Não queiras mais que a gratuita lucidez
do instante sem caminho Não julgues que ele é mais
do que a casual aragem de não ser mais nada
do que o voluptuoso fluir de um puro vazio
Em distraído vagar como uma leve nuvem
torna-te vago também deixa ascender em ti
essa torre ténue que quer a transparência
e a graça flexível de pertencer ao ar
Não queiras conhecer o que há por trás desse fulgor puro
se é que há algo por detrás Aceita a sua dádiva gratuita
porque ele é precisamente nulo
e tão essencial como o ar que se respira
António Ramos Rosa
in, "As Palavras"
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