terça-feira, 23 de maio de 2017
Silêncio, silêncio…
Fechem as máquinas de falar, desandem os botões da verbosidade, façam má cara aos visitantes, despeçam os oradores oficiais, cancelem o contrato dos conferencistas.
Silêncio, silêncio…
Escondam o rosto um momento, desçam as cortinas, preguem as janelas, chorem, se quiserem, mas silêncio! Dai tempo a ouvir um anjo que passa, uma cigarra que canta, uma pedra que rola, uma flor que morre.
Também isto é sério, também isto é justo, também isto é revelação, e caridade, e inteligência.
Dai tempo a vós próprios, que sois vivos e que o podeis saber.
E silêncio.
Agustina Bessa-Luis
in, Embaixada de Calígula
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