quarta-feira, 17 de junho de 2020

PARTIDA








Depois
Há a angústia da solidão
O canto de pássaros
A incerteza dos amanhãs
O nó que afoga e não passa
A noite

Depois
Há as casas manchadas de sombras
Um punhado de lágrimas
Os lábios que se unem
Como asas de uma mesma flor
Os elos de um até já

Depois
Há a nostalgia da praia deserta
As rosas vermelhas esquecidas
As horas mortas e cansadas dos dias opacos

Depois
São as minhas lágrimas a quererem despertar
No silêncio do olhar
Sofrendo horas de carne e cinzas

Depois
São os meus poemas
De braços nus à chuva a quererem poisar em tua boca
Confiantes na noite onde mãos abandonadas
Colhem flores esquecidas nas tardes

Depois
Depois amor
É chegada a hora 
da partida


Francisco Amaral Jorge





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