sábado, 17 de setembro de 2016
A Intensidade de um Sentimento
Creio que a intensidade de um sentimento tem que ver com o número de elementos a que se aplica. Penso assim que ele varia na razão inversa do número desses elementos.
Quanto maior for o número de filhos, menor é a alegria ou o desgosto que cada um provoca ao pai.
O máximo de sentir diz respeito a todos e divide-se portanto por cada um.
Se um indivíduo é o chefe de um povo, transfere para a colectividade a sua capacidade de sentir. Assim ele é praticamente insensível perante a sorte de cada um.
A famosa insensibilidade de um chefe tem que ver com isso.
O mesmo para o autodomínio que se refere a um indivíduo particular.
Julgo que na realidade se trata de uma distribuição do seu sentir por vários elementos dos quais por exemplo os filhos (ou ele próprio) são apenas uma fracção.
O resto dessa fracção pode ir para os seus negócios, o seu partido político, os seus amigos ou amantes, o seu clube.
E então o admitável autodomínio tem apenas que ver com uma parcela do sentir.
E com essa parcela já se pode ser forte e aguentar.
Isto, não se trata apenas, como julgo já ter dito, de uma alienação da emotividade e seu motivo, ou seja de um apartá-los de si, de um torná-los estranhos, ou alheios, como na situação vulgar de uma dor que é dos outros e nos não diz portanto respeito.
É, de resto, o que até certo ponto eu tento aqui com o caso do Lúcio, reduzindo-o à escrita, ou seja objectivando-o, ou seja, separando-o de mim.
Vergílio Ferreira
in, Conta-Corrente 5
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