quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Narcisismo.....ou solidão? Interioridade!



“Confundimos demasiadas vezes narcisismo com solidão, mas o processo é na realidade inverso: Narciso está só porque está rodeado por espelhos que o impedem de ver aqueles que estão à sua volta; pelo contrário, o solitário apoia-se em si próprio.
Aliás, Pascal dizia:
O homem que gosta apenas de si mesmo odeia acima de tudo ficar sozinho consigo próprio.

Erroneamente, associamos a solidão ao egoísmo e ao egocentrismo, enquanto a vida sozinho e, em particular, o celibato, pode permitir uma abertura ao mundo que a vida em casal não permite, e a solidão desempenha muitas vezes um papel de propulsor para ir para outra coisa.
A dificuldade em estabelecer relações sólidas num mundo incerto leva as pessoas a virar-se para outras aspirações.
A carência, o fracasso, o sofrimento servem por vezes de impulso para progredir.
Podemos encontrar aí a força para inventar outros laços.”

Marie- France Hirigoyen 
in, As Novas Solidões Na era da comunicação estamos mais sós



Narciso, exibe prazer em ser admirado à distância, e não está disponível para relações de reciprocidade. 
Muito dependente do olhar do outro, tem também o desejo de tudo agarrar.

Solidão...ou SOLITUDE, como lhe queiram chamar, é outra coisa:
É, estar atento a si próprio e ao que na verdade nos convém, de acordo com as nossas necessidades. 
Por vezes, esta (boa) solidão é escolhida. 

Começa por pequenas alterações nos hábitos quotidianos.
Já não nos apetece ir ao encontro de…,fazer isto ou aquilo.
Questionamo-nos repetidamente “Para quê?”.
Não sabemos até onde nos levará.
As pessoas avisam-nos que este aparente desligamento pode não ser saudável e que é preciso convivermos.
Se não nos enchermos de amargura ou desprezo pelo mundo, um sadio silêncio cobre-nos, como se todas as coisas fossem depuradas, e só restasse o lugar que tem a ver com a nossa história pessoal e com todo o de melhor soubemos reconstruir de nós mesmos e do nosso passado.
Não consideramos que nos perdemos na vida.
Entendemo-la como um caminho que foi necessário.
Os pequenos prazeres, mesmo solitários, são surpreendentes e servem para reafirmar o íntimo sentido de liberdade.
Por nos amarmos, já não nos importarmos com o julgamento de quem não interessa.
Tornamo-nos mais selectivos em relação aos outros.

Há quem diga que se pode pagar um preço, mas quem passa para a outra margem do sentido de viver, quem fez este crescimento espiritual, sabe que está mais rico por este trabalho ter sido feito dentro de si.



Como prometido, cá estou eu de novo com este livro.

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