sábado, 10 de maio de 2014

Neutralidade e má qualidade



“Infelizmente, a distinção entre masculino e feminino não permitirá, em caso algum, acabar com o patriarcado, na medida em que o monstro teve tempo suficiente para criar raízes e prosperar na cultura, na economia, nos cérebros e nos sexos.
Contudo, permitirá pelo menos descrever a realidade, dizer a verdade, legitimar a palavra das mulheres.
 Neste país, existe um problema grave de mentalidade sexista, mas não se pode falar nisso, porque as palavras traem e pervertem a realidade.
Porque a linguagem avança mascarada, porque a linguagem serve de folha de parra, e nunca este termo foi tão bem utilizado.
Esta folha de parra é muito útil para a ordem estabelecida.
Tal como já dissemos, os nossos académicos realçam, muito a propósito, que o francês contempla o caso neutro, contrariamente ao alemão ou ao inglês.
Esta observação é muito subtil.
No entanto, existem expressões que não permitem identificar o sexo do sujeito: são fórmulas neutras.
É estranho que estas fórmulas não sirvam para descrever tudo o que se refere ao poder ou ao prestígio. Neste caso masculiniza-se ao máximo.
Também não serve para descrever os grandes feitos das mulheres.
Mas são sistematicamente utilizadas para dissimular os delitos dos homens.
A língua é uma ferramenta ideológica, uma ferramenta utilizada contra as mulheres como uma arma carregada, mas também para proteger os homens, os queridinhos do sistema.”(…)

in,"TODOS OS HOMENS SÃO IGUAIS…MESMO AS MULHERES" 
Isabelle Alonso

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