domingo, 8 de fevereiro de 2015

Guerra às Drogas



SE ÉS A FAVOR DA GUERRA ÀS DROGAS, 
PRECISAS LER ESTA BANDA DESENHADA
Um dos debates mais importantes do nosso tempo 
na arte dos quadrinhos.

O debate sobre a criminalização das drogas é um dos mais importantes – e acalorados – de nosso tempo. Segundo dados divulgados pelo Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, no ano passado, cerca de 5% da população mundial entre 15 e 64 anos usa drogas ilícitas – o que corresponde a uma média de 243 milhões de pessoas. É um número e tanto, mas não é o único dado superlativo nesta história.
Estima-se hoje que 40% dos 9 milhões de presos em todo o mundo estejam na cadeia por causa das drogas – e isto tudo tem um custo altíssimo.

Segundo a London School of Economics, esta guerra já custou ao mundo mais de 1 trilhão de dólares e criou um imenso mercado negro, avaliado em aproximadamente US$300 bilhões – um mercado negro cada vez mais fortalecido por organizações criminosas que, ao contrário do que pode parecer, não estão nem um pouco interessadas nesta história de descriminalização.
O impacto sobre o consumo desta guerra? Insignificante.
O impacto na minha e na tua vida? Incomensurável.

É absurdo imaginar que existam grupos fortemente armados por aí a vandalizar, a roubar e a assassinar, cada vez mais poderosos, graças a uma fatia de mercado que movimenta uma montanha de dinheiro todos os anos?
É duro pensar que esta gente está na porta das escolas, a oferecer substâncias da mais abjecta qualidade aos vossos filhos?
Mas e se, ao contrário do que nós imaginamos, esta história de guerra às drogas tenha enriquecido ainda mais  estes criminosos, lhes tenha dado ainda mais poder e domínio, proibindo a concorrência e transparência, entregando um monopólio de um mercado trilionário nas mãos de um punhado de pessoas dispostas a tudo para mantê-lo?
E se essa história foi a responsável por criar drogas muito mais perversas do que a humanidade jamais ouviu falar – como o crack?
E se defender uma guerra, que até hoje não produziu qualquer resultado, signifique defender menos policias nas ruas, a combater crimes como assassinatos, assaltos, sequestros, estupros?
E se essa gente toda, que movimenta um montão de dinheiro em corrupção, eleja candidatos, molhe a mão de autoridades importantes, tenha trânsito livre pelo mundo?
E se esta história de “não devemos dar concorrência para as Farc, porque ela terá o monopólio do mercado de drogas na América Latina”, seja história para boi dormir, e não faça o menor sentido do ponto de vista económico?
De que lado queres ficar?

Falar sobre o impacto das drogas no mundo é falar sobre a economia do crime.
E mais do que julgar pela emoção é preciso analisar factos, estatísticas e informações históricas relevantes – inclusive dos resultados práticos de países que já tomaram medidas de legalização ou descriminalização.
Falar que “quem defende essa teoria, defende o traficante de drogas”, é o mesmo que acusar quem defende o direito ao porte de armas de “defender os interesses de traficantes de armas”, ou ainda os movimentos pró-escolha de “defenderem os interesses das clínicas clandestinas de aborto” – tu podes ser contra a legalização das drogas, o direito ao porte de armas e o aborto, mas certamente deves encontrar outros motivos para isso: em todos esses casos o que se procura é justamente tirar da ilegalidade e das mãos do crime, mercados que movimentam bilhões todos os anos e deixam sequelas gravíssimas em toda a sociedade.

Acreditar que centenas de milhões de pessoas deixarão de consumir drogas ilícitas da noite para o dia – apenas porque “eu acho que isso é certo” – também não parece uma postura sensata para encarar este problema.

Queres saber mais a respeito desta história?
Estás no lugar certo.
A arte é do australiano Stuart McMillen.




























Numa palestra arrojada (e brilhante), o reformista de política para as drogas Ethan Nadelmann faz um apelo apaixonado para acabar com o movimento “retrógrado, sem coração e desastroso” contra o tráfico de drogas.
Por fim ele dá-nos dois bons motivos porque devemos nos concentrar na regulamentação inteligente. 

Ethan Nadelmann é director e fundador da ONG Drug Policy Alliance.
Ex-professor da Universidade de Princeton e autor de dois livros, hoje é considerado um dos líderes do movimento pelo fim da guerra às drogas.


               


ESTUDO REALIZADO EM 11 PAÍSES REVELA: 
A GUERRA ÀS DROGAS FRACASSOU
Após 8 meses de investigação, britânicos concluem: proibir não funciona.

O último estudo do governo britânico sobre drogas, publicado no último dia 30 de Novembro de 2014, é o primeiro relatório oficial, desde 1971, a afirmar que a guerra às drogas falhou no país. Após 8 meses de intensas análises de dados de 11 países, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a proibição não possui nenhuma correlação com a diminuição do número de usuários de drogas.

O relatório, intitulado “Drugs: Internation Comparators” foi assinado tanto pela Secretária de Estado, a conservadora Theresa May, quanto pelo Ministro de Prevenção ao Crime, o liberal democrata Norman Baker.

Um dos pontos enfatizados pelos pesquisadores é a comparação entre Portugal e a República Tcheca, dois países onde o uso pessoal de drogas não caracteriza crime.

“Em nossa análise dos factos, não observamos nenhuma relação clara entre a firmeza com a qual a proibição da posse de drogas é levada, e os níveis de uso de drogas nesse país. A República Tcheca e Portugal possuem uma abordagem similar quanto à posse de drogas, onde a posse de pequenas quantidades de qualquer droga não é motivo suficiente para um processo criminal, mas enquanto os níveis de uso de drogas em Portugal são relativamente pequenos, o nível de uso de cannabis na República Tcheca é um dos maiores da Europa”, afirmam.

Por outro lado, os dados apontam que leis mais rígidas, mesmo quando apresentam algum sucesso relativo, ainda são mais caras e menos eficientes que políticas menos rígidas:

“Os indicadores do nível de uso de drogas na Suécia, que tem uma das políticas mais rígidas contra o uso de drogas que nós vimos, apontam para níveis relativamente baixos de uso de drogas, mas estes níveis não são evidentemente mais baixos que em outros países com abordagens diferentes”.

Por outro lado, os autores já têm uma posição definida sobre a guerra às drogas: ela falhou no seu principal objectivo, o de reduzir o consumo.

“A disparidade da tendência ao uso de drogas e das estatísticas criminais entre países com abordagens similares, e a falta de uma correlação clara entre a ‘rigidez’ da aplicação de uma lei e os níveis de usos de drogas mostram a complexidade do problema. Melhores resultados na saúde dos usuários de drogas não aparenta ser um resultado directo de uma abordagem mais rígida”, afirma o último parágrafo do relatório.

Guerra às Drogas é um termo aplicado a uma campanha, liderada pelos Estados Unidos, de proibição de drogas, ajuda militar e intervenção militar, com o intuito de definir e reduzir o comércio ilegal de drogas. 
Esta iniciativa inclui um conjunto de políticas de narcóticos que são destinadas a desencorajar a produção, distribuição e o consumo do que os governos participantes e as Nações Unidas definem como drogas psicoativas ilegais. 
O termo foi popularizado pela mídia logo após a conferência de imprensa dada em 18 de Junho de 1971 pelo então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, durante a qual ele declarou que o abuso do uso de drogas ilegais era o "inimigo público número um".

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