Sim, Mãe! sim, quanta vez te vi chorar...,
Sem desistir de te fazer sofrer!
Gozava então nem sei que atroz prazer
De te arranhar no peito... e me arranhar.
Mas quis lutar comigo, Mãe! lutar
Contra esse monstro obscuro do meu ser.
Que sonho, Mãe!: ter-me eu em meu poder,
Talhar-me bom, feliz, simples, vulgar...
Mãe! com que força eu vi que era impotente!
... Porque de bem mais longe e bem mais fundo
A culpa do meu ser a nós dois veio.
Perdoemos um ao outro, humildemente:
Eu, Mãe! — ter-me o teu seio dado ao mundo;
Tu, — ter-me eu feito vida no teu seio.
José Régio
in, 'Antologia Poética'
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