sábado, 3 de outubro de 2020

A Psicologia do Amor




O título português, não faz a menor justiça ao original "Love's Executioner". 
Por isso ponho aqui a capa do livro na tradução brasileira.

O mais delicioso do livro é a exposição da experiência da "contra-transferência", isto é, da vulnerabilidade do próprio psicólogo, que reage às histórias dos pacientes a partir dos seus próprios fantasmas e preconceitos, cansaços e impaciências. É nesse aspecto que o autor se torna, aos nossos olhos, uma pessoa frágil e cheia de dúvidas, sempre em estado de paixão por alguns dos seus pacientes, fascinado com certos casos ou absolutamente desinteressado de outros - embora, numa postura de permanente auto-vigilância, não deixe que a paixão o transporte, e se esforce por investir em todos por igual. 

O livro começa com um prólogo magnífico que diz mais ou menos isto:

Imagina o seguinte: é pedido a um grupo de pessoas, que não se conhecem umas às outras, que se agrupem em pares e façam ao respectivo parceiro apenas e só uma pergunta: «O que queres?», vezes e vezes sem conta. Haverá algo mais fácil do que isso? Trata-se de uma pergunta inocente  e da sua resposta.  Ainda assim, vezes e vezes sem conta, esta pergunta suscita, inesperadamente, emoções fortes. Homens e mulheres —  indivíduos que não são, de modo algum, desesperados nem carentes, mas pessoas bem sucedidas, funcionais e elegantes que parecem luzir quando se passeiam —, sentem-se abalados até ao âmago do seu ser. 
Bradam a entes desaparecidos — pais, cônjuges, amigos e filhos falecidos ou ausentes: 
«Quero voltar a ver-te.» «Quero que me ames.» «Quero saber se te orgulhas de mim.» «Quero que saibas o quanto te adoro e o quanto lamento que nunca to tenha dito.» «Quero que voltes para mim... estou tão sozinho.» «Quero a infância que nunca tive.» «Quero ter saúde... quero voltar a ser jovem. Quero ser amado e respeitado. Quero que a minha vida tenha sentido. Quero fazer algo da vida. Quero fazer a diferença, quero ser importante e não cair no esquecimento.”

Tanto querer. Tanto ansiar. E tanta dor, tão à  flor da pele, a poucos minutos de se expor. 
Dores do destino. Dores existenciais. Dores sempre presentes, que arranham, constantemente, a membrana da nossa vida. Dores demasiado acessíveis. Muitas situações — um exercício de grupo,  um instante de profunda reflexão, uma obra de arte, uma homilia, uma crise pessoal, a perda de um ente querido —, relembram-nos de que os nossos desejos mais íntimos podem nunca vir a ser satisfeitos: o desejo de juventude e de travar o envelhecimento, o desejo do regresso de pessoas desaparecidas, de amor eterno, de protecção, significância, até de  imortalidade.
É quando esses desejos inviáveis dominam a nossa vida que pedimos socorro à família, aos amigos, à religião e, por vezes, a psicoterapeutas. 

Este livro narra as histórias de dez pacientes que recorreram à terapia  com o Dr. Irvin Yalom e que, no decurso do processo terapêutico, se debateram com dores existenciais. Não foi esse o motivo pelo qual procuraram a sua ajuda,  muito pelo contrário, visto que os dez sofriam de problemas banais do dia-a-dia: solidão, auto-desprezo, impotência, enxaquecas, compulsões sexuais, obesidade, hipertensão, angústia, uma obsessão amorosa que a tudo o resto consome, mudanças de humor e depressão. 
Porém, de algum modo  (“modo” que se desenrola de maneira diferente em cada história), o processo terapêutico desenterrou as raízes desses problemas corriqueiros, raízes que se estendiam até ao cerne da existência.

«Eu quero! Eu quero!» são palavras recorrentes em todas estas histórias. 
Uma  paciente chorava: «Quero que a minha querida filha ressuscite», ao mesmo tempo que votava ao abandono os dois filhos que tinham sobrevivido. 
Outro insistia: «Quero comer todas as mulheres que vejo», enquanto um cancro linfático invadia todos os recantos do seu corpo. 
Outro clamava: «Quero os pais e a infância que nunca tive», enquanto se angustiava a respeito de três envelopes que não tinha coragem para abrir. 
Outra  afirmou: «Quero ser jovem para sempre», enquanto, idosa, não conseguia desistir do seu amor obsessivo por um homem trinta e cinco anos mais novo do que ela.

O aspecto fundamental da psicoterapia é sempre essa dor existencial, e não, como muitas vezes se diz, os instintos reprimidos, ou os despojos mal enterrados de um passado trágico. Durante o processo terapêutico com cada um destes dez pacientes, o pressuposto clínico fundamental — no qual o Dr Yalom baseou a sua  abordagem — é que a ansiedade essencial emerge dos esforços conscientes e inconscientes do indivíduo por lidar com as duras realidades da vida, os «dados adquiridos» da existência.

Constatou que existem quatro dados adquiridos particularmente relevantes para a psicoterapia: 
  • a inevitabilidade da morte, a nossa e a dos entes queridos; 
  • a liberdade para vivermos como nos aprouver; 
  • a nossa solidão fundamental, e, finalmente, 
  • a ausência de qualquer sentido ou significado  na vida. 
Por mais terríveis que estes dados adquiridos possam parecer, contêm as sementes da sabedoria e da redenção. 

Estas dez  histórias de psicoterapia, demonstram que é possível enfrentar as verdades da existência, e aproveitar a força destas para alimentar a mudança e o desenvolvimento pessoais. 

Entre estes factos da vida, a morte é o mais evidente, o mais intuitivamente palpável. 
Desde cedo, bem mais cedo do que muitas vezes se julga, compreendemos que a morte há-de chegar e que não há escapatória. No entanto, nas palavras de Spinoza: 
«Tudo se esforça por prolongar a sua existência». 
Desenrola-se no nosso imo um conflito eterno entre o desejo de continuar a existir e a noção da inevitabilidade da morte.
Para nos adaptarmos à realidade da morte, somos infinitamente habilidosos no desenvolvimento de técnicas para a negarmos, ou a evitarmos. Na juventude, negamos a morte com a ajuda do encorajamento dos pais e de mitos seculares e religiosos; posteriormente, personificamo-la, transformando-a numa entidade, seja ela um monstro, um João-Pestana, ou um demónio. Afinal, se a morte for uma entidade que nos persegue, talvez encontremos maneira de escapar; além disso, por mais assustador que possa  ser um monstro que traz a morte em si, é menos assustador do que a verdade: que trazemos dentro de nós os esporos do nosso próprio fim. Mais tarde, as crianças experimentam outros métodos para atenuarem a ansiedade face à morte: tiram-lhe o veneno provocando-a, desafiando-a através de actos temerários, ou através da dessensibilização, expondo-se a histórias e filmes de terror na companhia reconfortante dos seus semelhantes e de pipocas com manteiga, ou até a brincar ao dia dos mortos como fazem os americanos e os mexicanos. 
À medida que envelhecemos, aprendemos a não pensar na morte; distraímo-nos; transformamo-la em algo de positivo (uma travessia, um regresso a casa, a reunião com Deus e, finalmente, paz e sossego); negamo-la com mitos que nos sustentam; esforçamo-nos por alcançar a imortalidade  através de obras imperecíveis, projectando a nossa semente para o futuro através dos filhos, ou aderindo a um sistema religioso que admita a  eternização das nossas almas. 
São muitas as pessoas que se opõem a esta descrição da negação da  morte, afirmando: «Que disparate! Nós não negamos a morte. Sabemos que toda a gente há-de morrer. Trata-se de um facto evidente, mas faz algum sentido repisar o assunto? »
A verdade é que estamos, mas não estamos cientes dela. Sabemos da sua existência, admitimos esse facto intelectualmente, mas nós — ou seja, a parte inconsciente da psique que nos protege da ansiedade avassaladora —, rompemos, ou dissociamos o terror subjacente à morte. Esse processo de dissociação é inconsciente, não nos é perceptível, mas é possível convencer-mo-nos da sua existência naqueles raros episódios em que os mecanismos de negação falham, ou a ansiedade perante a morte penetra as defesas com toda a sua intensidade. Trata-se de acontecimentos muito raros, nalguns casos, só se verificam uma ou duas vezes na vida. Por vezes, acontecem quando estamos despertos, depois de escaparmos à morte por pouco, ou quando um ente querido falece; mas é mais frequente a ansiedade diante da morte manifestar-se em pesadelos. 
Quando a ansiedade perante a morte se manifesta através de pesadelos…um pesadelo é um sonho falhado, que, por não «resolver» a ansiedade, não cumpre o seu papel como guardião do sono. Embora os pesadelos variem de acordo com o seu conteúdo manifesto, o processo subjacente é igual em todos: a ansiedade de morte em estado puro solta-se das suas amarras e rebenta no consciente. 
A história de «Em busca do sonhador» no livro, oferece uma perspectiva única dos mecanismos da nossa fuga à ansiedade perante a morte e dos derradeiros esforços da mente humana para a conterem: nesse caso, entre as imagens fúnebres e sinistras que preenchem o pesadelo de Marvin, encontra-se um instrumento que promove a vida e desafia a morte: a bengala luminosa de ponta branca com a qual o sonhador trava um duelo sexual com a morte. O acto sexual também é visto pelos protagonistas de outras histórias como um talismã para esconjurar o enfraquecimento, o envelhecimento  e a aproximação da morte: daí a promiscuidade compulsiva de um jovem face ao cancro fatal (na história «Se a violação fosse legal...»), bem como o apego de um senhor de idade a cartas amarelecidas, escritas por uma falecida amante há trinta e um anos (na história «Não desapareças de mansinho»).
No trabalho que  o Dr Yalom fez ao longo de muitos anos com doentes oncológicos confrontados com a iminência da morte, apercebeu-se de dois métodos particularmente poderosos e comuns utilizados para espantar o medo da morte, duas crenças, ou ilusões, que oferecem alguma sensação de segurança. Uma delas é a fé no estatuto especial do eu; a outra, a fé na chegada de uma salvação na hora H. Embora sejam delírios, por representarem «convicções falsas inabaláveis», ele não lhes atribui essa designação de modo pejorativo: são fés universais que, em algum nível da nossa consciência, existem em todos nós e desempenham um papel em muitas destas histórias relatadas no livro. 
A sensação de que somos especiais está relacionada com a convicção de que somos invulneráveis e invioláveis, de que vivemos à margem das leis fundamentais da biologia humana e do destino. 
Nalgum ponto da vida, todos nós enfrentamos uma crise: pode ser uma doença grave, um insucesso na carreira, ou um divórcio; ou, como aconteceu a Elva, na  história «Nunca pensei que me pudesse acontecer», pode ser um incidente tão simples quanto o roubo de uma carteira, que, de súbito, põe a nu a nossa banalidade e desmente a ideia frequente de que a vida é e será sempre  uma espiral ascendente. Apesar de convicção de que somos especiais ofereça uma sensação de segurança interna, o outro mecanismo fundamental de negação da morte  — a fé num salvador — permite que nos sintamos sempre vigiados e protegidos por uma força exterior. Embora possamos cair e adoecer, embora possamos chegar ao limite da nossa vida, convencemo-nos de que existe uma entidade indefinida, omnipotente, que nos trará sempre de volta. 
Em conjunto, estes dois sistemas de crença constituem uma dialética — duas respostas diametralmente opostas à condição humana. O ser humano ou reforça a sua autonomia através de uma auto-afirmação heróica, ou procura segurança através da fusão com uma força superior. 
Por outras palavras: ou emergimos, ou nos fundimos; ou nos separamos, ou nos integramos. Ou nos tornamos como que nos nossos próprios pais, ou continuamos a ser crianças para sempre. 
A maior parte de nós, na maior parte das circunstâncias, sente-se confortável a evitar, hesitantemente, olhar para a morte, rindo e concordando  com Woody Allen quando diz: 

«Não tenho medo da morte. Só não quero estar presente quando ela acontecer.»
 
Contudo, existe outra via — uma tradição antiga, que se aplica à psicoterapia —, que nos ensina que a perfeita  consciência da morte amadurece o nosso pensamento e enriquece a nossa  vida. 
As derradeiras palavras de um dos pacientes na história  «Se a violação  fosse legal...»), demonstram que, embora o facto, o aspecto físico da morte  nos destrua, a ideia da morte pode ser a nossa salvação.

A liberdade, outro dado adquirido da existência, constitui um dilema para muitos destes dez pacientes do livro. Quando Betty, mulher obesa, anunciou que tinha comido até se fartar pouco antes de ir ao consultório e que tinha a intenção de fazer o mesmo assim que saísse de lá, estava a tentar prescindir da sua liberdade, procurando convencer o Dr. Yalom a assumir controlo sobre a situação. Todo o processo terapêutico com a outra paciente (Telma,  em «O carrasco do amor») girou em torno do modo como se entregara  a um antigo amante (e terapeuta) e da procura de estratégias para ajudá-la a recuperar o seu poder e a sua liberdade. 
A liberdade, como dado adquirido, parece ser a antítese da morte. 
Enquanto temos pavor da morte, geralmente consideramos que a liberdade é inequivocamente positiva. Não terá sido a História da civilização ocidental pontuada com o desejo de liberdade e até impulsionada por ela? Porém, a liberdade do ponto de vista existencial está associada à ansiedade por implicar que, ao contrário do que a experiência do nosso dia-a-dia possa dar a entender, não entramos e acabamos por abandonar um universo bem  estruturado que se rege de acordo com desígnios eternos. A liberdade implica que somos responsáveis pelas escolhas que fazemos, as acções que tomamos e a condição das nossas próprias vidas. 
Embora a palavra «responsável» possa ter diversas acepções, prefiro o modo como Sartre a definiu
ser responsável é «ser o autor de», sendo cada um de nós o autor do percurso da sua própria vida. 
Somos livres de sermos tudo, excepto não livres: estamos, tal como Sartre decerto diria, condenados a sermos livres. De facto, alguns filósofos sugerem ainda mais do que isso, sugerem que a arquitectura da mente humana nos torna até responsáveis pela estrutura da realidade exterior, pela composição do espaço e do tempo. 
É nessa ideia de auto construção que reside a ansiedade: somos criaturas que desejam estruturas de apoio e assustamo-nos com um conceito de liberdade que implica que não existe nada sob os nossos pés, a não ser o abismo. 
Todos os terapeutas sabem que o primeiro passo essencial na terapia é o paciente assumir responsabilidade pelos problemas da sua própria vida. Enquanto estivermos convencidos de que os nossos problemas são provocados por forças ou entidades exteriores, a terapia não tem qualquer influência. Se, afinal, os problemas estão lá fora, porque haveríamos nós de mudar a nossa maneira de estar? O mundo exterior às nossas pessoas (os amigos, o trabalho, o cônjuge) é que deve modificar-se, ou até mesmo ser substituído. Foi por esse motivo que Dave (em «Não desapareças de mansinho»), queixando-se com azedume de que fora encarcerado numa prisão conjugal por uma esposa que mais parecia uma directora-prisional bisbilhoteira e possessiva, só conseguiu progredir no processo terapêutico quando reconheceu a sua responsabilidade pela construção desse cárcere. 
Como os pacientes tendem a resistir a assumir as suas responsabilidades, os terapeutas têm de desenvolver técnicas que lhes permitam fazer com que eles tomem consciência de como criam os seus próprios problemas. Uma técnica eficaz, que é adptada em muitos destes casos, é concentrar o diálogo no que se passa aqui e agora. Como os pacientes tendem a recriar no contexto terapêutico os mesmos problemas interpessoais que os perseguem nas suas vidas, é eficaz o terapeuta concentrar-se naquilo que se passa no momento da consulta, entre si e o paciente, evitando os acontecimentos passados ou actuais na vida dele. Analisando os pormenores da relação terapêutica (ou, na terapia de grupo, das relações entre os participantes),  os terapeutas conseguem determinar facilmente o modo como um paciente influencia  as  reacções de terceiros. Assim sendo, embora Dave tenha resistido a assumir responsabilidade pelos seus problemas conjugais, não pôde resistir à impressão imediata que ele próprio deixava na terapia de grupo, ou seja: o secretismo que caracterizava o seu comportamento, provocador e esquivo, fazia com que os outros participantes tivessem reacções muito semelhantes às da esposa que tinha em casa. Por motivos semelhantes, o processo terapêutico de Betty («A mulher gorda») foi ineficaz enquanto ela atribuiu a sua solidão à cultura excêntrica e instável da Califórnia. Só quando lhe foi demonstrado, como o seu comportamento tímido, inacessível,  recriava esse  mesmo ambiente impessoal no contexto terapêutico, começou a explorar a responsabilidade que tinha na criação do seu próprio isolamento. 
Embora a capacidade para assumir as suas responsabilidades deixe o paciente no limiar da mudança, não é sinónimo desta. E o prémio que realmente perseguimos é a mudança propriamente dita, por mais que um terapeuta possa procurar encaminhar o paciente para a introspecção, a assunção das suas responsabilidades e a auto-realização. A liberdade não só nos obriga a admitirmos a responsabilidade que temos nas escolhas que fazemos na vida, como pressupõe que a mudança  exija força de vontade. O papel do terapeuta é esclarecer e interpretar, pressupondo (sendo que se trata de uma demonstração de fé secular, sem bases empíricas convincentes) que a compreensão gera invariavelmente a mudança. Quando anos de interpretação não propiciaram a mudança, começam a apelar directamente à vontade do paciente:  «Também é preciso esforço. Tem de se empenhar, sabe? Há um momento  para a reflexão e a análise, mas também há uma altura para agir». E quando os apelos directos falham, o terapeuta vê-se limitado, como estas histórias  comprovam, a recorrer a todos os meios de que dispõe para influenciar o  paciente na direcção da mudança de comportamento. Nesse sentido, aconselha, discute, persegue, provoca, engoda, implora, ou simplesmente atura, na esperança de que a perspectiva neurótica que o paciente tem sobre o mundo desapareça por força do cansaço. 
É através da vontade, a força motriz da acção, que a nossa liberdade é exercida. 
O Dr. Yalom considera que a vontade tem duas etapas: 
o indivíduo inicia o processo com um desejo e executa-o quando se decide. 
Há pessoas cujos desejos estão bloqueados, não sabem o que sentem, nem o que querem. Sem opiniões, sem impulsos, sem tendências, tornam-se parasitas dos desejos alheios. Tais pessoas tendem a tornar-se cansativas. Betty era uma personagem aborrecida precisamente porque abafava os seus desejos, e os outros cansavam-se de lhe fornecerem desejos e imaginação. Outros pacientes não se decidem. Embora saibam precisamente o que querem e o que têm de fazer, não são capazes de agir, e, em vez disso, marcam passo, atormentados, no limiar da decisão. Saul, em «Três cartas por abrir», sabia que qualquer homem ajuizado abriria os envelopes; no entanto, o medo que estes lhe incutiam paralisava a sua vontade. Telma («O carrasco do amor») sabia que a sua obsessão amorosa estava a consumir tudo o que de real existia na sua vida. Sabia que estava, como ela própria disse, a viver no passado, oito anos atrás, e sabia que, para retomar a sua vida, teria de desistir da sua paixão. No entanto, não conseguia, ou não queria, dar esse passo e resistia, ferozmente, a todas as tentativas no sentido de reforçar a sua força de vontade. 
A tomada de decisões é difícil por diversos motivos, alguns dos quais relacionados com os aspectos fundamentais da existência. John Gardner,  no seu romance Grendel, fala de um sábio que resume a sua meditação sobre os mistérios da vida em dois simples, mas terríveis axiomas: 

«Tudo desaparece: as alternativas excluem». 

O primeiro, relacionado com a morte, já o abordei. 
O segundo: «as alternativas excluem», é uma chave importante para melhor compreendermos a razão das dificuldades da decisão. Invariavelmente, a decisão exige uma renúncia: por cada sim, tem de existir algum não, cada decisão que tomamos elimina ou aniquila outras alternativas. 
A palavra [decidir] tem na sua origem o conceito de «matar», tal como acontece com as palavras [homicídio] e [suicídio]). Assim sendo, Telma  agarrava-se à hipótese infinitesimal de um dia poder vir a ressuscitar a relação com o seu amante e renunciar a essa possibilidade seria sinónimo de diminuição e de morte.

O isolamento existencial, um terceiro dado adquirido, refere-se ao abismo intransponível entre nós e os outros, intervalo que existe mesmo  na presença de relações interpessoais profundamente gratificantes. Não só nos encontramos isolados de outros seres humanos, como também, uma vez que em que cada um de nós constitui o seu próprio universo, estamos  também isolados do mundo. Esse isolamento não deve ser confundido  com dois outros tipos de isolamento: o interpessoal e o intrapessoal. Conhecemos o isolamento interpessoal, ou a solidão, quando não temos as competências sociais ou estilo de personalidade que permite interacções sociais íntimas. O isolamento intrapessoal verifica-se quando as diversas partes do eu estão dissociadas, como quando dissociamos uma emoção da memória de um acontecimento. A manifestação mais extrema e mais dramática desse modo de dissociação, o desenvolvimento de múltiplas personalidades, é relativamente rara (embora se torne cada vez mais  reconhecida); quando se verifica, o terapeuta pode ver-se confrontado,  como aconteceu durante o tratamento de Marge («Monogamia terapêutica») com o dilema desconcertante relativamente a qual das personalidades deve “agarrar”. 
Embora não haja solução para o isolamento existencial, o terapeuta  deve desencorajar a adopção de falsas soluções. 
Os esforços que fazemos  para evitarmos o isolamento podem sabotar as nossas relações com os outros. Foram muitas as amizades e os casamentos que já falharam porque, em vez de as partes envolvidas procurarem entender-se e estimar-se, uma  delas utiliza a outra como escudo contra o isolamento. 
Uma tentativa comum, e enérgica, para resolver o isolamento existencial, que ocorre em muitas destas histórias, passa pela fusão, pelo esbater dos nossos limites, pela nossa diluição na identidade do outro. O poder da fusão já foi demonstrado em experiências para o estudo da percepção subliminar durante as quais a mensagem «Eu e a mamã somos um só» era  projectada numa tela tão rapidamente que os participantes não podiam  vê-la conscientemente, teve como resultado afirmarem que se sentiam melhor, fortalecidos, mais optimistas, além desses indivíduos terem reagido  melhor do que outros ao tratamento (com modificação comportamental) de problemas como o tabagismo, a obesidade, alcoolismo ou perturbações no comportamento de adolescentes. 
Um dos grandes paradoxos da vida é que a consciência de nós próprios gera ansiedade. 
A fusão erradica a ansiedade de modo radical — eliminando a consciência de nós próprios. 
O indivíduo que se apaixona e entra num estado feliz de fusão com o outro não reflecte sobre si próprio, porque as interrogações do «eu» solitário (e a ansiedade concomitante face  ao isolamento) acabam por se diluir no «nós». Assim sendo, libertamo-nos da ansiedade, mas acabamos por nos perder de nós próprios. 
É precisamente por isso que os terapeutas não gostam de tratar pacientes apaixonados, visto que a terapia e o estado de fusão amorosa são  incompatíveis, porque o trabalho terapêutico exige uma noção inquisitiva do eu e uma ansiedade que, no fundo, acabará por funcionar como um  mapa dos conflitos internos. Além disso, a maioria dos terapeutas, tem dificuldade em  criar uma relação com um paciente apaixonado. Em «O carrasco do amor»,  por exemplo, Telma recusava-se a relacionar-se com o Dr. Yalom: a sua energia era totalmente consumida pela sua obsessão amorosa. 
Devemos ter cuidado com a forte ligação exclusiva a outra pessoa; não é, ao contrário do que por vezes se julga, prova da pureza do amor. Esse amor exclusivo, encapsulado,  que se alimenta de si próprio, sem dar nada a terceiros nem qualquer preocupação com eles, está condenado a ruir. 
O amor não é apenas o nascer de uma paixão entre duas pessoas; existem infinitas diferenças entre apaixonarmo-nos e mantermo-nos nesse estado. Aliás, o amor é uma forma de estar, é algo que se «dá» e não um estado em que se «mergulha»; é um modo de nos relacionarmos com o mundo e não um gesto limitado a uma só pessoa. Embora nos esforcemos muito por viver a vida dois a dois, ou em grupos, há ocasiões, principalmente com o aproximar da morte, em que a verdade o facto de nascermos sozinhos e de assim termos de morrer, nos assalta com uma lucidez arrepiante. Muitos moribundos comentam que o aspecto mais terrível da morte é o facto de ser forçosamente um processo solitário. Porém, mesmo na hora da morte, a disposição de outra pessoa para estar verdadeiramente presente pode furar  esse isolamento.
Tal como disse um paciente em «Não desapareças de  mansinho»: 
«Embora cada um esteja sozinho no seu barco, é sempre um consolo ver as luzes dos outros navios a boiarem por perto.»

Agora, se a morte é inevitável, se tudo o que realizámos e, de facto, todo o nosso sistema solar haverão de desaparecer um dia, se o mundo é fruto da eventualidade (ou seja, se tudo poderia ter sido de maneira diferente), se os seres humanos têm de definir o mundo e o percurso da sua própria vida, que importância duradoura terá a nossa existência
Essa dúvida persegue os homens e as mulheres contemporâneos, e muitos deles recorrem à terapia por sentirem que as suas vidas são isentas de sentido e de objectivos. Todos nós somos criaturas que procuram sentido. Biologicamente, os nossos sistemas nervosos estão organizados de modo que o cérebro agrupe automaticamente os estímulos recebidos em determinadas configurações. 
O sentido também oferece uma sensação de controlo: sentindo-nos desamparados e confusos perante acontecimentos aleatórios, que não se inserem em qualquer padrão, procuramos ordená-los e, ao fazermos isso, ficamos com a impressão de que os controlamos. Mais do que isso, o sentido dá azo a valores e, por conseguinte, origina códigos de comportamento, desse modo a resposta  a perguntas  sobre «porquês» (porque é que estou vivo?), fornece a resposta a perguntas sobre «como» (como é que eu devo viver?).Ao longo destas dez histórias de psicoterapia, são raras as discussões explícitas sobre o sentido da vida. A procura de sentido, muito como a procura do prazer, deve ser abordada de modo oblíquo. O sentido resulta de actividades significativas: quanto maior a determinação com que o procuramos, menor a probabilidade de o encontrarmos; serão sempre mais numerosas as perguntas racionais do que as respostas encontradas na nossa busca pelo sentido.

Na terapia, tal como na vida, o sentido resulta do empenho e da dedicação ao processo e é para aí que os terapeutas devem direccionar os seus esforços, não que o empenho proporcione respostas racionais a dúvidas sobre essa matéria, mas faz com que essas dúvidas percam alguma importância. O dilema existencial de um ser que procura sentido e certezas num universo onde nem um nem as outras existem é de tremenda relevância para a profissão do psicoterapeuta. 
No seu trabalho diário, para se poder relacionar de modo genuíno com o paciente, o terapeuta é assaltado por bastantes incertezas. Não só o confronto do paciente com as perguntas que não têm resposta expõe o terapeuta a dúvidas semelhantes, como este se vê obrigado a reconhecer, como aconteceu em «Dois sorrisos», que a experiência do outro é, no fundo, pessoal, insondável e intransmissível. 
De facto, a capacidade de tolerar a incerteza é um pré-requisito da profissão do psicoterapeuta. 
Embora os leigos possam crer que os terapeutas conduzem os pacientes de modo sistemático e com firmeza através de etapas previsíveis no  processo terapêutico rumo a um objectivo pré-definido, raramente acontece assim; pelo contrário, tal como comprovam as histórias aqui do livro, é frequente os terapeutas vacilarem, improvisarem e apalparem terreno à procura do caminho certo. 
A forte tentação de ter certezas através da adesão a uma escola ideológica e a um sistema terapêutico restrito é traiçoeira: essa atitude pode inviabilizar o encontro incerto e espontâneo que é essencial para a terapia eficaz. Esse encontro, o coração da psicoterapia, é o encontro terno e profundamente humano entre duas pessoas, uma delas mais perturbada do que a  outra (geralmente o paciente, embora nem sempre seja assim). 
Os terapeutas têm um papel ambivalente: compete-lhes observar e, ao mesmo tempo,  participar nas vidas dos pacientes. Como observador, o terapeuta deve ser  suficientemente objectivo para proporcionar o aconselhamento básico de  que o paciente necessita. Como participante, entra na vida do paciente, acabando por se deixar afectar e, às vezes, transformar por esse encontro. 
Ao optar por entrar profundamente na vida de cada paciente, o terapeuta, não só se expõe às mesmas questões existenciais que eles se colocam, como tem também de estar preparado para os analisar segundo  as mesmas regras. Tem de partir do princípio que saber é melhor do que não saber, que correr riscos é melhor do que evitá-los; e que a magia e a ilusão, por mais férteis e sedutoras que possam ser, acabam por enfraquecer o nosso espírito. 
Yalom encara com toda a seriedade a firmeza das palavras  de Thomas Hardy:

 «Se há maneira de chegarmos ao Melhor, 
exige atenta contemplação do Pior.» 

Estas são histórias sobre todos os homens e todas as mulheres. 
Todos nós padecemos destes problemas; o rótulo de paciente é essencialmente arbitrário e, muitas vezes, depende mais de factores culturais, educacionais e económicos do que da gravidade da patologia. 
Visto que os terapeutas, assim como os pacientes, têm de enfrentar os mesmos dados adquiridos da existência, a atitude profissional pautada pela objectividade  desinteressada que se impõe na aplicação de métodos científicos não se coaduna com a terapia. 
Os psicoterapeutas, não podem simplesmente estalar a língua, comiserando, e exortar os pacientes para que enfrentem com determinação os seus problemas. Pelo contrário, devem falar de si  próprios e dos seus problemas, pois a nossa vida, a nossa existência, estará sempre ligada à morte, o amor ligado à perda, a liberdade ao medo e o crescimento à separação. 
 

Excertos do livro:


"Quando duas pessoas partilham um momento ou uma emoção, se ambas sentirem o mesmo, percebo que seja possível, enquanto forem vivas, recuperarem essa preciosa emoção partilhada. Seria um processo algo delicado, pois, afinal de contas, as pessoas mudam e o amor nunca dura para sempre, mas, ainda assim, não seria absolutamente impossível. Poderiam comunicar de modo pleno e tentar desenvolver uma relação profunda e autêntica, que, sendo o amor autêntico um estado absoluto, deveria aproximar-se da-quilo que tivessem partilhado antes.
«Mas imagine como seria se essa experiência nunca tivesse sido partilhada! 
Imagine que as duas pessoas tinham vivido experiências diametralmente diferentes. 
E imagine que uma delas cometia o erro de pensar que a sua experiência tinha sido igual à da outra?
Telma fixou-me com o olhar. Tive a certeza de que me compreendia perfeitamente.
Prossegui:
— O que ouvi na nossa sessão com o Matthew foi precisamente isso. A experiência dele e a sua foram muito diferentes. Agora já percebe como seria impossível para ambos recriarem o estado de espírito específico em que estavam na altura? 
Vocês os dois não se podem ajudar mutuamente nesse sentido porque não foi um estado partilhado.
Ele estava numa situação e a Telma noutra. O Matthew estava entregue à psicose. Perdeu a noção dos seus limites, de onde terminava a identidade dele e começava a sua. Desejava que a Telma fosse feliz porque julgava que os dois eram uma e a mesma pessoa. Ele não estava a viver uma experiência amorosa porque não sabia quem era. 
A sua experiência foi muito diferente. Não podem recriar um estado de amor romântico mútuo, em que se encontrem perdidamente apaixonados um pelo outro, porque esse estado nunca chegou a existir."


“Sempre lhe fora muito difícil falar em público. Era extremamente susceptível a críticas (…). Eu ajudara-o a compreender que perdera a noção dos seus limites pessoais. Dissera-lhe que era natural responder adversamente a ataques à essência da sua pessoa, visto que, afinal de contas, nessas situações a nossa própria sobrevivência  é posta em causa. Todavia, sublinhara que Carlos estendera os seus limites pessoais de modo a que abrangessem o trabalho e, consequentemente, respondia à menor crítica a qualquer aspecto da sua competência como se fosse um ataque mortífero ao núcleo do seu Ser, uma autêntica ameaça à sua sobrevivência.
Insistira que Carlos aprendesse a distinguir o seu imo de outros atributos e atividades de natureza periférica. Teria de se desidentificar com as partes que não eram fundamentais; talvez representassem aquilo de que gostava, aquilo que fazia ou aquilo a que dava valor, mas não o representavam a ele, não constituíam o seu cerne.
Por outras palavras: embora o seu organismo estivesse em perigo, ele próprio, a sua essência vital, permanecia intacta. Carlos passou a ter um mantra: “ Eu não sou o meu trabalho. Não sou o meu discurso. Não sou a minha roupa. Não sou os meus sapatos.”

“A meu ver, a sensação de que deveríamos ter feito algo mais é reflexo de um desejo subjacente de controlarmos o incontrolável. Afinal de contas, se nos sentimos culpados por não termos feito algo que se impunha, depreende-se que havia realmente algo que poderíamos ter feito: ideia reconfortante, que nos distrai da nossa patética impotência perante a morte. Envolvendo-nos numa ilusão elaborada de poder e progresso ilimitados, todos nós subscrevemos, pelo menos até atingirmos a crise da meia-idade, a crença em que a existência consiste numa eterna espiral ascendente de conquistas que dependem exclusivamente da nossa força de vontade. Essa ilusão reconfortante pode ser estilhaçada por uma experiência urgente e irreversível, que os filósofos muitas vezes designam por “experiência limite”. De todas as experiências limite, nenhuma nos impõe um confronto mais violento com e efemeridade e a contingência ( e nenhuma tem mais potencial para provocar mudanças de personalidade radicais e imediatas) do que a iminência da nossa própria morte.
Outra experiência limite de grande impacto é a morte de um ente querido, seja um adorado esposo, amiga, que estilhaça a nossa ilusão de invulnerabilidade. Para a maioria das pessoas, a perda mais difícil de suportar é a de um filho. “

“O conhecimento de outra pessoa é impedido por uma série de prismas que distorcem. (…) Se imaginarmos dois espíritos bem encostados a transferirem directamente entre si imagens mentais, como paramécias a efectuarem o câmbio de micronúcleos, temos uma ideia do que seria uma união sem paralelo.(…)Levantam-se barreiras formidáveis para impedir tal união espiritual. 
Primeiro, existe a barreira entre imagem e linguagem. O cérebro pensa em imagens, mas para comunicar as suas ideias aos outros precisa converter as imagens em palavras. O percurso da imagem ao pensamento, até à linguagem é muito traiçoeiro. Perde-se a plasticidade e flexibilidade da imagem; perdem-se as suas secretas cambiantes emocionais marcadas pela nostalgia. (…)
Atentemos no lamento de Flaubert em Madame Bovary:
“Na verdade, a plenitude da alma pode por vezes ser vertida nas palavras mais vãs, porque ninguém sabe exprimir a medida exacta das suas necessidades, das suas ideias, das suas mágoas, e o discurso humano é como um caldeirão rachado ao qual arrancamos ritmos imperfeitos que fazem dançar os ursos, quando desejamos produzir melodias que enterneçam as estrelas.”
Depois, outra barreira que nos impede conhecer inteiramente outra pessoa é o facto de sermos selectivos quanto ao que optamos por comunicar.”

“Os erros de tradução são potenciados por erros de parcialidade. Distorcemos os outros, obrigando-os a encaixar nas nossas ideias e nos nossos gestalts predilectos, processo que Proust descreve lindamente:
“Preenchemos os contornos da criatura que encontramos com tudo o que já idealizámos sobre ela, e no retrato que o nosso espírito compõe, seguramente essas ideias ocupam uma posição fundamental. Acabam por rechear a curvatura das faces dela, por acompanhar as linhas do nariz, tão harmoniosamente se confudem com o som da sua voz, que parecem ser apenas o invólucro transparente e, cada vez que lhe vemos o rosto, ou ouvimos a sua voz, aquilo que reconhecemos e escutamos são as nossas próprias ideias.”
Estas são palavras essenciais para compreendermos muitas das relações abortadas. (…) Relações autistas em que não se conhece a pessoa. Preenche-se a criatura com os atributos que se deseja encontrar. Apaixonam-se pela sua própria criação. ”

“Nos primeiros encontros entusiasmantes entre duas pessoas, ambos se equivocam sobre o que vêm um no outro. (…) Nietzsche afirmou que, no primeiro encontro com uma pessoa, sabemos tudo acerca dela; em encontros subsequentes, fechamos os olhos ao nosso próprio conhecimento.  Cada um vê o reflexo do seu próprio olhar sedento e ferido, e confunde o que divisa com desejo e plenitude. São como pombinhos de asas partidas que procuram voar agarrando-se a outro pássaro de asas partidas. As pessoas que sentem em si o vazio nunca saram através da fusão com outros indivíduos incompletos. Pelo contrário, uma parelha de aves de asas partidas redunda em voos desajeitados. Por fim, são obrigados a separar-se para sararem individualmente.”

“A insondabilidade dos outros não só é inerente aos problemas já descritos: estruturas básicas da imagem e linguagem; à decisão intencional e não intencional do indivíduo em se ocultar, e aos escotomas do observador; à complexidade e à riqueza de cada sujeito.”

“Não é possível definir e explicar uma pessoa, fazer um diagnóstico de personalidade. Cada diagnóstico é apenas um aglomerado de sintomas e de características comportamentais. (…) Se nos relacionarmos com as pessoas na convicção de que podemos categorizá-las, não identificaremos nem estimularemos  as partes vitais do outro que transcendem a categorização. O relacionamento fortalecedor parte sempre do pressuposto de que o outro nunca pode ser totalmente conhecido.”






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