terça-feira, 13 de setembro de 2016

Amo-a





Talvez por isso, em certos dias, quando consigo ficar sozinho, sentado num banco de jardim, passeamos juntos.
Temos muito para dizer um ao outro, mas escolhemos caminhar em silêncio.
E paramos.
Fechamos os olhos e ficamos, lado a lado, apenas sentindo a presença um do outro, apenas escutando a respiração do outro em todos os sons da natureza e da cidade.
E, mais do que uma vez, desejei ver em muros, entre as palavras com que os alunos dos liceus escrevem a caligrafia da sua inocência, os nossos nomes juntos: "Zé Luís ama Clarice".
Como uma promessa de eternidade para aquilo que todos sabem perdido, excepto nós.
Como uma prova em que ninguém acredita, excepto nós.


José Luís Peixoto 
in, Abraço



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