sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Noite de Estio





Notas suaves ecoam pelo quarto
Numa calma noite de Estio.
A natureza ascética da música envolve-me,
Transportando-me para fora da loucura humana.

Conduz-me à profundidade
De um sentimento devolvido,
Enlevando-me em imagens metafóricas
Que me revelam o significado
De tudo o que é etéreo.

Silêncios cortados
Pelo ambiente orfeico,
Onde, te olhando,
Me deleito no brilho de uma alma
Que me concede o donaire de um sentimento dúctil.

Sensações auditivas
Acalentam a visualização de um corpo nu, arqueado
Que contém a lubricidade que quero tangível.
Tronco descaído,
Os cabelos livres, em queda
Realçando a sensualidade de cumes cor de terra
E vales de alabastro cujas torrentes
Anseio percorrer

A beleza aflorada
Nas projecções vertidas nas paredes,
Quais sombras chinesas,
Ao som das notas que discorrem novos firmamentos.

Eis que realizo que o engenho do amor
Se revela no mais ínfimo grão das percepções sensorais,
E no domínio do supremo dom de ousar ouvir
O apurar do Universo rumo ao esperado parto
Em que te direi, amena, mansa e simplesmente:
“Amo-te!” 


Rui Amaral Mendes






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