sábado, 30 de abril de 2016

Magnificat



Quando é que passará esta noite interna, o universo, 
E eu, a minha alma, terei o meu dia? 
Quando é que despertarei de estar acordado? 
Não sei. O sol brilha alto, 
Impossível de fitar. 
As estrelas pestanejam frio, 
Impossíveis de contar. O coração pulsa alheio, 
Impossível de escutar. Quando é que passará este drama sem teatro, 
Ou este teatro sem drama, 
E recolherei a casa? 
Onde? Como? Quando? 
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo? 
É esse! É esse! Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; 
E então será dia. Sorri, dormindo, minha alma! 
Sorri, minha alma, será dia !

Álvaro de Campos


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