quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O cansaço




O cansaço 
é o primeiro sinal de que 
algo não está bem connosco. 


A verdade é que temos tendência a desvalorizá-lo e a encontrar mil e uma desculpas para ele.
Parece que temos dificuldade em entender que estar cansado é o mesmo que dizer que devemos perceber de onde ele vem e como podemos fazer para pará-lo.
O cansaço é um sinal muito poderoso de que existem coisas na nossa vida que nos esgotam. Inicialmente, esse cansaço é apenas físico, mas depois transforma-se em mental e, finalmente, em emocional.

Dizer que o cansaço é normal é o mesmo que dizer que também é normal sofrer e viver em esforço.
Hoje, muitos nos incutem que a depressão é normal, que o cansaço e o descontentamento são próprios dessa sociedade competitiva e exigente. Parece algo sem remédio e inevitável. O problema é que muitas pessoas acreditam nisto e passam a achar normal estar deprimidos e cansados.
O cansaço não é normal e muito menos a depressão.
Ambos resultam de estarmos em esforço e de não conseguirmos sair de lá.

O cansaço é um sinal de que não estamos onde deveríamos estar, de que não estamos a fazer aquilo que devíamos estar a fazer. É um sinal de que não estamos no nosso caminho ou, se estamos, estamos num ritmo que, supostamente,  não é o nosso.



Assim, o cansaço surge na nossa vida como consequência de uma de duas situações:

  • Por estarmos a fazer algo que não queremos fazer.
  • Por estarmos a fazer algo que gostamos, mas num ritmo muito acelerado.


Em qualquer uma das situações, o necessário é parar, antes que seja tarde.

No primeiro caso, quando estamos a fazer algo que não queremos fazer, seja num trabalho, numa relação, num local, ou seja em que situação for, o cansaço é inevitável.
Estar no caminho errado, estar onde não devíamos estar, só nos faz querer chegar depressa demais à frente: ao fim de semana, às férias, ao final do ano, etc. e perdemos a possibilidade de viver o momento presente, o único onde podemos e devemos fazer a diferença.
Quando estamos no caminho errado, a verdade é que nem sentimos o caminho. Só queremos que tudo passe depressa e esperamos por um milagre para o qual não fazemos nada para que aconteça.
Muitos de nós ainda não entenderam que os milagres partem sempre de nós. Nós somos o próprio milagre, pela capacidade que temos de criá-lo na nossa vida.
Quando estamos num caminho errado, num caminho onde não queremos estar e que não nos diz nada, o destino final nunca nos agrada, porque a desilusão e a frustração estão sempre presentes durante a viagem.
Assim, sempre que estivermos nesta situação, devemos parar para entender o que está a provocar-nos o cansaço e, depois, mudar. Se não mudarmos o que nos cansa, vamos inevitavelmente entrar em depressão e lamentar muito mais coisas na vida.

Não parar nestas situações é condenar-nos ao cansaço extremo, ao cansaço físico, mental e emocional. E depois, tudo fica bem mais complicado, porque falta-nos a força e o discernimento para dar a volta e encontrar uma solução.

Normalmente, quando não paramos, a vida nos para, de uma forma bem mais dura.
Parar é fundamental para nos reorganizarmos e escolhermos qual a mudança que vai nos tirar de onde o cansaço persiste.


Na segunda situação, quando estamos a fazer algo que gostamos, mas estamos a andar depressa demais, o cansaço também é inevitável.
Normalmente, queremos chegar demasiado depressa a um lugar que achamos fundamental e, como tal, damos demasiado de nós mesmos.
Tudo tem um ritmo e um tempo próprios. Fazer o que gostamos não é exceção.
Quando queremos dar mais do que aquilo que podemos, mesmo sendo para algo de que gostamos, vamos acabar por cair a meio do caminho… e tudo fica perdido.

Aliás, regra geral, o cansaço que sentimos leva-nos a inevitáveis e obrigatórios fracassos, que por sua vez levam a deixar de acreditar em nós mesmos e naquilo que tanto gostamos.

Por isso, quando estamos a fazer algo de que gostamos, não queiramos chegar a lado nenhum senão ao momento presente. Podemos fazer planos, mas não querer atingi-los a todo o custo, com esforço ou horas extras. Aquilo de que gostamos deve ser usufruído e proporcionar-nos bem-estar. Quando forçamos algo, isso deixa de ser bom para nós.


Lembremo-nos sempre de que onde existe esforço, existe cansaço.
Onde existe cansaço, existe sofrimento.

Que possamos ficar apenas onde nos sentirmos bem e que mudemos tudo aquilo que nos faça sentir cansados.
A vida é uma bênção. 
Não vamos transformá-la num tormento.


JOSE MICARD TEIXEIRA





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