domingo, 23 de agosto de 2015

A Esfera da Existência





Os mestres Tantricos introduziram a esfera no seu sistema de pensamento para que as coisas não possam mais ser definidas de uma maneira específica ou representar um ponto de fixação espacial; cada ponto permanece assim em contacto com toda a esfera na qual está a navegar e acaba por se fundir com o Todo.
(...)
Assim que entramos neste pensamento esférico, estamos em movimento e, consequentemente, não há mais quebras na fluidez do movimento. Há apenas momentos de maior ou menor intensidade. Temos a prova física de que o corpo/mente é a experiência.
Assim que conseguimos obter este pensamento cíclico, podemos ultrapassar o que é a maior questão para um ser humano que é estar preso entre o inicio e o fim de algo.

O que faz com que o praticante espiritual sofra é que há sempre um inicio de um processo seguido do momento em que o processo chega ao fim, apenas para ser substituído por outro processo.
De acordo com os tantricos, a dualidade do que percebemos é apenas um estado de contracção. A partir do momento em que Shakti, energia, não está mais contraída, somos capazes de descontrair, e ao mesmo tempo experimentamos não dualidade porque o nosso corpo/mente deixa de estar limitado. É espaço.
O nosso corpo/mente torna-se esférico porque contemos dentro de nós tudo o que está fora de nós.
(...)
Encontramo-nos então imersos num universo esférico e fora dos pares de conceitos opostos. Deixamos de estar na não-dualidade, e deixamos de estar na dualidade; estamos sim na experiência integradora que inclui ambos.
Quando atingimos este estado, percebemos que todas as oposições são construções mentais e que ideias de criação/destruição, inicio/fim, subida/descida, desaparecem quando entramos nesta lógica, não por construção mental, mas por experiência directa.

David Odier

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