segunda-feira, 18 de abril de 2016

Osho: Do sexo ao samadhi




É um longo caminho do sexo ao samadhi. Samadhi é a última meta; sexo é apenas o primeiro passo. E eu quero realçar que as pessoas que se recusam a reconhecer e que censuram o primeiro passo não podem nem mesmo alcançar o segundo. Não podem progredir de forma alguma. É imperativo dar o primeiro passo com consciência, compreensão e atenção. Mas esteja avisado: sexo não é um fim em si próprio, sexo é o começo e, para progredir, são necessários muitos passos.

O maior atraso para a humanidade inteira tem sido a sua relutância em dar até mesmo o primeiro passo. E ela aspira chegar ao último! Um homem despreza o primeiro degrau e ainda assim tem ambições de alcançar o último degrau da escada; não tem nenhuma experiência da luz de uma vela e ainda assim quer reivindicar o esplendor do sol, temos que aprender a compreender a ténue luz de uma vela, que vive por um tempo e é imediatamente apagada por uma suave brisa. Para despertar a ansiedade, o desejo, a inquietação pelo último passo – o desejo para alcançar o sol – o primeiro deve ser dado correctamente.

A apreciação da música calma pode abrir o caminho para a música eterna; a experiência de uma ténue vela pode nos levar à luz infinita; conhecer uma gota é o prelúdio para conhecer o oceano.

O conhecimento do átomo pode revelar o mistério de todas as forças materiais. A natureza nos deu um pequeno átomo de sexo, mas nós não o reconhecemos de todo. Nós nem mesmo o conhecemos completamente. Isto porque nem temos a clareza da mente nem o senso do mistério para reconhecê-lo, para compreendê-lo ou experienciá-lo. E assim, estamos tremendamente distantes do entendimento deste processo que pode nos levar do sexo ao samadhi. Assim que o homem entender e reverenciar este processo de transcendência, ele irá se organizar numa nova e mais elevada ordem social.

Homem e mulher são dois pólos diferentes, os pólos positivo e negativo da energia. O correcto encontro destes dois pólos fecha um circuito e produz um tipo de electricidade, e o conhecimento directo desta electricidade é possível se o período do coito, quando vocês estão em profunda e completamente entregues um ao outro, puder ser mantido por uma hora. Uma alta carga produzindo uma aura de electricidade irá se desenvolver por si própria; se as correntes do corpo estiverem num espaço completo e total, pode-se ver um pedaço de luz na escuridão. Um casal experienciando esta corrente eléctrica de energia está bebendo da taça mais cheia de vida.

Você deve rever a sua vida, especialmente o capítulo sobre sexo, desde o ABC.

O sexo não deve ser apenas um instrumento de prazer, deve ser também um meio de crescimento espiritual. Sexo é um processo Yoguico. Eu acho que o nascimento de Cristo, Mahavira ou Buda foi acidental; cada nascimento foi o fruto da mais completa união de duas pessoas. Quão mais profunda a união, mais evoluída a criança; quão mais superficial o encontro, menos desenvolvida.

Mas hoje, o calibre da humanidade está afundando mais e mais. Algumas pessoas culpam a deterioração dos padrões morais, enquanto outras atribuem isto aos efeitos da Kaliyuga, a predestinada era do caos, mas todas essas hipóteses são falsas e sem valor. A deterioração do homem é devida apenas à loucura da nossa atitude sexual, tanto na teoria como na prática.

O sexo perdeu a sua origem sacra. O original senso de reverência que o homem tinha pelo sexo foi ofuscado e se degenerou num pesadelo mecânico, transformando-o numa subtil violência, no sentido exacto da palavra. O sexo não é mais uma experiência amorosa, não é mais um veículo para o sagrado e nem é mais um acto meditativo. E por causa disto, a humanidade está continuamente caindo num abismo.

O resultado de qualquer coisa que fazemos depende da atitude mental com que a fazemos. Se um escultor bêbado está a fazer uma estátua, você espera que ele crie uma bela obra de arte? Se uma bailarina está a dançar, você espera uma apresentação brilhante se ela estiver perturbada, raivosa ou cheia de tristeza? De maneira similar, a nossa abordagem sexual tem estado errada.
O sexo é o aspecto mais negligenciado das nossas vidas. Não é um tremendo erro que o fenómeno do qual depende a procriação da vida, do qual dependem as crianças, e as novas almas entrando neste mundo, seja o mais negligenciado? Você provavelmente não está consciente de que o orgasmo no acto amoroso cria uma situação na qual a alma desce, e uma nova vida é concebida. Você apenas cria a situação; quando as condições necessárias e apropriadas para uma alma em particular forem preenchidas, ela nasce. A qualidade da alma tem uma relação directa com as circunstâncias. Uma criança concebida em raiva, culpa ou ansiedade está aflita desde o nascimento.

A qualidade das nossas crianças pode ser melhorada, mas para conceber uma alma mais elevada as condições da concepção devem ser também de qualidade mais elevada. Só então almas superiores podem nascer e o nível da humanidade pode ser finalmente elevado. É por isso que eu digo que quando o homem tomar conhecimento da ciência sexual, da arte sexual, quando ele for capaz de passar este conhecimento tanto aos jovens como aos velhos, nós seremos capazes de proporcionar as circunstâncias que darão à luz o que Aurobindo e Nietzsche chamaram Super-Homem. Essa futura humanidade pode nascer e esse mundo pode ser criado, mas até lá não pode haver nenhum progresso; não pode haver paz no mundo; as guerras não podem ser evitadas, o ódio não pode ser abolido, a imoralidade não pode ser curada, o mal não pode ser erradicado, a exploração e as perversões sexuais não podem ser desenraizadas e a escuridão actual não pode ser dispensada.

Mesmo se colocarmos toda a nossa tecnologia moderna e inovações para trabalhar, mesmo que os políticos, sociólogos, líderes religiosos façam o melhor que possam, não cessarão as guerras, não se aliviarão as tensões, e a violência e o ciúme não desaparecerão. Nos últimos dez mil anos, os apóstolos, os messias e os líderes pregaram contra a guerra, a violência e a raiva, mas ninguém ouviu. Todos os apóstolos da humanidade, no passado e no presente, não tiveram sucesso. Eles fracassaram.

De Bertrand Russel a Vinoba, todos clamaram pela paz, e ainda assim nos preparamos para uma terceira grande guerra, que fará com que as anteriores pareçam brincadeira de criança.

Este é o resultado dos ensinamentos morais e religiosos da humanidade, mas a razão repousa em algum outro lugar e precisamos lidar urgentemente. Isto porque, até que tenhamos sucesso em trazer harmonia ao acto sexual, em trazer uma sintaxe espiritual ao sexo, em chegar a respeitar o sexo como a entrada para o samadhi, uma humanidade melhor não poderá vir a existir.

Um novo homem deve nascer. A alma do homem está ansiosa para subir às alturas, para alcançar o céu, para ser iluminada como a lua e as estrelas, para florescer como as flores, para fazer música, para dançar. A alma do homem está angustiada; sua alma está sedenta. Mas o homem está cego, ele viaja em círculos num circulo vicioso: é incapaz de romper com isso, é incapaz de elevar-se acima disso. Qual é a causa? Existe uma causa e apenas uma: o seu método actual de procriação é absurdo, está cheio de loucura. Está assim porque não fomos capazes de fazer do sexo uma porta para o samadhi. Um acto sexual iluminado pode abrir o portão para o samadhi.

O homem está desesperado; o homem é um escravo do sexo, e esse desespero deve ser descartado. Nós queremos conhecimento, não ignorância. Conhecimento por si só é poder, e conhecimento do sexo é um poder ainda maior. É perigoso continuar a viver em ignorância sobre o sexo.

Se uma semente não cresce numa planta, nós raciocinamos que o solo talvez não tenha sido adequado, que a semente pode não ter tido água suficiente ou que ela não tenha recebido suficiente luz solar, não culpamos a semente. Mas, se flores não florescem na vida de um homem, dizemos que ele próprio é responsável por isso. Ninguém pensa na pobreza do adubo, na falta da água ou na falta da luz solar e nada se faz a respeito: o próprio homem é acusado de ser mau. E assim a planta do homem tem permanecido subdesenvolvida, tem sido reprimida por falta de amor e tem sido incapaz de atingir seu estágio de florescimento.

A natureza é harmonia num ritmo profundo, mas a artificialidade que o homem tem imposto sobre a natureza, a maneira como tem interferido nela e as invenções mecânicas que tem lançado na corrente da vida criaram obstruções em muitos locais, interromperam o fluxo. E o próprio rio da vida é acusado. “O homem é mau; a semente está envenenada”, dizem eles.

Eu quero deixar claro para vocês que as obstruções básicas são criadas pelo próprio homem, de outra forma o rio do amor fluiria livremente e atingiria o oceano de Deus. O amor é inerente ao homem. Se as obstruções forem removidas com consciência, o amor pode fluir. Então o amor pode elevar-se e tocar a Deus, tocar o Supremo.

Quais são esses obstáculos criados pelo homem? Em primeiro lugar, a mais óbvia obstrução tem sido a oposição ao sexo e a crítica à paixão. Essa barreira tem destruído a possibilidade de nascimento do amor no homem.

A verdade pura é que o sexo é o ponto inicial do amor. Sexo é o começo da jornada ao amor. A origem, o Gangotri do Ganges de amor é sexo, paixão. E todo mundo se comporta como se ele fosse um inimigo. Toda cultura, toda religião, todo Guru, todo vidente tem atacado esse Gangotri, essa fonte. E o rio têm permanecido engarrafado, as pessoas têm sempre proclamado: “sexo é pecado; sexo é irreligioso; sexo é veneno”. Mas parece que nunca entendemos que na verdade é a própria energia sexual que progride para alcançar o oceano interior de amor. O amor é a transformação da energia sexual. O florescimento do amor vem da semente do sexo.

Nunca ocorreria a vocês que quando o carvão se transforma se torna diamante? Apenas a energia do sexo pode florescer no amor. Mas todos, incluindo os grandes pensadores da humanidade, são contra ele. Essa oposição não permitirá que a semente brote, e o palácio do amor está destruído na sua fundação. A inimizade para com o sexo destruiu a possibilidade do amor.

Devido a esse erro conceitual e básico, ninguém sente a necessidade de passar pelo processo de transformá-lo. Como podemos transformar alguém que é nosso inimigo, alguém a quem nos opomos, com quem estamos em guerra contínua? Tem sido forçada uma discussão entre o homem e a sua energia, em oposição às suas necessidades sexuais.

“A mente está envenenada, então lute contra ela”, é dito ao homem. A mente existe no homem, o sexo também existe nele e, apesar disso, espera-se que ele esteja livre de conflitos interiores. Espera-se dele uma existência harmoniosa, ele tem que lutar e pacificar. Esses são os ensinamentos de seus líderes. Por um lado, eles o deixam louco, e pelo outro abrem hospícios para tratá-lo. Eles espalham os germes da doença e então constroem hospitais para curar o doente.

Devido a essa inimizade com o sexo, oposição e repressão, o homem está definhando interiormente. Ele não pode nunca livrar-se de algo que está na própria raiz de sua vida e por causa desse conflito interior, constante, todo o seu ser tornou-se neurótico. Ele está doente. Essa sexualidade pervertida que está tão evidente na humanidade é devida aos seus assim chamados líderes e santos; eles são culpados por isso. Até que o homem se livre de tais professores, moralistas, líderes religiosos e de seus falsos sermões, é nula a possibilidade do surgimento do amor.

A religião e a cultura despejam, venenos contra o sexo na mente humana. Elas criam conflito, guerra;engajam o homem numa batalha contra sua própria energia primária, e assim o homem tornou-se fraco, bruto, vazio de amor e cheio de vazio. O sexo tem que se tornar um amigo, não um inimigo. O sexo deve ser elevado às mais puras alturas.

O sexo tem quatro estágios que devem ser entendidos.
É perigoso não entender esses quatro estágios e toda a tradição tem mantido o homem inconsciente desses quatro estágios.


O primeiro estágio é auto-sexual.
Quando uma criança nasce, é narcisista. Ama tremendamente o seu corpo e isso é belo: ela conhece apenas o seu corpo. Apenas chupando seu próprio polegar, surge a euforia em sua face; apenas brincando com o seu próprio corpo, tentando colocar o dedão do pé na boca um circulo é criado e a energia começa a mover-se em círculo. A luz circula naturalmente na criança e a alegra, pois quando a luz circula existe grande alegria interior.

A criança brinca com seus próprios órgãos sexuais sem saber que eles são órgãos sexuais. Ela ainda não foi ainda assim condicionada: Ela conhece seu próprio corpo como um todo. Certamente, os órgãos sexuais são a parte mais sensível do corpo. Ela se diverte tremendamente em tocá-los, brincando com eles…

E é aqui que a sociedade, a sociedade envenenadora, entra na psique da criança: “Não toque!” “Não”, é a primeira palavra suja, obscena. E a partir dessa palavra obscena, muitas outras surgem: não pode, não faça, todas essas são palavras obscenas; uma vez que seja dito à criança: “Não!”, e os pais zangados, a mãe ou o pai, e aquele olhar, as mãos da criança são retiradas dos seus órgãos genitais, que são naturalmente muito prazerosos. Ela realmente sente prazer e não está sendo sexual, nem nada. Estas são apenas as partes mais sensíveis e mais vivas do seu corpo, isto é tudo.
Mas as nossas mentes condicionadas – ela está tocando um órgão sexual, isto é ruim, nós retiramos as mãos dela. Nós criamos culpa na criança.Começamos a destruir sua sexualidade natural, a envenenar a fonte original do prazer do seu ser. Estamos criando hipocrisia nela; ela será uma diplomata. Quando os pais estiverem presentes, não brincará com seus órgãos sexuais. A primeira mentira surgiu; ela não pode ser verdadeira. Agora sabe que, se for verdadeira com ela mesma, se respeitar a si própria, se respeitar o seu próprio prazer, se respeitar seu próprio instinto, os pais ficarão zangados. Ela está desprotegida, depende deles e sua sobrevivência está com eles. Se eles a renunciarem, ela estará morta; então a questão é que se ela quer viver, deve estar contra ela mesma, e assim tem que ceder. O resultado natural desta estupidez que tem sido perpetuamente praticada na humanidade é que a criança não é mais um ser natural, a hipocrisia entrou. Ela tem que esconder alguma coisa dos pais ou tem que sentir-se culpada.
Este é o estado auto-sexual: muitas pessoas permanecem estagnadas aí. É por isso que persiste tanta masturbação em todo o mundo. É um estado natural, que passaria por si próprio – é uma fase de crescimento e se os pais não perturbarem essa fase de crescimento da energia.
A criança torna-se estagnada: quer brincar com seus órgãos sexuais e não pode. Após longo tempo de repressão, ela é possuída pela energia sexual, e uma vez que ela tenha começado a masturbação, isto pode tornar-se um hábito, um hábito mecânico; e então ela nunca se moverá para o segundo estágio. E os responsáveis são os pais, o padre, os políticos, toda a mente social que existiu até agora.
Esse homem pode permanecer estagnado nesse estágio, o que é muita infantilidade. Nunca atingirá o completo crescimento da sexualidade e nunca chegará a conhecer a alegria que pode advir apenas a um ser sexualmente maduro. E a ironia é que estas mesmas pessoas condenam a masturbação, fazendo declarações muito perigosas: elas têm dito às pessoas que se masturbarem que ficarão cegas, tornar-se-ão zumbis, e nunca serão inteligentes, permanecendo estúpidas.

Agora existe uma concordância absoluta, não existem duas opiniões sobre isso; todos os pesquisadores da psicologia concordam que a masturbação não prejudica ninguém, é uma descarga natural da energia. Mas essa ideia de que vocês ficarão cegos podem torná-la perigosa para os seus olhos, porque vocês sempre pensarão que ficarão cegos. Tantas pessoas usando óculos e a razão pode não estar nos olhos; a razão pode estar apenas em algum outro lugar. tantos milhões de pessoas são estúpidas, pois nenhuma criança nasce estúpida, todas as crianças nascem inteligentes. A razão pode estar em algum outro lugar: Nessas técnicas. Vocês permanecerão doentes, perderão a autoconfiança. Tantas pessoas são medrosas, tremendo continuamente, sem nenhuma confiança, nenhuma autoconfiança, estão continuamente amedrontadas, porque sabem o que têm feito.

Milhares de cartas chegam até mim:
“Nós estamos presos nessa armadilha; como podemos sair dela?”
Deixe-me repetir: Masturbação nunca prejudicou ninguém. O momento em que uma pessoa se masturba é um momento muito sensível e delicado; todo o seu ser está aberto e fluindo. Se nesse momento ele se auto-sugestionar: “E se eu ficar maluco? E se eu ficar cego? E se eu permanecer estúpido?” fará com que essas constantes sugestões auto-hipnóticas sejam a causa de mil e uma doenças, de mil e um problemas psicológicos e perversões.
Quem é responsável por isto?
As pessoas que vêm até mim chegam com todas essas perversões. Muitas são ajudadas e crescem além disto. Mas a sociedade pensa que estou ensinando perversões às pessoas. “Vocês vivem numa sociedade pervertida!”
Se à criança for permitida a fase natural da auto-sexualidade, ela passa por si própria à segunda fase, a homossexual, o que acontece com poucas pessoas; a maioria permanece na primeira fase. Mesmo fazendo amor com homem ou com mulher as pessoas não estão fazendo nada mais do que apenas masturbação mútua, porque muito poucas atingem estados orgásmicos, e chegam aos vislumbres que estão fadados a existir se sua sexualidade estiver madura. Muito poucas pessoas chegam a conhecer a Deus através do acto sexual, que é um fenómeno natural. No acto sexual, a meditação acontece naturalmente.
Mas ela não acontece, e a razão é que milhões, a maioria, está estagnada no primeiro estágio. Mesmo que elas tenham se casado e tido filhos, seu acto sexual é nada mais que uma masturbação mútua. Não é realmente fazer amor.
Fazer amor é uma arte; necessita grande sensibilidade, grande consciência, qualidade meditativa, maturidade.


A segunda fase é homossexual.
Poucas pessoas passam para a segunda fase; é uma fase natural. A criança ama seu corpo. Se a criança for um menino, ele ama o corpo de um menino, seu corpo. Saltar para um corpo de menina seria um passo grande demais. Naturalmente, primeiro ele passa a amar outros meninos; ou se a criança for uma menina, o primeiro instinto natural é amar outras meninas porque elas têm o mesmo tipo de corpo, o mesmo tipo de ser. Ela pode entender melhor as meninas que os meninos; meninos são um mundo à parte.
A fase homossexual é uma fase natural. Aí a sociedade ajuda as pessoas a permanecerem estagnadas novamente, porque ela cria barreiras entre homem e mulher, meninas e meninos. Se essas barreiras não estiverem aí, então a fase homossexual desvanece logo e o estágio heterossexual inicia o interesse no sexo oposto. Mas para isso a sociedade não dá muita oportunidade, uma grande Muralha da China existe entre menino e menina. Nas escolas eles têm que sentar separados ou têm que morar em alojamentos separados. O encontro deles, o seu estar juntos, não é aceito.
Separa-se o homem da mulher, criam-se compartimentos estanques: quando o homem quer amar, não pode encontrar a mulher, quando a mulher quer amar, não pode encontrar o homem. E isso também não é satisfatório, mas é melhor do que nada. A natureza tem que achar o seu caminho. Se você permite o curso natural, ela encontrará algum caminho indireto. De outra forma a homossexualidade é uma fase natural; passa por si própria.


E a terceira fase é heterossexual.
Quando realmente completa-se a auto-sexualidade, homossexualidade, então surge a aptidão e maturidade para se conhecer um mundo totalmente diferente, uma química, uma psicologia e uma espiritualidade também diferentes. Então é possível brincar com esse mundo e com esse organismo diferente.

Eles são pólos distintos, mas quando se aproximam, e existem momentos em que eles estão realmente próximos e sobrepostos, os primeiros vislumbres luminosos de completude são alcançados.

Por isso ser raro, muitas pessoas pensam nisso apenas como poesia. Não é poesia. É um fenómeno existencial, mas é necessário que o homem e a mulher estejam maduros. Eles devem ter ido além dos dois primeiros estágios, para que isso aconteça. E muito raramente, existem pessoas que são homens maduros e mulheres maduras. Então nada acontece; eles fazem amor, mas esse amor é apenas superficial. Lá no fundo eles são auto-sexuais, ou , no máximo, homossexuais.

Para amar, é necessário um novo tipo de ser que possa aceitar a polaridade oposta. E apenas com a polaridade oposta, assim como quando cargas eléctricas negativas e positivas se encontram, a electricidade surge, apenas assim; quando as electricidades da vida se encontram, homem e mulher, yin e yang , Shiva e Shakti, essa dissolução, esse total esquecimento, essa embriaguez, desaparecem como entidades separadas, egos separados.

Não existem mais separadamente. Esta é a primeira experiência natural da não-mente, não-ego, não-tempo, e essa é a primeira experiência natural de samadhi.

Uma vez experimentado isso, então surge um desejo. Como alcançar esse samadhi de modo que possa se tornar um estado natural das coisas, e que um não precise depender de outro corpo. De modo que não precise depender de uma mulher. De modo que não precise depender de um homem. Isso, porque dependência traz escravidão.

A partir dessa experiência uma pessoa começa a procurar por caminhos, meios e métodos – Yoga, Tantra, Tão… – de maneira que possa alcançar o mesmo estado pelos próprios esforços.

Isso pode ser alcançado, porque lá no fundo de cada ser humano está um homem e uma mulher – metade vem do seu pai, metade vem da sua mãe. Então a experiência exterior apenas o detonou, simplesmente actuou como um agente catalítico.

Agora você começa a meditar. Então vem a última fase. Isso é brahmacharia.

O quarto estágio: brahmacharia
O celibato dos Budas. Isso é brahmacharia. O acto sexual desapareceu; você não precisa de um estopim exterior. Agora o seu homem e sua mulher interiores atingiram uma unicidade, e essa unicidade não é momentânea. Esse é o real casamento; vocês estão soldados juntos. Agora o seu estado natural é estar orgástico. Um Buda vive continuamente assim; ele inspira e expira isso.

Esses são os quatro estágios da maturidade humana.

O ser humano é o único ser que pode reprimir ou transformar suas energias. Nenhum outro ser pode.

Repressão e transformação existem como dois aspectos de um fenómeno. E esse fenómeno é que o ser humano pode fazer algo sobre si mesmo.

As árvores existem, os animais existem, mas eles nada podem fazer sobre a sua existência, eles são partes dela! Eles não podem colocar-se fora dela. Estão mesclados com a própria energia, não podem separar-se de si mesmos.

O homem pode fazer algo a seu respeito. Ele pode observar a si mesmo à distância, e olhar suas próprias energias como se fossem separadas.


Osho


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