quinta-feira, 30 de junho de 2016

Pergunta filosófica de um Hindu a Jung




Uma vez recebi uma pergunta filosófica de um Hindu:
“Um homem que ama Deus precisa de mais ou menos encarnações do que um homem que odeia Deus para atingir sua salvação final?”

O que você responderia? Eu desisti naturalmente.
E ele disse:

“O homem que ama Deus precisará de sete encarnações para se tornar perfeito, e o homem que odeia Deus apenas três, porque certamente ele vai pensar em Deus e se agarrar a Ele muito mais do que o que ama Deus”.

De uma certa maneira, isso é verdade; o ódio é um vínculo tremendo.
Então para nós a formulação grega phobos (fobia) é talvez mais adequada do que o ódio como princípio de separação. Tem havido, e ainda há, mais participation mystique* na Índia do que na Grécia, e o Ocidente certamente tem uma mente mais discriminatória do que o Oriente. Portanto, como a nossa civilização depende amplamente do génio grego, connosco seria mais o medo do que o ódio.


— Carl G. Jung
in, “The Psychology of Kundalini Yoga”



*Participation mystique: conceito criado pelo antropólogo francês Lucien Lévy-Bruhl (1857–1939) que denota uma identificação profunda inconsciente de um indivíduo com outro indivíduo ou com um objecto, que acontece como uma projecção psicológica.


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