Respeitando o nosso livre-arbítrio
a vida permite que abandonemos
o trilho original
para seguirmos caminhos lamacentos,
desertos áridos, atrás de ilusórios oásis.
Não há memória viva de épocas de ouro onde a Terra era um paraíso, onde todos viviam em paz e se tratavam com amor.
Todas as civilizações, culturas e gerações que conhecemos e que estudámos da história universal e pessoal passaram por desafios difíceis tanto pessoais como globais. Mas podemos reparar como as referências espirituais, religiosas, sagradas eram sempre bastante importantes não só na rotina do mais humildade como nas representações sociais e até politicas. Até há bem pouco tempo na história, a ligação entre o ser humano e Deus era bastante forte, consciente e fazia parte das nossas rotinas diárias. Mesmo que nem sempre essas referencias fizessem sentido, o sentido que davam era melhor que nenhum pois a necessidade de o ser humano se guiar por algo superior sempre foi muito forte.
No entanto é curioso observar como a depressão, o stress e ansiedade são questões tão típicas deste novo tempo.
E porquê?
Eu acredito que o aumento de pessoas depressivas nas últimas décadas é proporcional à perda de referências espirituais na nossa vida.
Ou seja, o crescimento económico, as necessidades e tentações constantes do ego prende-nos constantemente o foco no exterior e no mundo material, ficando assim o nosso mundo interior e as nossas referências existenciais completamente abandonadas.
Infelizmente as religiões do ocidente não acompanharam este crescimento, não se actualizaram e logo deixaram de ser capazes de responder às crises do presente.
Desiludidos com as velhas teorias e regras que já não fazem sentido ao mundo moderno, perdemos o fio à meada, perdemos as referências que nos davam pistas de quem somos e de porque é que as coisas nos acontecem e sem um fio condutor, desorientámo-nos, perdemo-nos da fonte de energia interna que dá afinal tanto sentido à nossa existência.
E que Fonte é essa afinal?
É a reconexão com o nosso espírito.
É a nossa Verdade Sagrada Interna.
É a resposta que nos faz sentido mesmo que não faça a mais ninguém.
É a resposta que encaixa neste preciso momento da nossa vida que é pessoal, intransmissível, incompreensível por ninguém.
É a mensagem revelada pelo nosso eu superior ou no nosso mapa astrológico.
É a relembrança da ancestral e sagrada sabedoria do mundo independentemente da religião que a prega.
Não há nada mais importante do que procurarmos o que afinal irá despertar essa verdade interna pois só a partir dela voltaremos ao trilho original onde tudo volta a fazer sentido e onde se encontra a nossa abundância interior.
E sabemos bem como a abundancia pessoal de cada um é diferente...
Respeitando o nosso livre-arbítrio a vida permite que abandonemos o trilho original para seguirmos caminhos lamacentos, desertos áridos atrás de ilusórios oásis.
A única maneira de nos fazer voltar ao trilho por livre vontade é precisamente deixar-nos livremente até que nos cansemos, desorientemos e comecemos a questionar essa escolha.
Mas porque estamos desconectados dos sinais sagrados e deixámos de ouvir a voz interna, ainda resistiremos algum tempo sem energia, sem ânimo e sem força até desistirmos de continuar a caminhar para longe do nosso trilho.
Infelizmente, viver fora do trilho começa a parecer o estado comum para muitos... Fora do trilho tudo é esforço, é um estado permanente de sobrevivência sem qualquer brilho, alegria ou qualidade. Pior ainda é terem passado gerações longe do trilho da abundância e onde a sobrevivência passou a ser o normal.. afastámo-nos de tal maneira do centro da abundancia que já quase nem acreditamos que ele seja real.
Felizmente a luz está dentro de nós e todos temos uma bússola que nos faz acreditar que essa abundancia é possível mesmo que estejamos a milhas dela. Procuramos por ela no mundo material mas tralha atrás de tralha a desilusão mostra que ainda não é por ali.
"Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece"
Se nunca questionarmos a nossa existência, se nunca nos perguntarmos com a maior honestidade se estamos a viver a mais elevada versão de nós próprios, se nem nos permitimos perguntar se somos verdadeiramente felizes, se estamos de facto a viver conformados e acomodados a pessoas e eventos rotineiros da vida, estamos provavelmente algures num deserto a viver em estado de sobrevivência.
É só quando as perdas e o cansaço nos testam e a ilusão rebenta é que nos preparamos para a verdade nua e crua da nossa realidade e do estado da nossa vida.
Só quando reconhecemos que realmente não estamos felizes com a nossa realidade é que o Mestre aparece para nos levar de volta ao trilho e à nossa abundância.
Superar uma depressão passa então sempre por dar inicio a toda uma série de mudanças que nos irão colocar na viagem de regresso.
Seremos obrigados a rever todas as nossas crenças, fórmulas e filosofia de vida pois foram elas que nos afastaram de casa. Passa por um imenso banho de sabedoria onde iremos acordar em nós quem de facto somos e assumir a responsabilidade de que o estado em que estamos se deve a velhas escolhas feitas sem consciência e sem qualidade.
É maravilhoso quando relembramos que a mesma força que nos levou para longe terá que ser a mesma que nos irá fazer retornar ao trilho. Mas enquanto que a viagem para longe é sempre difícil e cheia de obstáculos, a de retorno é iluminada e cheia de surpresas maravilhosas.
Só agora a nossa voz interior começa a falar mais alto do que as dos outros pois foram provavelmente as dos outros que nos incentivaram a ir pelo deserto adentro.
Só agora aprendemos que o que plantámos à força no deserto seco não deu frutos nenhuns mas que quando plantamos na terra fértil junto ao trilho tudo cresce abundante e naturalmente.
Aos poucos a humanidade está a acordar e a reconhecer o deserto a que foi parar. Devagarinho estamos a dar inicio às viagens de retorno aos trilhos. Mas cada um o fará ao seu ritmo, no seu tempo e pelo seu pé e logo a melhor maneira de inspirarmos os mais resistentes é fazermos o nosso caminho deixando apenas pistas discretas em forma de pegadas na areia respeitando sempre a livre escolha de cada um seguir o que entender e o que lhe fizer sentido.
Seja qual for o teu deserto, onde quer que estejas no teu caminho, se te sentes longe do trilho da abundância, apenas confia que ele existe, não te conformes com pequenos poços de água e tendas apertadas no meio do deserto.
Mantêm-te em movimento questionando tudo e todos, reconhecendo os mestres e as pistas que vão surgindo até que encontres o teu verdadeiro oásis interior.
Vera Luz
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