sábado, 13 de junho de 2015

Frémito do Meu Corpo a Procurar-te



Frémito do meu corpo a procurar-te, 
Febre das minhas mãos na tua pele 
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel, 
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te, 

Olhos buscando os teus por toda a parte, 
Sede de beijos, amargor de fel, 
Estonteante fome, áspera e cruel, 
Que nada existe que a mitigue e a farte! 

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma 
Junto da minha, uma lagoa calma, 
A dizer-me, a cantar que não me amas... 

E o meu coração que tu não sentes, 
Vai boiando ao acaso das correntes, 
Esquife negro sobre um mar de chamas... 

Florbela Espanca 
in, "A Mensageira das Violetas"

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