domingo, 28 de julho de 2019

A VIDA É UM JOGO DE XADREZ






Na maior parte das vezes, quando alguém nos provoca ou testa de alguma maneira, a nossa tendência é reagir, seja atacando seja fugindo.

Num jogo de xadrez fazemos o mesmo mas através das peças, certo?
Se o outro faz um cheque ao nosso Rei, respondemos a esse ataque à pessoa directamente, ou fazêmo-lo através do jogo?

Obviamente que o jogo ficaria suspenso e a violência física surgiria caso levássemos as investidas do outro directamente.
Claro que é no tabuleiro que teremos que responder ao ataque.
Ou seja, os dois Reis e os seus reinos no jogo são uma Micro representação da Macro realidade de cada jogador.

O mesmo se passa nas nossas vidas. 
Estamos permanentemente a jogar com um jogador invisível chamado Cosmos que usa a nossa realidade e as pessoas para fazer as suas jogadas. Jogadas essas que estão estudadas de acordo com a nossa história Karmica e que pretendem através dos movimentos estudados, criar respostas positivas da nossa parte e levar-nos em última análise à vitória.

Infelizmente, fazemos na vida o que seria ridículo no jogo; esquecemos que é um jogo, que o outro é apenas um peão e que apenas nos é pedido que respondamos ao seu movimento com um movimento nosso mais inteligente e estratégicamente preparado para nos salvaguardar.

Tenta então olhar para a tua realidade imaginando cavalos, bispos, rainha e rei, torres e peões em todas as pessoas à tua volta. Imagina mesmo os quadradinhos pretos e brancos no chão. Observa os movimentos dos outros como altamente estratégicos preparados pelo outro adversário (não propriamente por eles próprios!). 

A cada jogada foca-te apenas no tabuleiro e percebe a jogada inteligente que vais fazer!
Aquela que te protege e te coloque em vantagem!
Obviamente num jogo de xadrez a vitimização, a violência, os ataques directos são inúteis e apenas iriam estragar o propósito estratégico do jogo. 

Não é por acaso que o xadrez é um jogo silencioso.
Onde e com quem consegues já manter este foco?
Onde e com quem esqueceste que afinal tudo é um jogo?
A quem andas a exigir jogadas que te favoreçam apenas a ti?
Ou a quem andas a facilitar o jogo na ilusão de que te irá ajudar a ganhar o teu?

Entre a jogada de ataque e de defesa, o importante é que mantenham sempre o foco no tabuleiro sentindo a peça e o movimento do outro, pois é a partir daí que poderás responder no teu melhor.

Vera Luz



" Joga Xadrez?
Aprendi a jogar em criança, ensinado por um amigo. Ele jogava muito devagar e no seu rosto transparecia sempre uma enorme calma e compenetração perante os desafios que se iam colocando. Tinha tido uma vida bastante dura. O Xadrez ensina a ter paciência. Não há dois jogos iguais. Um jogo pode ser uma experiência satisfatória ou não satisfatória e isso não tem nada a ver com ganhar. Fazer da vitória o único objectivo é tirar das piores das derrotas apenas uma conclusão banal.
É uma noção obtusa considerar um determinado jogo de xadrez apenas por si, e à parte, considerá-lo desligado do passado e do futuro, uma noção egoísta por se pensar que aquele jogo específico é o único que interessa. Só a arrogância pode permitir tal visão das coisas. Aquilo que verdadeiramente importa é a batida e o ritmo, o vaivém repetitivo do jogo após jogo, de modo que a história acumulada possa mostrar a maneira de jogar o próximo jogo e do que é inerente às trinta e duas peças e aos sessenta e quatro quadrados e, acima de tudo, ao tabuleiro.
Há pessoas que julgam que o xadrez é sobretudo um jogo de peças. Mas não, o tabuleiro é a alma de tudo. Começa-se com metade do tabuleiro preenchida pelas peças e uma zona desocupada ao centro e à medida que se progride vão-se revelando os mistérios que encerra.
Mas só jogo após jogo."


Zia Haider Rahman
in, À Luz Do Que Sabemos




 

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