A água é de si mesma o volúvel horizonte
Na sua leve matéria se completa e se renova
em movimentos de música em límpidos lampejos
Na sua verde retina fugidia
flui a identidade e o seu vazio de concha
onde a interrogação se curva e se perfaz
em anéis que se dissolvem no princípio puro
na igualdade tranquila de um incessante nascimento
Duplo é o seu olhar que ensimesmado espelha
as formas e as cores do mundo como um centro
entre a ausência e a presença e a respiração de ambas
Ela está sempre em si na espontânea morada
em o olvido murmura em que o silêncio lateja
Se ela reconforta é porque a rosa do seu hímen
floresce em cada onda perfuma o seu sussurro
António Ramos Rosa
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