sexta-feira, 10 de março de 2017
.............................. o sentido da existência
Os amigos conjugam-se sempre com a vida. E a vida é uma coisa tão plural quanto o podem ser as correntes na mesma onda: contraditando-se, justapondo-se, dilacerando-se num movimento de mil serpenteios nem sempre coerentes ou paralelos. E por isso me ocorre neste lugar maravilhoso que uma meia dúzia de amigos basta. Talvez uma boa meia dúzia de pilares, como os que erguem e sustentam uma casa. Uma boa meia dúzia de pessoas capazes de desempedernir-nos e do abraço entre nós e o abismo.
Muitas vezes, quando dou por mim, estou a reconciliar-me com o sentido da existência. Porque mesmo uma pedra necessita de vez em quando de compreender o subtil mistério do seu peso, e de o converter em estátua, e de a converter em carne. Porque mesmo uma pedra gosta da sua chamada de telemóvel e do convite para um café. Porque mesmo uma pedra abandona o seu estatuto mineral por causa de uma réstia de esperança, por causa de uns farrapos de sonho, em troca de um pouco de amor. Está escrito em todos os compêndios de geologia! Sei que sim. No passado, antes de ser pedra, fui muitas vezes o martelo e o escopro de outros, permita-se-me a metáfora maçónica. Está escrito em todos os manuais: isso é amizade, dizem…
JOÃO RICARDO LOPES
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