Valência, Espanha
Julho de 2012
Vi agora no site da SIC a notícia da tragédia que ocorreu em Pedrogão Grande.
Até agora, pelo que li, morreram 64 pessoas, 47 na EN236, 30 dentro dos carros e 17 no exterior. 135 feridos.
Revolta-me saber que eles sabem como evitar tudo isto, de uma forma natural, mas por motivos económicos, e conflitos sociais e de interesses, não o fazem.
Isto tem de ter um fim!!!
Desta vez, não podem virar a cara para o lado...morreram 61 pessoas apuradas até agora, mais de 60 feridos...esta corrupção em torno dos incêndios tem de acabar!
Estive até agora a investigar sobre o eucalipto e sobre espécies que funcionam como corta fogo e encontrei uma imagem dos incêndios florestais ocorridos em Julho de 2012, nos arredores de Valência, Espanha, que agitou os botânicos. No meio de cinzas, uma “ilha” de ciprestes mediterrânicos escapou às chamas após um fogo que durou cinco dias e durante o qual arderam 20.000 hectares de floresta.
A imagem mostra uma “ilha” verde com 9.000 metros quadrados, onde 946 ciprestes com 30 metros de altura continuam intactos. Os tojos, carvalhos, entre outras espécies, não tiveram a mesma sorte, mas o fogo de alguma forma ignorou aquele grupo de árvores.
Esta “ilha” esteve exposta às mesmas condições adversas que as árvores vizinhas: um ano de baixa pluviosidade, temperaturas sempre superiores a 30ºC, baixa humidade e ventos a 50 km/h. Contudo, só 12 das 946 árvores apresentam sinais de início de combustão.
Este mistério desencadeou novamente o debate sobre a regeneração das comunidades vegetais e a utilização de determinadas espécies como barreiras para os incêndios.
O cipreste mediterrâneo é uma espécie que tem muita facilidade em captar e armazenar humidade.
Segundo a engenheira florestal e investigadora de genética florestal, Maria Carolina Varela, com um artigo publicado na ONU sobre os incêndios, "O eucalipto é uma espécie economicamente invasora", e " as tragédias com fogos vão ser cada vez maiores se esta espécie se torna, como se tornou entretanto, dominante - o eucalipto ultrapassou o sobreiro, que desenvolveu uma capa - a cortiça - contra os fogos. Um é combustível natural, o outro água natural."
Diz também nesse artigo que, "com este ordenamento do território, divisão da propriedade, monocultura de eucalipto e pinheiro sem espécies tampão, despovoamento agrícola, podem mandar vir todos os aviões do mundo que as tragédias vão suceder-se. E vai ser cada vez pior. Porque há cada vez mais do mesmo: eucalipto, abandono do campo e morte dos velhos aldeãos, resineiros, lenhadores, agricultores. O que resta é um barril de pólvora. E de morte a cada vez que uma trovoada, um vento, um calor chegar."
Nesse artigo lê-se:
"Increased fuel loads (combustible materials) are resulting in more severe and often uncontrollable fires. Portugal is one of the most impressive examples where land abandonment—coupled with the establishment of highly flammable eucalypt and pine plantations—has resulted in extended fire and smoke pollution episodes. Other regions of the world are suffering an unhealthy combination of socioeconomic, political, and environmental drivers of ecosystem impoverishment and land degradation."
Maria Carolina Varela
Enquanto os interesses económicos, os conflitos sociais e o comportamento negligente por parte do governo continuarem, não há solução para isto.
METADE DO PINHAL INTERIOR NORTE, ONDE SE SITUA PEDRÓGÃO GRANDE, É EUCALIPTAL!!!!!!!!!
A OUTRA METADE É PINHAL!!!!!
É UM BARRIL DE PÓLVORA!!!!!!
Corga da Pereira (Pedrógão Grande)
Incêndio antigo em Pedrógão que ilustra bem a importância de
intercalar vegetação autóctone com os malfadados eucaliptos e pinheiros,
assim como ter áreas corta fogo como se vê mais acima na foto.
Depois disso, estão a abandoná-los, o que os torna um autêntico "rastilho" ou, melhor, um terrível "barril de pólvora", áreas onde os seus óleos essenciais, por vaporização ao calor, são explosivos e, quando a madeira do eucalipto começa a arder, provocam a explosão dos troncos e respectiva ramada, lançando ramos incandescentes a grande distância. Este "fenómeno" tem sido bem visível nos nossos "piroverões".
É completamente irrelevante saber como é que começa o fogo.
O problema central é porque é que ele não para. E não para porque há continuidade de combustíveis. A quantidade de combustíveis que está no terreno é de tal maneira grande que é absolutamente impossível combatê-lo diretamente sem primeiro fazer a redução de combustíveis”, explicou. “É a única maneira de parar fogos e os fogos não se apagam com água. Isso é uma parvoeira que existe em Portugal”, diz Henrique Pereira dos Santos.
É preciso queimar no inverno, pagar aos pastores para andarem com gado, utilizar essas faixas de redução de combustíveis e, depois, ter uma estrutura profissional de combate, que está lá o ano inteiro, que esteve envolvida nessa redução de combustíveis e que sabe quais são as linhas onde é possível parar o fogo. E acrescentou: “É como se nós tivéssemos em casa a ideia de deixar os bicos do gás acesos e dizer ‘meninos, agora ninguém risca um fósforo ou ninguém faz uma faísca’. Ninguém faz isso em casa. Toda a gente sabe que, de uma maneira ou de outra, há de haver uma faísca. O que nós temos no nosso território são as torneiras do gás acesas.”
Já tudo foi estudado, explicado e escrito na última década e meia.
Houve comissões para todos os gostos e feitios.
E foi feito muito trabalho sério. Faltou tudo o resto.
Faltou pôr a tratar de incêndios florestais quem percebe de floresta.
Faltou integrar prevenção e combate.
Faltou ordenamento.
Faltou pensar no longo prazo.
E adiou-se o mesmo de sempre: fazer da floresta uma prioridade, fazer de um terço do território nacional uma prioridade.
A estratégia em vigor, depois de anos de avanços e ainda mais recuos, assenta em três pilares — os três pilares rachados, como lhes chama Paulo Fernandes:
a vigilância e detecção, entregue à GNR;
a prevenção, da responsabilidade do Instituto da Conservação da Natureza;
e o combate, feito pela Autoridade Nacional de Protecção Civil.
Cada vez que alguma coisa corre mal, um dos pilares atira as culpas para o outro.
Pelo caminho fica a coordenação desta gente toda, aponta o engenheiro florestal.
“Não há qualquer integração entre combate e prevenção, tem de se criar um corpo profissional, que esteja permanentemente envolvido na prevenção e no combate”, defende Henrique Pereira dos Santos. Só assim, aqueles que no Inverno abriram caminhos, aceiros e desmataram conheceriam o terreno para no Verão enfrentar as chamas, sabendo quais os locais onde estas poderiam ser melhor combatidas e o fogo estancar. Assim como teriam conhecimentos suficientes para saber por onde o incêndio tenderia a evoluir, antecipando-o, em vez de passar a vida a correr atrás dele, como agora acontece."
O que aconteceu em Pedrógão, podia ter acontecido em três quartos do país!!!!
A mistura entre as duas espécies é “um desastre em termos de paisagem”, como lembra António Louro(presidente do Fórum Florestal, a maior federação de produtores florestais do país), para explicar que “o pinheiro bravo dá severidade ao incêndio, ainda mais em zonas como aquelas de povoamentos jovens, enquanto o eucalipto ajuda a projectar o incêndio tornando-o muito mais difícil de controlar”.
Mas isto que se diz de Pedrógão Grande podia dizer-se de “três quartos do país, do Minho até ao Alto Alentejo, que têm condições de coberto vegetal muito semelhantes”.
“Até à década de 80 havia muita gente a explorar pequenas parcelas agrícolas, bastante gado e logo um certo controlo da paisagem. À medida que as pessoas foram saindo, desapareceu o gado e a floresta acabou por cobrir tudo, de forma artificial ou natural, porque basta não fazer nada no terreno para que ele se encha de floresta”, lembra ainda António Louro.
Domingos Patacho, da associação ambientalista Quercus, também fala sobre isto e diz que “O ensobramento provocado pela espécie dos ciprestres faz com que cresça pouca vegetação arbustiva no solo. Assim existe pouco combustível para arder”. Diz também que “Alguns planos de ordenamento das florestas já incluem esta espécie para contenção de fogos”.
Esta resistência tem incentivado a possibilidade de utilização desta espécie como um aliado para combater as chamas. Uma árvore para salvar outra.
Em Portugal, os sobreiros partilham também algumas destas características.
Domingos Patacho diz que “A cortiça é muito resistente ao fogo. Apesar da folhagem de muitos arder, como aconteceu no Algarve, as árvores não morreram, na maioria dos casos”
A juntar a isto tudo, existem as causas estruturais, como o abandono privado das terras, a ausência de policiamento, o desmantelamento dos Serviços Florestais, e pouca consciência cívica(queimadas mal feitas nos espaços rurais, fogueiras, fogo de artifício, etc...).
De acordo com o que diz Henrique Pereira dos Santos, é fundamental gerir os matos.
"As propostas para pagamento de serviços, como a gestão de matos, quer na pastorícia, quer na resinagem, quer mesmo na gestão da biodiversidade, têm sido sistematicamente recusadas.
É fundamental a integração entre prevenção e combate, isto é, a presença de profissionais de gestão do território que trabalhem todo o ano para criar condições de contenção do fogo, isto é, zonas de diminuição da carga combustível, e que depois, em situação de combate, as conheçam como as palmas das suas mãos e as utilizem para parar os fogos.
Pretender que problemas desta magnitude e complexidade se resolvem com voluntários é retomar a velha discussão do princípio do século XX que Pedro Almeida Vieira lembrou, um destes dias, da profissionalização ou não das enfermeiras.
O absurdo que hoje reconhecemos em pretender que a dedicação inegável das enfermeiras voluntárias poderia ser mais eficaz que a sua profissionalização é o absurdo que um dia reconheceremos na ideia peregrina de que o combate aos fogos deve ser primordialmente feito por voluntários que desconhecem os terrenos que pisam e não fazem a menor ideia de onde andaram os pastores, ou os resineiros ou se fez um fogo controlado.
Aquilo a que na maior parte das vezes se chama “imprevisibilidade” em matéria de fogos é, na verdade, ignorância.
Uma das armas mais letais que existem."
Na sua opinião, "... grande parte dos comandos operacionais não têm preparação sólida em ecologia do fogo, são excelentes profissionais de logística, são homens determinados, muitos deles com uma inexcedível coragem física e dedicação ao bem comum mas, infelizmente, conhecem mal o fogo."
José Miguel Cardoso Pereira, professor catedrático do Departamento de Engenharia Florestal do Instituto Superior de Agronomia, que elaborou a cartografia das áreas ardidas entre 1975 e 2009, afirma que 75% dos fogos, são fogos rurais, e não fogos florestais. Apenas um terço do que arde é floresta.
Diz que é um problema de paisagem.
Um problema rural, de mato, de controlo de vegetação rasteira.
A maioria dos fogos não começam nas árvores, não são fogos florestais, mas fogos rurais.
São os matos, são as silvas, que depois levam tudo atrás. Mais de metade do que arde é mato e pastagens, muitas vezes relacionado com práticas tradicionais. É urgente que se enquadre e se discipline essas atividades, com vigilância e punição – até porque, atenção, o fogo não é uma anomalia, nem uma coisa a suprimir no espaço rural. Há atividades agrícolas e de criação de gado para as quais o fogo é uma ferramenta de trabalho. Pode e deve ser usado de forma disciplinada, o que não é admissível são estes abusos a que temos assistido.
O correto mapeamento e gestão florestal ao longo do ano faria toda a diferença. Com faixas de protecção de corta fogo de combustível reduzido, em zonas de floresta problemática, como é o caso dos Eucaliptos e dos pinheiros, com uma gestão de floresta equilibrada e eficaz. Constatou que, apesar de termos quatro meses de verão, mais de 80% dos incêndios concentram-se em dez, 15 dias. Os picos de temperatura vão ser cada vez mais frequentes e ter uma capacidade de combate disponível o verão inteiro para estas atividades seria incomportavelmente caro. O combate tem que ser concentrado nessas duas semanas críticas, a prevenção podemos fazê-la ao longo de todo o ano.
Se uma paisagem estiver bem gerida e bem tratada, vai reagir de outra forma, independentemente do numero de ignições. Além disso, outro dos lados da prevenção passa por diminuir o número de ignições e fazer com que aquelas que aconteçam sejam as indispensáveis para a gestão do uso da terra.
A opinião pública é maioritariamente urbana e não tem noção das práticas rurais em que se usa o fogo de forma indevida. Diz também que o Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (ICNF, GNR e ANPC) sofre de um déficit de conhecimento aos níveis estratégico, tático e operacional que o torna pouco eficaz e pouco eficiente; Este déficit afeta tanto a dimensão de defesa das pessoas e bens, como a de defesa dos recursos florestais; A atividade de outros intervenientes fundamentais na questão do fogo rural, tais como empresas privadas, associações de produtores florestais e municípios também sofre com a carência de conhecimento científico e de falta da sua incorporação nas práticas operacionais quotidianas; as Universidades e organismos de investigação portugueses registaram notáveis progressos quantitativos e qualitativos na produção de conhecimento científico sobre uma vasta gama de questões relacionadas com o fogo no espaço rural; no entanto, esse conhecimento não está a ser suficientemente utilizado.
Considera que é essencial produzir conhecimento científico relevante, compreensível e aplicável. A seguir, é preciso monitorizar as consequências da aplicação do conhecimento, avaliá-las criticamente, corrigir erros e aprender com a prática, promovendo melhorias segundo uma espiral de gestão adaptativa.
Tem de ser o país de forma integrada a tomar medidas, com o governo a desencadear o processo, mas envolvendo autarquias, proteção civil e toda a população.
Um dos grandes constrangimentos é que a quase totalidade da nossa floresta é privada e a intervenção que o Estado pode ter é limitada.
Por outro lado, a grande maioria dos terrenos são de pequena dimensão.
A floresta não pode ser gerida como um quintal, tem de ter uma dimensão que permita aplicar as intervenções que geram mais valor.
Nos primeiros 15 dias de agosto de 2003 arderam cerca de 300 mil hectares no nosso País.
Os fortes incêndios de Oleiros, Sertã e Aljezur fizeram as manchetes dos jornais e os temas são sempre os mesmos: a floresta de eucaliptos e pinheiros, as falhas da proteção civil, a falta de condições de trabalho dos bombeiros. Passaram 14 anos e continuamos a falar do mesmo.
Na altura, a Visão entrevistou Gonçalo Ribeiro Telles, arquitecto paisagista, que disse que " A grande causa é um mau ordenamento do território, ou seja, a florestação extensiva com pinheiros e eucaliptos, de madeira para as celuloses e para a construção civil.
O problema foi uma má ideia para o País, a de que Portugal é um país florestal. Lançou-se a ideia de que, tirando 12% de solos férteis, tudo o resto só tem possibilidades económicas em termos de povoamentos florestais industriais. É uma ideia antiga que começou nos anos 30 com a destruição, também por uma floresta extensiva, das comunidades de montanha do Norte de Portugal, que tinham a sua economia baseada na pecuária. As dificuldades por que passava a agricultura deram origem a que se quisesse transformar grandes áreas do País já são 36% em florestas industriais. Esta campanha transformou a silvicultura, que era a profissão básica, numa profissão de florestal, para dar resposta aos grandes interesses económicos. Houve ainda outra campanha, a do trigo, em que se organizou o País em função desta cultura, que tinha por base o mito da independência de Portugal em pão. Além das terras para o trigo, tudo o resto, num sistema de agricultura economicista, tem que ser floresta, produção de madeira. O resultado está à vista.
Acabou-se com a silvicultura e começou o culto da floresta, que não temos.
Se formos ao campo perguntar onde fica a floresta, eles só conhecem a do Capuchinho Vermelho, porque o que têm na sua terra são matas, matos, etc.
No século XIX, o pinheiro bravo veio para responder às necessidades do caminho-de-ferro que estava em lançamento. Mais tarde é que vem a resina, a indústria da madeira e a celulose. O pior é que se transformou o País num território despovoado e que, dadas as características mediterrânicas, arde com as trovoadas secas.
O País está completamente desordenado.
Por um lado, uma política agrícola que não considera o mosaico mediterrânico, com agricultura, pecuária, regadio e horticultura, os matos, as matas, todo um mosaico interligado e ordenado.
E na serra existiam os matos pastados pelas cabras, pelos bovinos. Dos matos retirava-se o mel, a aguardente de medronho, a caça e as aromáticas.
A França, nas zonas de mato, tem uma política de aromáticas de abastecimento da indústria de perfumes.
A questão, hoje, é criar uma mata que produza madeira, mas que se integre nos agro-sistemas, uma paisagem sustentada, polivalente e nunca repetir, como já querem, a plantação de eucaliptos e de pinhal.
E tem que haver duas intenções ecológicas fundamentais: a circulação da água e a circulação de matéria orgânica, aproveitando-a para melhorar as capacidades de retenção da água do solo.
A limpeza da floresta é um mito.
O que se limpa na floresta, a matéria orgânica?
E o que se faz à matéria orgânica, deita-se fora, queima-se?
Dantes era com essa matéria que se ia mantendo a agricultura em boas condições e melhorando a qualidade dos solos. E, ao mesmo tempo, era mantida a quantidade suficiente na mata para que houvesse uma maior capacidade de retenção da água. Com a limpeza exaustiva transformámos a mata num espelho e a água corre mais velozmente e menos se retém na mata, portanto mais seco fica o ambiente. A limpeza tem que ser entendida como uma operação agrícola.
Mas esta floresta monocultural de resinosas e eucaliptos, limpa ou não limpa, não serve para mais nada senão para arder. Aquela floresta vive para não ter gente.
Se houvesse lá mais gente aquilo não ardia assim.
A solução é optar pelas madeiras de qualidade da cultura mediterrânica como todos os carvalhos, o sobreiro, a azinheira e pinhais criteriosamente distribuídos.O carvalho, por exemplo, acompanha toda uma panóplia de rendimento como a cortiça, a pecuária, a produção do mel, das aromáticas, a caça.
É muito bom para as celuloses e muito mau para as populações e para o País, que está devastado.
O mundo rural foi considerado obsoleto, como qualquer coisa que vai desaparecer.
Veja-se o disparate que foi a política de diminuição dos activos na agricultura. Contribuiu para o aumento dos subúrbios, dos bairros de lata, da emigração. Trouxe alguma coisa melhor para a província? Não. Apenas um grande negócio para as celuloses e para os madeireiros.
84% da nossa floresta está nas mãos dos proprietários.
O Estado pode fazer planos integrados de ordenamento da paisagem.
O Estado não domina totalmente a expansão urbana quando quer, não faz planos gerais de urbanização?
Não se devia poder plantar o que se quer porque também não se pode construir o que se quer. Constrói-se mal porque, às vezes, o Estado adormece. Faltam planos gerais de ordenamento de paisagem, que a actual legislação não contempla, apesar de já ter instituído a Estrutura Ecológica Municipal através do Decreto-Lei 380/99. A Lei de Bases do Ambiente tem os conceitos e os princípios para um plano de ordenamento de paisagem, está lá tudo escrito, mas nunca foram regulamentados.
Promover o associativismo florestal, como em Espanha também seria uma boa solução.
Estamos numa cultura mediterrânica e não se pode traduzir o desenvolvimento em unidades economicistas de produção em grande volume de dois ou três produtos. É da polivalência, da multiplicidade de produtos e da harmonia da paisagem que resulta a possibilidade de ter uma população instalada em condições de dignidade.
Não defendo que haja um sector agrícola e um sector florestal, para mim é exactamente o mesmo: a agricultura completa a floresta e a floresta completa a agricultura.
A Regionalização é a forma mais eficaz de ordenar o território.
Defendo uma regionalização que divide o País em cerca de 30 regiões naturais, áreas de paisagem ordenada, que estão já organizadas histórica e geograficamente. São as terras de Basto, as terras de Santa Maria, as terras de Sousa, a Bord'água do Tejo, etc. O País é isso e não é outra coisa. Esta regionalização podia contribuir para a efectivação dos planos de ordenação da paisagem, com uma participação democrática das respectivas populações."
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