A infância é um período decisivo
na formação da personalidade,
caráter e modo de agir do adolescente e do adulto.
Os primeiros sete anos são fundamentais
para a constituição da mente futura.
Acontecimentos precoces de natureza física, emocional, social e cultural permanecem inscritos por toda vida nas conexões sinápticas (processamento e transmissão de informações dos neurônios). Essas evidências foram confirmadas em achados recentes da Neurociência.
O que compõe toda a estrutura de caráter da criança são os hábitos. Sendo assim, para criar um modo de agir, raciocinar e socializar, é necessário o uso da repetição.A criança absorve tudo o que vê, principalmente na primeira infância, em que ela descobre o mundo. Todo o desenvolvimento infantil depende, essencialmente, do ambiente no qual ela está evoluindo.
É na infância que ela absorve e estrutura a personalidade do futuro adulto.
Uma infância privada de instrumentos afetivos fundamentais para o desenvolvimento saudável da criança, do ponto de vista psíquico, social e cultural, resulta em adultos dentro de modelos corruptos, consumistas, predatórios e competitivos.
Segundo dados de Rockey, Ron e Nancy, Chosen (Nampa, Idaho: Pacific Press Publishing Association, 2001), só nos primeiros doze meses de vida, o Ser Humano aprende metade, ou seja, 50%, de tudo que irá absorver em toda a sua vida.
No período seguinte, o segundo ano de vida, obtém mais 25% de todo o conhecimento que guardará ao longo dos anos.
E até ao final da puberdade, os restantes 25%.
Assim, pode-se dizer que o maior peso dos atributos do agir e pensar de uma pessoa encontra-se no desenvolvimento da criança. Durante essas fases do desenvolvimento infantil, consolida-se atitudes como o modo de sentar e até mesmo a maneira que a pessoa segue a sua linha de raciocínio para tomar decisões em sua vida por exemplo.
O que é o Caráter? Como ele se forma?
Um dos maiores conhecimentos que Freud trouxe à psicologia foi quando mencionou que a experiência da infância tem uma forte influência sobre a personalidade adulta.
“O desenvolvimento da personalidade envolve uma série de conflitos entre o indivíduo, que quer satisfazer os seus impulsos instintivos, e o mundo social (principalmente a família), que restringe este desejo.”
Sigmund Freud, considerado o “pai da psicanálise’, foi o primeiro a observar que o caráter e seus traços podem ser explicados como sendo transformações permanentes dos impulsos primitivos, infantis.
Então, outro austríaco, e seu discípulo, o médico, psicanalista e cientista natural, Wilhelm Reich, aprofundou o significado de caráter; Wilhelm Reich foi o primeiro teórico que se preocupou em formular uma teoria coerente do caráter através da seguinte teoria, descrita no seu livro "Análise do Caráter":
“O CARÁTER CONSISTE NUMA MUDANÇA CRÓNICA DO EGO QUE SE PODERIA DESCREVER COMO UM ENRIJECIMENTO.”
Nesse sentido podemos compreender o caráter como algo que se forma para manter uma estrutura necessária ao desenvolvimento do indivíduo, porém, quanto mais rígida e inflexível é a estrutura do caráter, que irei explorar noutro post, mais esse caráter se transformará numa resistência que tenta manter o material inconsciente fora de alcance, fazendo com que o indivíduo passe a reagir de modo automático como um mecanismo de defesa.
Ou seja, o caráter não é uma escolha deliberada, ele se forma devido à necessidade do indivíduo se proteger do meio externo e dos conteúdos do próprio inconsciente. O caráter é uma reação àquilo que foi experimentado na infância. Cada caráter é único porque cada experiência é única.
Para Reich, o caráter está relacionado ao relacionamento familiar e formação da sexualidade.
A esses dois fatores somam-se a busca pelo prazer aliado com as identificações e as restrições (internas e externas) e também contextos sociais e culturais.
Sua teoria defende ainda que a soma desses elementos pode ou não desencadear a neurose, transtorno psiquiátrico responsável por extrema angústia externada por perturbações mentais.
Caráter é a forma como a pessoa se apresenta e se comporta em suas relações.
É a atitude psíquica particular em direção ao mundo externo, específica a um dado indivíduo. É determinado pela disposição e pela experiência de vida, assim, podemos considerar tipos de caráteres onde se apresentam comportamentos mais ou menos ajustados à realidade e ao contexto social.
Na visão reichiana, caráter seria a dimensão total das atitudes e ações individuais em relação ao mundo. Sua formação estaria ligada a diversos fatores, entre os quais os processos de identificação com as figuras parentais, o desenvolvimento psicossexual, a relação entre ideal de ego e ego e a receptividade do prazer em relação às restrições e identificações. A variação desses fatores, devido ao contexto social, cultural e sexual, a disposição herdada pelo indivíduo e as defesas que se formam durante a vida, poderiam aproximar ou afastar o caráter da neurose.
O caráter é composto por atitudes e hábitos de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes, valores conscientes e comportamentos.
Ou seja, é a maneira como a pessoa se expressa na vida, tanto na forma (postura, movimentos, expressões corporais, entonação da voz etc.), como no conteúdo (comunicação verbal).
Caráter é o modo habitual de agir e reagir de uma pessoa, de se defender e se adaptar ao meio ambiente, ou seja, adequar os impulsos internos às exigências do mundo exterior. Em outras palavras, é a forma como o indivíduo se relaciona consigo mesmo e com o meio ambiente.
Os traços de caráter derivam das soluções que o indivíduo encontrou para resolver suas situações de conflito. Portanto, a formação do caráter é influenciada pelo choque entre os impulsos naturais do indivíduo e as frustrações a ele impostas ao longo das etapas do seu desenvolvimento, que pode ser mais ou menos autoritária e repressora.
No entanto, a formação do caráter não depende apenas do tratamento sofrido durante o seu desenvolvimento, mas também da intensidade e frequência das situações stressantes e da predisposição natural do indivíduo, além de outros fatores.
O organismo desenvolve-se numa estrutura lamelar, em que cada camada é recoberta por outra, e cada uma retém a memória dos conflitos emocionais vividos na sua formação. Esses conflitos se manifestam através de gestos, posturas, palavras, movimentos, vestuário etc.
Por isso, é possível ‘ler’ no corpo de um indivíduo os seus conflitos, medos, angústias, desejos e repressões e, desse modo, descobrir a maneira como a pessoa se defende das vicissitudes da vida.
Mas, sobre isso falarei num outro post, sobre a Análise do Carácter.
Um indivíduo que atravesse todas as etapas do seu desenvolvimento sem maiores constrangimentos de seus impulsos naturais, chega à idade adulta demonstrando um caráter maduro, autorregulado, sem bloqueios.
Mas, se o indivíduo sofrer repressões maiores do que é capaz de suportar, apresentará um comportamento fixado na etapa do desenvolvimento infantil em que ocorreram essas repressões. Desse modo, formam-se os caracteres neuróticos.
A finalidade do caráter é proteger o ego dos perigos internos e externos e, como função protetora, limita a mobilidade psíquica da personalidade. Essa função protetora podemos chamar de couraça de caráter, que se forma como resultado crônico do choque entre exigências pulsionais, o mundo externo que frustra essas exigências e a censura que impomos a nós mesmos.
O caráter é como um escudo para qualquer tipo de ação perigosa, seja ela oriunda de acontecimentos externos ou internos, e controla o limite entre psíquico da personalidade. Essa limitação, ou censura, provém do que aprendemos como errado ou inválido, ou até mesmo de repressões externas aos nossos atos. Quando adulto, onde houve uma evolução equilibrada, onde o ego foi reprimido quando necessário, e gratificado nas alturas certas, nesses indivíduos, há a presença de maior equilíbrio emocional e mental, o que trará numa fase adulta maiores hipóteses de ter uma vida mais plena e equilibrada.
O caráter tem relação com a maneira pela qual a pulsão (impulso de excitação corporal) e a frustração são elaboradas nas fases do desenvolvimento psicossexual. São elas:
Gestação - A primeira etapa do desenvolvimento é a gestação.
Se durante o desenvolvimento embrionário e fetal ocorrer algum stress importante, o recém-nascido apresentará dificuldades de adaptação, devido ao trauma retido num ‘núcleo traumático’, o que pode se manifestar por esquiva a qualquer contato físico ou social, e pelo predomínio da razão sobre a emoção.
Oral – do nascimento a 1 ano.
É o período de contato para aprender a se alimentar, tornando-se ativo quando saciamos ou sentimos fome, sede e o contato para amamentação;a interação primária da criança com o mundo é através da boca. A boca envolve a nutrição pela alimentação e nutrição afetiva, a criança obtém prazer na estimulação oral por meio de atividades gratificantes, como degustar e chupar. Envolve a satisfação da fome e da sede e as sensações do contato com a mãe na amamentação, estimulando funções como: sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. Se essas necessidades não são satisfeitas, a criança pode desenvolver uma fixação oral mais tarde na vida, cujos exemplos incluem chupar o dedo, roer as unhas, tabagismo, alcoolismo, compulsão alimentar etc. Vai dos primeiros dias de vida extrauterina até ao momento do desmame – em torno do nono mês de vida, quando o bebê possui dentes que lhe permitem triturar os alimentos sólidos.
Nessa etapa, a principal relação do bebê é com o seio materno, fonte de alimento, afeto e proteção.
Amamentação insuficiente – em quantidade ou qualidade (sem afeto) – e desmame brusco provocam um stress na criança, e facilitam a formação de uma estrutura de caráter que privilegia o lado afetivo e social, mas apresenta uma tendência à dependência e à depressão.
Nesta fase a zona de erotização é a boca, as atividades prazerosas são em torno da alimentação (sucção). Quando o bebê aprende a associar a presença da mãe à satisfação da pulsão da fome, a mãe vem a ser um objeto à parte, ou seja, o bebê começa a diferenciar entre si próprio e os outros. Uma fixação nessa fase provoca o desenvolvimento de um tipo de personalidade de caráter oral, do qual os traços fundamentais são o otimismo, a passividade e a dependência.
Para Freud, os transtornos alimentares poderiam se dar às dificuldades na fase oral.
Anal – de 1 a 3 anos.
É fase de controle das funções que levam à defecação;envolve o controle dos esfíncteres anais e a defecação. Uma questão fundamental nessa fase é o aprendizado do uso do banheiro e a relação entre as crianças e os pais durante esse processo. Demasiada pressão ou um treino muito precoce pode resultar em uma necessidade excessiva para a ordem, a limpeza e o controle mais tarde na vida,
enquanto que muito pouca pressão dos pais pode levar a um comportamento confuso ou destrutivo mais tarde.Aqui, a criança começa a desprender-se da mãe e inicia a sua socialização, através da locomoção, fala, jogos, brincadeiras etc.
Nesse momento, a criança é muito curiosa. Começa a explorar o mundo à sua volta, geralmente imitando os pais ou cuidadores, primeiros modelos para as suas atitudes na vida adulta.
Naturalmente, suas atividades devem ser controladas, a fim de protegê-lo contra acidentes etc., e também para a educação das funções excretoras.
Mas, se os cuidadores são muito rígidos, severos, punitivos e repressores, ocorrerá um recalcamento da espontaneidade da criança, o que pode gerar um caráter masoquista, pois as frustrações e o medo de punição tornam a criança submissa.
O indivíduo com caráter masoquista é disponível e prestativo, sempre pronto a ajudar os outros, mas com muito sacrifício e sofrimento.
Se, por outro lado, os cuidadores são moralistas e muito exigentes em relação aos cuidados com a ordem e a limpeza, poderão gerar um caráter obsessivo-compulsivo, em que predominam as preocupações excessivas, em particular com a ordem e o asseio.
O caráter compulsivo é organizado e metódico, com tendência ao moralismo.
Uma fixação nesta fase pode causar conflitos para o resto da vida em torno de questões de controle, de guardar para si ou entregar. O caráter anal é caracterizado pro três traços que são: ordem, parcimônia (econômico) e teimosia.
Fálica – de 3 a 6 anos.
Aqui surge o famoso conceito de Freud, o complexo de Édipo. Há o início da consciência dos órgãos genitais; reconhecimento dos órgãos genitais e elaboração do complexo de Édipo, que consiste no menino desejar a própria mãe, mas por medo da castração abandona esse desejo; igualmente ocorre com a menina mudando apenas os papéis, onde o pai seria o seu objeto de desejo.
Uma não resolução nessa fase pode ser considerada como a causa de grande parte das neuroses.
O principal foco da energia é sobre os órgãos genitais. Ocorre uma atração voltada para o progenitor do sexo oposto, no sentido do desejo e do afeto. Para lidar com este conflito, as crianças adotam os valores e as características do progenitor do mesmo sexo, formando assim o superego.
É a etapa de identificação de gênero, em que os meninos descobrem que são diferentes das meninas, pela observação de seus órgãos genitais externos.
Se a manipulação dos genitais for reprimida com severidade, poderá ocasionar um caráter narcisista ou histérico.
O caráter narcisista gosta de parecer melhor do que os outros e costuma ser hipersensível às críticas.
O caráter histérico gosta de chamar a atenção sobre si, e utiliza a sedução como forma para ganhar aliados.
Genital – dos 6 ao final da puberdade, aos 13 anos.
Aqui, a estruturação do caráter completa-se.
O processo da puberdade dura 4 a 5 anos para ambos os sexos, e termina por volta dos 13 anos. Nessa fase, o ego ganha mais estrutura e ocorrem as mudanças no corpo. Ocorrem mudanças corporais, há um retorno da energia libidinal aos órgãos sexuais e uma maior estruturação do ego. Nesta fase, as pessoas desenvolvem um forte interesse pelo sexo oposto. Se o desenvolvimento é bem-sucedido até este ponto, o indivíduo irá continuar a evoluir para uma pessoa bem equilibrada, com sentimentos ternos, sabendo expressar suas emoções de forma carinhosa, respeitosa.
o indivíduo livre de conflitos pré-edípicos significativos, aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a satisfação do companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta. Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é prazeroso.
Se todo o processo tiver sido satisfatório, surgirá um indivíduo possuidor de um caráter saudável, autorregulado, equilibrado, maduro.
Caso contrário, poderá persistir uma certa infantilidade em alguns aspectos do comportamento do indivíduo.
Portanto, o caráter neurótico se caracteriza por apresentar traços infantis em seu comportamento.
Uma pessoa que ‘aprendeu’ a não falar quando criança (para evitar uma possível punição, por exemplo), acaba tendo dificuldade para se comunicar na vida adulta.
Ela não sabe porque não consegue se expressar. A repressão é inconsciente. E o que é inconsciente, o que não se sabe, não se pode mudar.
Por isso é tão importante ‘regredirmos’, falarmos de nossa infância.
É lá que se encontra a origem de nossas dificuldades na vida adulta.
Vale lembrar que as fases citadas não compreendem rigidamente as idades mencionadas.Cada criança possui um desenvolvimento singular.
Quando o indivíduo supera o complexo de Édipo (que ocorre na fase fálica, dos 4 aos 6 anos), haveria a elaboração do conflito entre os desejos genitais incestuosos e a frustração desses desejos, ou seja, os desejos amorosos que a criança experimenta em relação ao progenitor do sexo oposto e os desejos hostis que experimenta em relação ao progenitor do mesmo sexo. Se a criança se desenvolveu de maneira saudável, se os impulsos foram parcialmente gratificados e reprimidos de maneira equilibrada e as ações sofridas são incorporadas ao ego, este se torna forte e integrado, dirigido à realidade.
Se os desejos genitais são muito intensos e o ego é fraco, ocorre o medo à punição e o ego se protege através dos recalques, que é um mecanismo de defesa que envia as ideias que são incompatíveis com o ego para o inconsciente. A consequência disso seria a formação de um caráter com atitudes de evitação do medo. Em ambos os casos, a formação do caráter cumpre funções económicas de aliviar a pressão do recalque e fortalecer o ego. Essa base de reação na tentativa de proteger o ego torna a pessoa rígida e limitada em suas percepções e ações.
A função económica do caráter e suas resistências servem para evitar o desprazer e estabelecer e manter o equilíbrio psíquico - mesmo que esse equilíbrio seja neurótico - e, absorver as energias reprimidas.
O caráter de uma pessoa se forma com base nos bloqueios sofridos nas etapas do desenvolvimento psicossexual e emocional. Um stress sofrido numa ou mais etapas poderá criar uma fixação numa dessas fases e irá determinar o caráter ou os traços de caráter, ou seja, o conjunto de características que a pessoa vai adotar para funcionar na vida.
Muita gente confunde os termos puberdade e adolescência,
mas ambos são processos diferentes, que acontecem na passagem da infância para a vida adulta.
A puberdade é o conjunto de mudanças biológicas que acontecem na transformação dos corpos infantis em corpos de adultos, entre os 8 e os 13 anos de idade, em ambos os sexos.
Adolescência acontece em indivíduos que estão com idades entre os 13 aos 18 anos.
O comportamento do adolescente é individual e causado pela somatória de suas experiências da vida, seus relacionamentos com a família e amigos, o ambiente de criação e a hereditariedade, mas, somadas a essas vivências, sofre influência também das oscilações hormonais e mudanças cerebrais que ocorrem nesse período.
Espera-se que os jovens estejam mais maduros do ponto de vista psicossocial ao final da puberdade, no entanto, já se sabe atualmente, que o cérebro humano só completa o seu desenvolvimento em torno dos 25 anos de idade e que, portanto, a maturidade física é atingida alguns anos antes da emocional.
A teoria do psicanalista Reich, descrita no livro "A Análise do Carácter", ainda descreve as seguintes possibilidades que compõem a estruturação de caráter de uma pessoa:
- A FASE NA QUAL A PULSÃO É FRUSTRADA;
- A FREQUÊNCIA E A INTENSIDADE DAS FRUSTRAÇÕES;
- AS PULSÕES CONTRA AS QUAIS A FRUSTRAÇÃO É DIRIGIDA;
- A CORRELAÇÃO ENTRE PERMISSÃO E FRUSTRAÇÃO;
- O SEXO DO PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA FRUSTRAÇÃO;
- AS CONTRADIÇÕES NA PRÓPRIAS FRUSTRAÇÕES.
Essas condições são determinadas pela ordem social dominante no que diz respeito à educação, moralidade, satisfação das necessidades, pela estrutura econômica e psiquismo dos pais e demais cuidadores.
Existem ainda duas situações na constituição de um caráter:
- O caráter reprimido, onde a repressão agiria na diminuição da pulsão fazendo com que o organismo não consiga descarregar a sua energia sexual, tornando uma pessoa rígida e imóvel e ainda podendo voltar a sua agressividade contra ela mesma. Exemplo disso é a pessoa deprimida, que é incapaz de reagir perante a vida;
- E o caráter insatisfeito, onde a energia sexual não é totalmente descarregada. Essa impossibilidade de satisfação será sempre sentida como uma necessidade / impulso e este caráter correrá o risco de viver sempre nos excessos. Exemplo: se a pulsão sexual foi bloqueada / insatisfeita na fase oral, o indivíduo tenderá a se comportar bebendo em excesso, podendo chegar ao alcoolismo, fumando em excesso (tabagismo), comendo excessivamente etc.
Se formos considerar uma avaliação de caráter, podemos pensar no “bom caráter” como um caráter saudável ou genital (sem bloqueios) e “mau caráter” como o caráter neurótico (que sofreu bloqueios durante as etapas do desenvolvimento psicossexual), porém, na visão reichiana, a própria ideia de caráter tem uma conotação negativa, pois indicaria uma estrutura rígida que não é flexível à mudanças.
Caráter é comportamento característico, é expressão psíquica e corporal, seja ela mais contraída ou mais expandida, é uma possibilidade de ser e de estar no mundo. É a manifestação de uma pulsação energética que produz determinado tipo movimento.
Entender os hábitos positivos:
A importância do amor e carinho:
Esses sentimentos não englobam somente a forma de tratar a criança, mas sim o que envolve todo o ambiente. No período infantil, o cérebro absorve tudo o que sente e vê como uma esponja, e toma aquilo (às vezes até de forma inconsciente) como verdadeiro. Portanto, se a criança vê com frequência a falta de educação e falta de respeito entre os pais, ela será futuramente um espelho desse comportamento.
Momento de corrigir e momento de brincar:
Pais não são amigos, são educadores. Entender o seu filho, escutá-lo e fazer parte de seu dia a dia, não significa amizade. A criança deve ver os seus pais como pessoas que servem de exemplo e que são os melhores conselheiros, porém não passarão a mão na sua cabeça quando for preciso um castigo. Por outro lado, é de extrema importância a atenção, e consideração com os momentos de lazer e brincadeiras. Relaxar faz parte de aprender, e a presença dos responsáveis nesses períodos cria um forte elo entre a família.
Rotina e respeito:
Uma das formas de se aprender mais facilmente é por meio da repetição de conceitos e atividades. Criar um cronograma de ações que alterna aprendizagem, educação e lazer é uma das maneiras mais eficientes de se educar um filho.
Aprender a cooperar:
Fazer parte da rotina e trabalhos de casa não é exploração quando for feito na medida certa. Embora a criança atrapalhe a eficiência do processo, permitir que ela participe da organização do lar, por exemplo, faz com que ela absorva maneiras de aprender a conviver em sociedade e ser cooperativa.
Ser honesto e justo:
Aquela borracha do amigo que ele usou emprestado durante a aula e esqueceu no estojo?
Então, ela deverá ser devolvida.
Não é dele, e a criança deve aprender isso desde cedo.
Resumindo,
Considera-se um caráter adequado aquele que não recebeu bloqueios no seu desenvolvimento, podendo equilibrar, assim, o ego, sendo ele classificado como saudável. A má índole ou desvio de caráter ocorrem na ausência de bons exemplos, de uma educação com regras e participação negativas por parte dos pais.
Fontes:
- Alexandre Monçores Salvador. Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta Corporal
- Wilhelm Reich, livro "Análise do Caráter"
- Fernando Freitas, psicoterapeuta
- Centro Reichiano
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