueio, na fase do desenvolvimento mais primitiva. As coberturas, como as chamou Navarro (1995), servem de defesa, proteção do traço caracterológico primário que não consegue lidar com o mundo externo.
O trabalho terapêutico de base reichiana apenas flexibilizará essas coberturas indo em direção ao caráter primário para entender suas defesas e fortalecê-las, e na medida que a pessoa for fortalecendo esse traço vai amadurecendo, sentindo-se livre para buscar defesas mais saudáveis, substituindo por outras mais benéficas ou abandonando-as.

Diante dos traços apresentados, Volpi e Gomes (2017) elencam alguns tipos de comportamento para os analistas que utilizam a abordagem corporal, visando proporcionar uma melhor compreensão da dinâmica e do projeto terapêutico em benefício dos pacientes e deles próprios. Apontam ser de muita importância para os analistas identificar e saber lidar com os próprios traços de caráter que de algum modo podem se identificar com os traços de caráter do paciente.

Assim é que, segundo os autores, com o paciente núcleo psicótico, (que tem postura defensiva de medo, pela ausência da figura materna na época de seu nascimento) o analista deve acolher, aceitar, proteger e transmitir confiança e segurança ao paciente, agindo como um terapeuta-útero.
o paciente borderline, precisa que o analista faça uma boa maternagem, dando colo (com limites), escutando (também chamando a atenção), acolhendo (mas ensinando a caminhar sozinho), caminhando com o paciente, mas não por ele.
Para o paciente masoquista, o analista ensinará o paciente a se autovalorizar e confiar em si mesmo, sem culpa e sem medo de punição, como se fosse um pai.
O paciente obsessivo-compulsivo, também precisará de um analista que aja como um pai que mostre ao paciente que pode errar sem medo de ser punido e perceber que pode sair da rotina, das regras, podendo se tornar espontâneo e criativo.
Já o analista do paciente fálico-narcisista, agirá como um amigo em quem poderá confiar, aceitando sua necessidade de demonstrar seu poder, para ajudá-lo a superar o medo da castração.
O paciente histérico, precisará ter um analista que também aja como um amigo digno de confiança, solidário e tranquilizador, “que aceita a sedução, sem que ameace abandoná-lo ou criticá-lo por isso, ajudando-o a viver e realizar sua sexualidade genital sem medo do orgasmo”."











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