quarta-feira, 1 de julho de 2015
As parábolas do Vedanta
O Vedanta expõe uma visão da existência muito bela e profunda.
Embora o ensinamento seja meridianamente simples (você já é a felicidade que está procurando), a profundidade da maneira em que esta visão é transmitida, a deixa fora do alcance da maior parte das pessoas. Portanto, para superar essa dificuldade, os diferentes mestres desta antiga linhagem optaram por transmitir o ensinamento através de ilustrações práticas do quotidiano, para que as pessoas tenham a oportunidade de compreender a verdade sobre si mesmas da maneira mais directa e acessível. Esses exemplos, alguns dos quais são já certamente conhecidos pelo amigo leitor, são o tema do presente texto.
Se formos sintetizar esta profunda e bela filosofia em três frases, podemos afirmar que
o Vedanta ensina que:
1) Brahman, o Ser é a única realidade;
2) toda a criação depende da presença dele;
3) você é este Ser, intrinsecamente ilimitado, pacífico e feliz.
Para tornar esta visão acessível àqueles que vivemos imersos nesta sociedade maluca, compassivamente, os mestres do passado vislumbraram diversas parábolas, chamados nyaya, ou argumentos lógicos, que têm como finalidade explicar da maneira mais clara o ensinamento medular desta escola filosófica. Damos a continuação uma lista desses argumentos, com uma breve explanação sobre a maneira em que cada um deles é utilizado no ensinamento tradicional.
Usaremos esses exemplos como instrumento para ilustrar alguns aspectos do ensinamento do Vedanta.
1. Rajjusarpa: a corda e a serpente.
Andando no crepúsculo, um homem encontra uma corda jogada em seu caminho. Como não há luz suficiente, ele confunde a corda com uma serpente venenosa. Assustado com a possibilidade de ser mordido e morrer, se afasta, correndo aos berros. Um amigo dele se aproxima com uma luz e ambos constatam que aquilo que pareceu uma perigosa serpente, em verdade não passa de uma inofensiva corda. O medo e o nervosismo desaparecem.
Este exemplo é utilizado para demonstrar que às vezes a mente nos faz ver coisas aparentemente reais e tangíveis, mas que podem estar totalmente equivocadas. Essa sobreposição do aparente sobre o real é chamada upadhi em sânscrito. Brahman é a Realidade. O mundo é uma sobreposição que encobre o ser, da mesma maneira que a ideia da serpente venenosa é uma sobreposição que esconde a realidade inofensiva da corda.
2. Mrigatrishna: a miragem no deserto.
Um viajante vê uma miragem ao meio-dia, no meio do deserto: água, palmeiras e algumas casas onde acha que poderá beber, alimentar-se e descansar. Ele toma essa miragem como verdadeira, e dirige seus passos para dela. Porém, percebe que, quanto mais anda, mais o oásis se afasta dele. Continua andando a esmo até perceber que cometeu o erro de se afastar do caminho ao correr atrás da miragem. Encontra o caminho de volta, e chega em seu destino, sem se deixar enganar por novas miragens.
Este exemplo é dado para ilustrar como o mundo das formas é aparentemente, o lugar onde conseguiremos a felicidade que estamos buscando. O viajante representa neste exemplo o jivatman, o ser vivo, encarnado num corpo. Quando ele percebe a inutilidade de correr atrás daquilo que é efémero, volta ao caminho original e chega a seu destino.
3. Shuktirajata: a prata e a madrepérola.
Andando numa praia, uma pessoa acha um objecto brilhante. Acreditando ser uma jóia de prata, começa a especular sobre o que vai fazer com o dinheiro que irá ganhar quando vender essa jóia. No entanto, ao pegar esse objeto na mão, fica muito decepcionada ao constatar que aquilo que lhe pareceu uma valiosa jóia, não passa em verdade de um pedaço de madrepérola sem valor.
Este exemplo é complementar daquele da corda e a serpente, já que ilustra a sobreposição do aparente sobre o real. Contudo, enquanto que no exemplo da corda e a serpente, algo inócuo era considerado negativo e indesejável, na presente ilustração algo inócuo é considerado como positivo e desejável. O conhecimento sobre o Ser surge apenas com a compreensão adequada, cultivando o discernimento e sendo capazes de separarmos o que tem valor do que não tem. Igualmente, é preciso cultivarmos a paciência, a reflexão e o estado meditativo para aplicar este conhecimento na vida quotidiana.
4. Kanakakundala: o ouro e os ornamentos.
O ouro é essência da qual os ornamentos são fabricados. As jóias não derivam do ouro: elas são o próprio ouro. Os ornamentos não têm existência separada da presença do ouro. Similarmente, todos os nomes e formas são o Ser. A palavra mais adequada para designar essas jóias, cuja existência depende da presença do ouro, é mithyam. Mithyam é um termo usado habitualmente com o sentido de “falso”, mas em verdade designa algo que não é nem verdadeiro, nem falso, nem não-existente. Mithyam é aquilo que não é independente da essência. O ornamento é aquilo que não é independente do ouro. O ouro é ouro, independentemente da forma que ele assumir. O ouro não muda de natureza quando sua forma muda. Subjazendo os variados nomes e formas, existe apenas o Ser, cuja natureza é ilimitada. É assim que nós somos: feitos de puro Ser, acreditamos sermos a forma efémera deste corpo e sofremos quando ele adoece ou decai.
5. Samudrataranga: as ondas e o oceano.
O presente exemplo é uma versão diferente do anterior: inúmeras ondas andam pelo oceano. Cada uma delas é, aparentemente, distinta das demais. Cada uma pode perceber-se separadamente, distintamente. Porém, todas as ondas são apenas água, inseparável do oceano. Em verdade, a natureza das ondas é o oceano. Swami Dayananda ensina: “qual é a distância entre a onda e o oceano? Não existe tal distância. Tocar uma onda significa tocar o oceano inteiro. Não há separação entre as ondas e o oceano”. Da mesma maneira, não há separação entre o Ser e os nomes e formas que percebemos na criação. O Swami continua: “as ondas existem no oceano. Num dado momento, elas se dissolvem, e voltam a ser água de mar, sem nunca ter deixado de ser essa água. No mundo, assim como as ondas no rio, os seres vivos nascem no Ser, vivem no Ser, não se afastam no Ser, devem sua existência ao Ser e nele se dissolvem na hora de abandonar seus corpos”. Essa é a essência do não-dualismo (advaita).
6. Sphatikavarna: o cristal e as cores.
Esta analogia faz referência ao reflexo de diferentes cores num cristal. O cristal é puro e transparente; não tem cor própria. No entanto, quando o apoiamos num tecido vermelho, assume essa cor como se fosse própria. Se mudarmos a cor do tecido sobre o qual o cristal se apoia, a cor do cristal, aparentemente, irá mudar também. Sendo ilimitado, existindo desde antes do tempo e do espaço, o Ser não está limitado por nomes ou formas. No entanto, as sobreposições dos nomes e formas (namarupas) fazem que ele, aparentemente, assuma as qualidades desses nomes e formas.
Ensina Swami Dayananda: “a verdade sobre os namarupas, é que todos eles são expressões de Ishvara. A forma do pote é uma sobreposição na argila. Você não coloca o pote sobre a argila. A argila, sem deixar de ser argila, assume a forma do pote”.
7. Padmapatra: a folha do lótus na água.
Esta é a parábola da folha do lótus e a água: a flor do lótus cresce na água, com suas raízes fincadas na lama. A chuva escorre pelas folhas, mas a flor de lótus permanece intocada, sem se molhar ou afundar na água. As pétalas do lótus têm uma característica única: elas não retêm partículas de poeira. É por isso que esta flor é o símbolo da pureza do Ser. Da mesma forma que as pétalas desta flor, o Ser, embora presente no mundo, permanece como que intocado pelas coisas do mundo. Essa qualidade chama-se nirañjan, aquele que é intocado, imaculado.
8. Vatagandha: o perfume e o vento.
O vento carrega quaisquer perfumes ou cheiros, espalhando-os por todas as partes, sem escolher ou separar os agradáveis dos menos agradáveis. O ar permanece puro, independentemente dos cheiros ou perfumes que sejam transportados através dele.
Este exemplo, assim como o da folha de lótus e a água anteriormente mencionado, aponta para o estado de permanente pureza do Ser. O Ser é igualmente chamado Shuddhabrahman, o Puro, aquele que está para além das dualidades. Se não conhecermos o não-dual, viveremos sempre na dualidade. Contudo, não é preciso remover as dualidades, mas compreender isto objectivamente. Não precisamos remover nada. Sumidos na ignorância, vivemos na dualidade. Quando adquirimos o conhecimento, passamos a viver a não-dualidade. Devido unicamente à confusão, vivemos no estado de ignorância e consequentemente sofremos, pois vemos a nós mesmos, ora como agentes das acções (kartah), ora como desfrutadores (ou sofredores) dos frutos delas (bhokta).
9. Urnanabhi: a aranha e sua teia.
A aranha segrega sua teia a partir do próprio organismo e com ela tece sua casa. Da mesma maneira, o Ser “tece” a criação, a partir da matéria que ele mesmo é. Não há diferença entre criador e criação. Aquilo que o Ser é, a criação é. Ser e criação, criador e criatura, não são entidades separadas. Nada surge do nada. Para que alguma coisa exista, precisa haver alguma outra coisa que tenha lhe dado lugar. A causa material da criação, então, é ao mesmo tempo o fazedor.
Nas palavras de Swami Dayananda, “Ishvara [o Ser, manifestado como Fazedor da Criação] não criou o mundo a partir do nada. Ishvara é a substância material da criação. Ishvara é o fazedor, mas é igualmente a causa material da criação”.
10. Suryabimba: o reflexo do sol nas águas.
Existe um único Sol no nosso sistema solar, embora para uma criança ele possa aparecer como muitos sóis diferentes, ao se reflectir em diversos recipientes de água. Não podemos confundir os reflexos do Sol com o próprio Sol. Na Chandogya Upanishad, o sábio Udalaka ensina para seu filho Shvetaketu: sadeva asi, ekameva adbhitiyam. Só existe um princípio que, se for conhecido, permite conhecer todo o resto. O pai dele explica que, no início, só existia esse princípio. “Este mundo, originalmente, era uno, não-dual.” A dualidade, a distinção sujeito/objecto não acontecer realmente no universo, mas é percebida como se estivesse presente, por conta da ignorância metafísica (avidya) e das superposições (upadhis).
11. Ghatakasha: o espaço no pote.
Esta é a parábola do espaço e o pote: o espaço permeia o universo inteiro. Não há diferença entre o espaço longínquo e o próximo. Não há diferença entre o espaço contido num pote e o espaço do lado de fora dele. O espaço do lado de dentro do pote é essencialmente igual ao espaço do lado de fora. Espaço é espaço, independentemente do tamanho ao qual ele se restrinja. Se o pote é quebrado, nada acontece ao espaço. O espaço do lado de dentro não se funde ou mistura com o espaço do lado de fora, nem sofre nenhuma mudança. Igualmente, o Ser, estando presente no mundo, não é atingido por nenhuma das modificações que afetam o tempo e o espaço.
12. Bhramarakita: a abelha e os insetos.
Conta a tradição da Índia que a abelha ataca um insecto chamado kita e o leva para sua colmeia. Esse insecto, “meditando” sobre a forma da abelha, torna-se por sua vez uma delas. Da mesma forma, meditando sobre as grandes afirmações védicas (mahavakyas) como Aham Brahma’smi “Eu sou o Ser”, ou Tat tvam’asi, “tu és Isso”, o praticante reconhece a sua verdadeira identidade e se estabelece nela.
13. Dagdhapata: o pano queimado.
A parábola do pano ardente é assim: se queimarmos uma peça de pano, constataremos que, mesmo havendo pegado fogo, ela mantém a sua forma original. Porém, se tocarmos o pano, ele se torna cinzas. Um processo similar acontece com o jivanmukti, aquele que se libertou em vida. Ele ainda tem um corpo, mas esse corpo é como o pano queimado. Havendo purificado o corpo no fogo do conhecimento, não há identificações do ego que possam reforçar ou criar novos desejos ou condicionamentos.
14. Arundhati: encontrando uma estrela mediante outra.
Para mostrar a alguém a pequena estrela chamada Arundhati, você deve apontar para outra estrela maior, que próxima dela, e é mais brilhante e fácil de se ver. Assim, a pessoa se focaliza primeiramente na estrela maior, para poder ver com clareza a menor. Na passagem para ver a pequena Arundhati, é preciso deixar de lado a estrela maior.
Similarmente, existem alguns métodos de Yoga que fazem ênfase nas práticas mais densas. Na medida em que a pessoa vai se familiarizando com as técnicas e o autoconhecimento, as práticas mais subtis e os ensinamentos mais profundos podem ser revelados para ela. Da mesma maneira ainda, o Ser, que não tem forma, não pode ser visto. Mas o devoto outorga uma forma definida ao Ser, manifestado na criação na forma de Ishvara, para poder adorá-lo. Assim, estabelece-se um altar, e a adoração tem lugar. Depois que o devoto conseguir ver o Ser em todos os seres vivos, a referência que é o altar, pode ser descartada.
15. Bijavriksha: a semente e a árvore.
A semente é a causa da existência da árvore. A árvore é a causa da existência da semente. Não podemos determinar quem nasceu antes, assim como não podemos dizer quem chegou antes, se o ovo ou a galinha.
Este exemplo serve para ilustrar que para cada questionamento, existe uma explicação e outro questionamento oposto, com sua respectiva explanação. A maneira de discorrer sobre o Ser que vemos em muitos textos usam esse recurso. A Katha Upanishad, por exemplo, fala sobre o Ser como sendo menor que o dedo polegar, e ao mesmo tempo maior que a maior das montanhas, para explicar que ele não tem dimensão física ou melhor, que está aquém, além e através da criação inteira.
16. Markatakishora: o filhote de macaco.
Um filhote de macaco segura muito firmemente na mãe e não se separa dela em nenhuma circunstância. Mas, depois que cresce, não precisa mais da protecção dela e não volta mais a se refugiar no seu colo.
Da mesma maneira, o mumukshu, o aspirante à libertação, depois de se estabelecer firmemente no conhecimento do Ser, não precisa mais de nenhum apoio exterior, e pode andar pelas próprias pernas no caminho do autoconhecimento, permanecendo firme em seus valores e na vida de dharma.
17. Ashmaloshta: o algodão, a argila e a rocha
A argila é dura se comparada com o algodão, mas é mole quando comparada com a pedra.
Esta parábola exemplifica uma situação que pode nos parecer boa, mas é na verdade má, ou vice-versa: uma situação que nos parece má, mas no fundo é boa. A parábola nos mostra que as qualidades não são inerentes às situações: nós as qualificamos diversamente, de acordo com nosso próprio código de valores. A questão está em perceber que todas as situações acontecem por um bom motivo, e para o bem. Lembrando que tudo o que acontece (mesmo aquilo que é interpretado como indesejável) acontece para o bem de todos, poderemos viver mais tranquila e relaxadamente.
18. Kakkadanta: os dentes do corvo.
É inútil buscar dentes no bico de um corvo, assim como é inútil buscar chifres num coelho. Similarmente, é inexistente o filho de uma mulher estéril, um elefante voador, ou uma cidade suspendida o espaço.
O ditado popular espanhol, “é inútil buscar a quinta pata do gato”, exemplifica igualmente esta situação da busca de algo irreal. Às vezes, podemos nos perguntar por que o mundo é imperfeito. Ver a criação como algo imperfeito é produto das nossas próprias projecções e desejos de que o mundo ou as pessoas sejam diferentes do que são. Contudo, isso não significa que devamos nos resignar ou nos furtar a cumprir nossas responsabilidades quando percebemos que determinadas situações poderiam melhorar pela nossa ingerência.
19. Dandapupa: o desaparecimento das tortas.
Algumas tortas estão amarradas na ponta de uma vara. Se a vara for afastada do nosso campo visual, podemos concluir precipitadamente que as tortas desapareceram.
Este simples exemplo ilustra a situação em que todas as nossas dúvidas são esclarecidas e as fontes de aflição desaparecem junto com a ignorância existencial, quando o conhecimento sobre o Ser resplandece. Reza a Vivekachudamani (318), obra de Adi Shankaracharya: “Da extinção da acção [centrada no ego], deriva a extinção da ansiedade. Quando acontece a extinção da ansiedade, ocorre igualmente a extinção das vasanas (impressões inconscientes que geram os desejos). A extinção final das vasanas é a libertação. Aquele que realiza essa extinção, é chamado jivanmukta”.
20. Kshaurikaputra: o filho do barbeiro.
Um rei pediu ao seu barbeiro que buscasse e trouxesse à sua presença o jovem mais lindo do reino. O barbeiro buscou nos quatro cantos do país e voltou para casa de mãos vazias. Vendo seu bem-amado filho, considerou que ele era a criatura mais linda do universo e o levou à presença do rei. Acontece, porém, que o menino era feio de morrer.
Esta parábola aponta para as situações em que, apegadamente, atribuímos subjectivamente um grande valor para algo que talvez não tenha todo esse valor. Muitas vezes, vivendo constringidos à nossa própria experiência pessoal, acreditamos que aqueles bens que possuímos sejam os mais valiosos da terra.
21. Vishakrimi: os vermes no alimento tóxico.
Certos vermes podem viver confortavelmente em meios tóxicos, sem serem afectados pela toxidade do ambiente.
Este exemplo ilustra uma situação em que alguém considera algo como sendo sem valor, mas esse algo, para outra pessoa, significa muito, como o macaco que come uma banana e descarta a casca, que vai ser comida por outro, bem como a sua possibilidade contrária: alguém pode estar na presença de algo de imenso valor, mas, desconhecendo esse valor, passa ao largo sem lhe prestar a mínima atenção. A parábola aponta para a situação daqueles que, sem suspeitar que exista a felicidade ilimitada do Ser, contentam-se apenas com insignificâncias banais. É facto sabido que, se não estivermos preparados para receber o conhecimento sobre nós mesmos, ele não irá chamar a nossa atenção e não lhe daremos a menor importância.
22. Kakkataliya: o corvo na palmeira.
Um corvo pousa numa palmeira. Naquele preciso instante, um coco cai.
Embora ambos acontecimentos estejam aparentemente vinculados no tempo e no espaço, não existe relação causal entre eles. Às vezes, o mesmo acontece em muitas situações da vida. Porém, a mente, confinada a seu próprios limites, tende equivocadamente a criar um nexo entre os eventos. É preciso compreensão para ver onde existe conexão causal entre acontecimentos sucessivos, e onde essa associação é apenas uma equivoco da mente.
Pedro Kupfer
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