quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O segredo para ter mais não é ter mais; é precisar de menos.


E saboreá-lo ainda mais.
O gajo mais feliz do mundo não é, nunca é, o gajo que tem mais coisas do mundo.
O gajo mais feliz do mundo é, é sempre, o gajo que precisa de menos coisas do mundo.
O gajo que faz de um prato de sopa um banquete, o gajo que faz de um Ti um palácio, de uma cama que geme o mais faustoso dos leitos de prazer.
O gajo mais feliz do mundo é o gajo menos precisado do mundo.
O gajo que não precisa de mais do que aquilo que tem para ter tudo aquilo que quer ter.
O segredo para a felicidade é não ter segredo nenhum.
O segredo para a felicidade é valorizar a preço de ouro o que se tem e valorizar a preço de merda aquilo que não se tem.
E é mesmo assim: o que tens é ouro e o que não tens é merda.
E é só o facto de tu quereres o que não tens que eleva o valor do que não tens a um valor, por vezes, ainda mais elevado do que aquilo que tens.
Aprende de uma vez por todas: nasceste com tudo aquilo de que precisas.
Então aproveita-o.
Aproveita-o em pleno.
Aproveita-te em pleno.
É claro que podes, e deves, querer mais.
Querer mais não é errado, nem sequer é deprimente.
Querer mais é fixe.
É querer mais que faz o mundo andar.
Quer mais.
Quer todos os dias mais.
Mas nunca te deixes ser menos só porque queres mais.
Nunca te contentes com o que tens; mas, mais ainda, nunca fiques descontente com o que não tens.
O que tens tem de nunca te deixar contentado.
Mas tem, ainda assim, de te deixar contente.

in, "O Livro dos Loucos", 
Pedro Chagas Freitas

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