quinta-feira, 7 de maio de 2015

Querido Passado,



"Por aqui tudo corre tranquilamente.
Como diz o outro na canção “entre os dias que passam menos mal, lá vem um que nos dá mais que fazer”.
Ainda assim o presente é tranquilo.
Não estou contente com o que me falta, mas também não estou descontente com o que tenho.
Quero mais (hei-de querer sempre), mas tenho a serenidade de acreditar que tudo chega no momento certo.
E tenho a força de saber que uma caminhada se faz um passo de cada vez.
Às vezes fico impaciente.
Às vezes revolto-me e praguejo contra o Universo para que se mexa mais depressa.
Às vezes penso em ti, querido Passado.
Todos os dias, aliás.
Acho que já fiz as pazes com quase todos os tropeções que me fizeste dar.
O perdão é a mais pura forma de liberdade e o meu coração não gosta de se ancorar em sentimentos negros.
Gosta do sol e da luz.
Às vezes, muitas vezes, desejo secretamente cruzar-me contigo numa dessas esquinas da vida.
Mas não saberia o que te dizer.
Sei que me faltariam as palavras e me sobraria o nervosismo.
Os meus olhos falariam, por certo.
Isso.
Deixaria o meu olhar contar-te dos caminhos por onde tenho andado.
Olhar-te é olhar para um pedaço de mim.
Para o fundo de mim.
És todas as minhas histórias.
És a minha História.
Obrigada, querido Passado.
Sou, também porque tu és.

Querido Presente, estou aqui.
Que me trazes?


Marla de Queirós

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