sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Interstellar



No filme Interstellar surge um buraco de minhoca, que cria um atalho no espaço-tempo, e que do outro lado tem planetas estranhos. Mas este não é um filme sobre o espaço interestelar, é sobre o homem. É um hino à vida ao enfatizar a luta com a morte que a ciência permite.

O verso “Odeia, odeia a luz que começa a morrer” é de Dylan Thomas, o escritor galês cujo centenário se está a comemorar. A respectiva estrofe é repetida por um dos personagens do filme “Interstellar”, do realizador norte-americano Christopher Nolan, que acaba de se estrear em todo o mundo.
Quem a repete é o professor John Brand (Michael Caine), um físico da NASA que procura o mistério último da gravidade e, com ele, a esperança de salvação para uma humanidade ameaçada. O verso de Thomas, que inspirou o título de um romance de António Lobo Antunes, abre um poema belíssimo: “Não entres docilmente nessa noite serena,/ porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia,/ odeia, odeia a luz que começa a morrer.”

Interstellar é uma glosa cinematográfica do tema da morte, neste caso o apocalipse do nosso planeta devastado por tempestades e pragas. Como ocorre em geral nos seus tratamentos artísticos, também aqui a morte é recusada.
Escreveu um outro poeta, o alemão Friedrich Hoelderlin: 
“Onde cresce o perigo, surge também a salvação.” 
A redenção é, no filme, proporcionada pela ciência e pela sua filha dilecta, a tecnologia.

Desvendemos um pouco do enredo, tentando não desmanchar o prazer dos leitores que ainda não viram. Num futuro indeterminado, vastos campos de milho surgem cobertos por nuvens de poeira e são pasto de doenças. Nesse mundo distópico, com o ar a ficar irrespirável, a ciência e a tecnologia quase desapareceram. Na escola ensina-se que a ida à Lua não passou de um embuste. E os estudos superiores são um capricho face a necessidades básicas de sobrevivência.

É nesse cenário que um agricultor, ex-piloto de testes da NASA, Joe Cooper (Matthew McConaughey), tenta manter a sua família: a espertíssima filha adolescente Murph (em jovem Mackenzie Foy e, mais tarde, Jessica Chastain), o filho e o seu sogro, já que a mulher tinha morrido de um tumor na falta de uma ressonância magnética. Tal cenário dantesco está longe de ser novo na ficção científica: lembrei-me de Um Cântico a Leibowitz, de Walter Miller, onde a humanidade regressa à Idade Média após um desastre nuclear e só um conhecimento muito escasso sobrevive. O filme não é claro sobre a origem do “fim do mundo”. Há uma referência ao Dust Bowl, uma série de tempestades de pó que ocorreram, por incúria humana, durante a Grande Depressão, originando fome e miséria: surgem depoimentos autênticos em vídeo de sobreviventes desses anos.
O fim no filme não é, portanto, uma explosão nuclear, mas sim o silêncio imposto pela falta de ar.
Como escreveu ainda outro poeta, T. S. Eliot: 
“É assim que acaba o mundo./ Não com um estrondo,/ mas com um suspiro.”

O que é um buraco de minhoca?
Enquanto há vida há esperança. E a esperança irrompe aqui, de um modo estranho, a meio de uma estante. No quarto de Murph surgem sinais, que enviam Cooper para uma secretíssima base da NASA, às ordens do professor Brand. Ao despedir-se comoventemente da filha, o pai não sabe que lhe está destinado o papel de salvador da humanidade. É enviado para Saturno a bordo de uma estação espacial, pois é lá que se encontra a entrada de um buraco de minhoca, isto é, um atalho ou túnel no espaço-tempo para um longínquo domínio interestelar.

E é do outro lado do buraco que vai partir à aventura para planetas para os quais tinham sido enviados pioneiros com o intuito de encontrar refúgio para a humanidade. O plano principal do professor consistia em domar a gravidade para enviar o que restasse da espécie humana a povoar as novas terras encontradas.

O que são buracos de minhoca?
Uma ideia dos físicos teóricos que exige uma prodigiosa distorção do espaço-tempo.
Segundo a teoria da relatividade geral de Albert Einstein, invocada repetidamente ao longo do filme, o espaço está ligado ao tempo (o espaço-tempo), a matéria à energia (a matéria-energia) e a matéria-energia comanda o espaço-tempo.

Matéria-energia muito densa pode contorcer o espaço-tempo para formar um tubo. O aproveitamento cinematográfico do conceito não é novo.
Já o astrofísico Carl Sagan o tinha feito em Contacto, livro que serviu de guião a um filme onde McConaughey entrou, tendo recorrido aos préstimos do seu colega Kip Thorne.
Thorne foi agora o consultor científico de Nolan. O aproveitamento das suas especulações era uma ideia que estava na carteira de Steven Spielberg, o realizador de Encontros Imediatos de Terceiro Grau e de AI, mas este cedeu-a a Nolan, o autor de Memento e de O Cavaleiro das Trevas.

O que há de real nos buracos de minhoca?
De facto, não se conhece nenhum.
Discute-se, porém, em artigos de física, a possibilidade de os construir, que exigiria não só matéria exótica que dobrasse o nosso espaço-tempo a quatro dimensões mas também possivelmente dimensões adicionais. Um físico companheiro de Cooper explica-lhe no filme com a ajuda de uma folha de papel: marca dois sítios, a entrada e a saída do buraco, e diz que eles ficam ligados se se dobrar a folha, isto é, permitindo outra dimensão. O tema das dimensões adicionais é corrente hoje na cosmologia e na física quântica, apesar de não haver provas da sua existência. A ideia agradou a Einstein por proporcionar a unificação das várias forças da natureza, o seu grande sonho que ainda não se materializou.
É nesse assunto que o professor Brand trabalha, no futuro onde o filme nos mergulha.


Para Carlos Fiolhais, professor de Física da Universidade de Coimbra, a base científica de Interstellar Movie "é em geral impecável".




Thanks to the recent blockbuster film, ‘Interstellar', one of the most accurate simulations ever of what a black hole looks like has been created.
This image combines over 800 terabytes of information collected by theoretical physicist Kip Thorne, renowned for his work in astrophysics and gravitational physics and incorporates his theories on how light may actually bend once it has crossed the event horizon of a black hole (now known as Kip Thorne Distortion).

The film's special effects team included Paul Franklin who worked with Thorne to incorporate his models of how black holes warp surrounding time and matter, using the processing power of their massive graphics renderers to put the data into visual perspective:

“We found that warping space around the black hole 
also warps the accretion disk… 
So rather than looking like Saturn’s rings around a black sphere, 
the light creates this extraordinary halo.” 

Paul Franklin

As you can see, this new black hole simulation strongly resembles and supports the model that Nassim Haramein developed starting well over a decade ago, a toroidal structure where information is passing BOTH WAYS across the event horizon in the only 2 directions that exist in the universe: in and out. Equal and opposite, as above, so below...

Nassim Haramein


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