sexta-feira, 19 de junho de 2015

Grito Mudo




Nem sempre conseguimos ouvir estes gritos que damos e nem sempre os conseguimos ouvir nos demais, normalmente estes gritos chegam acompanhados de acções/ reacções que não entendemos, que o nosso racional não compreende e que por vezes diz mesmo que não são aceitáveis…

Gritos que tantas vezes ouvimos que aos quais reagimos de forma indignada, aos quais reagimos tentando colocar o outro no seu lugar, obrigando-o a agir com a normalidade que para nós deverá ter, tentamos assim calar esses gritos de forma inconsciente sem conseguir dar o devido amparo a esse ser que grita e que clama por uma mão amiga capaz de o guiar e levar a atravessar aquele momento de pura escuridão de forma a poder encontrar de novo a luz do dia.

Gritos que chegam em discussões não discutidas, em palavras cheias de fúria e agressividade, em agressões contra o próprio ser que as pronuncia por raiva e por se sentir fora do devido enquadramento em que temos de ser isto e aquilo…

Vivemos tão fora de nós e tão na tentativa de ser o que temos de ser e não o que somos que tantas vezes calamos em nós estes gritos e tentamos assim abafar os demais porque ainda não temos a coragem de gritar a viva voz quem somos sem necessidade de nos pormos ou impormos podendo apenas ser quem somos sem essas regras e barreiras que um dia alguém nos entregou e nos pediu que enraizássemos em nós.

Tão bom poder soltar esse grito transformador de forma a podermos matar essa nossa parte que está a sofrer e que está numa luta por luz mas que tanto precisa de conhecer essa sombra para poder depois tomar o impulso e agarrar a vida que temos e comprometer-nos connosco e com a nossa felicidade.


Vanessa Barros Albernaz

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