"Ela estava cansada de não ser ela mesma...
Percebeu que não ser assumidamente fiel a si mesma era um desrespeito à sua alma e ao mundo.
Estava cansada de ouvir o barulho do mundo, e percebeu que a voz calma da sua alma era o mais belo dos sons.
Cansou-se de questionar os seus motivos, as suas intenções, o chamado da sua alma. Percebeu que perguntas buscam respostas e, talvez ela já as soubesse bem lá... no mais profundo do seu ser.
Cansou-se das pessoas que lhe diziam que devia ser mais leve, ser qualquer outra coisa. Percebeu que elas não entenderam que ela nada nas águas profundas da vida, sente-se em casa nas suas profundezas e morre se viver à superfície.
Percebeu que a força de caráter vem do foco e compromisso com ela própria.
Cansou-se de não seguir os desejos que a sua alma grita a cada dia. Percebeu que se não fizesse nada com eles, eles morreriam e levariam um pedaço da sua alma.
Cansou-se de jantares, festas e reuniões onde as conversas roçavam apenas a superfície da vida e onde a distorção criada e a felicidade temporária não eram reais e, assim, desapareceu na luz do dia.
Fartou-se de tentar agradar a todos, percebeu que isso nunca poderia ser feito. Percebeu que apenas tinha de agradar a si própria.
Cansou-se de se questionar. Percebeu que o seu coração sabia o caminho e precisava segui-lo.
Cansou-se de analisar todas as opções, pesando os prós e os contras tentando descobrir tudo antes de agir. Percebeu que dar um salto de fé implica, muitas vezes, não saber onde vai aterrar.
Fartou-se de lutar consigo própria, tentando mudar quem ela sabia ser.
Cansou-se de pedir desculpas e sentir-se pequena para que os outros se sentissem confortáveis e ela se pudesse encaixar. Percebeu que encaixar na engrenagem era subestimar-se e que, fazer brilhar a sua luz tornava os outros corajosos o suficiente para fazerem o mesmo.
Fartou-se das obrigações, regras e imposições. Percebeu que a única obrigação da sua vida vem de coisas que batem tão forte em sua alma que não poderia jamais deixar de fazê-las.
Cansou-se da culpa e do que poderia ter feito melhor. Cansou-se de mendigar amor e compreensão pelo que ela é e tem de continuar a ser.
Percebeu que, se os amigos não seguiam mais o mesmo caminho, teria de deixá-los ir, e estava tudo bem. Eterna e incondicionalmente a acompanhariam dentro do seu coração.
Fartou-se de tentar encaixar-se na multidão. Percebeu que o preço que tinha que pagar para ser incluída era muito alto e trairia a sua alma.
Cansou-se de confiar nos outros ao invés de confiar nela e na própria vida.
Fartou-se de estar cansada. Percebeu que estava cansada de gastar o seu tempo a fazer coisas que não lhe trazem alegria nem alimentam a sua alma.
Cansou-se de tentar descobrir tudo, saber todas as respostas, planear tudo e ponderar todas as possibilidades mesmo antes de começar. Percebeu que a vida se desenrolava e que os desvios e os momentos inesperados foram algumas das melhores partes.
Cansou-se da necessidade de ser compreendida pelas outras pessoas e que compreender-se a si mesma era mais importante do que ser compreendida pelos outros.
Cansou-se de procurar por amor. Percebeu que amar-se e aceitar-se é a maior forma de amar e a semente pela qual todos os outros amores começam.
Cansou de tentar sintonizar-se. Percebeu que o barulho e o ruído do mundo estariam sempre lá como uma cacofonia que parece nunca desacelerar e que escutar o silêncio da sua alma era a melhor "estação" para sintonizar.
Cansou-se de se punir e ser tão rígida consigo própria.
Cansou-se de ter de estar sempre certa. Percebeu que a verdade de todos era relativa e pessoal, de modo que o único direito que exigia era o de sentir a sua verdade.
Percebeu que poderia nunca se sentir em casa no mundo mas, a sensação de estar em "casa" quando em contacto com a sua alma era suficiente.
Fartou-se de se sentir drenada por outras pessoas, por pessoas que não querem ou não têm coragem de seguir e fazer o seu próprio processo e seguir o seu caminho único. Percebeu que poderia partilhar a sua experiência, mas todos teriam de fazer o "trabalho" por si próprios.
Cansou-se de tentar mudar os outros ou fazê-los ver as coisas. Percebeu que só poderia dar o exemplo e, se eles o seguiam ou percebiam, já era responsabilidade deles.
Percebeu que o momento presente era tudo o que precisava para levá-la para a próxima etapa.
Cansou-se de perceber a dor como algo a ser evitado e, que tanto a dor quanto a alegria a tinham moldado e ajudado a aprender e a crescer.
Cansou-se dos arrependimentos. Percebeu que se tivesse conseguido fazer melhor, teria feito melhor.
Cansou-se de estar com raiva. Percebeu que a raiva era apenas uma lanterna que lhe mostrava a sua dor, as suas fraquezas e do que ela tinha medo. Percebeu que a tristeza e a raiva surgiam também quando ela traía a sua própria alma e fazia escolhas que não eram verdadeiras para si mesma.
Cansou-se das "fachadas" e do fingimento. Percebeu como as máscaras eram sufocantes e claustrofóbicas.
Cansou-se das críticas e das queixas dos outros. Percebeu que elas não diziam nada sobre si própria, só a informavam da perspectiva dos outros.
Cansou-se de gritar acima do barulho do mundo. Percebeu que a melhor forma de ser ouvida é em silêncio.
Cansou-se de precisar de autorização ou validação. Percebeu que apenas ela era a sua própria autoridade.
Cansou-se de ser algo que não era. Percebeu que o propósito da vida era ser verdadeiramente feliz com o que ela nasceu para ser ... e, se ela se aquietasse o suficiente para ouvir a sua alma, ela iria reconhecer-se e lembrar-se de si mesma e, assim, mesmo só, nunca estaria só, pois dentro dela estaria o mundo, dentro dela estariam todos os que partilharam momentos da sua história e a ajudaram a crescer, dentro dela se encontraria com Deus!"
~ Adrienne Pieroth
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