O sentido de obrigada, como fórmula de agradecimento, é literal.
A palavra, inicialmente um adjectivo, ganha neste caso uma autonomia de interjeição.
Perde-se na memória colectiva a construção que a levou a ser empregada em tal papel.
O particípio do verbo obrigar (do latim obligare, “ligar por todos os lados, ligar moralmente”) expressa o reconhecimento de uma dívida entre quem recebe um favor ou gentileza e quem o faz – ambos, dessa forma, ligados, atados, presos por um laço moral.
Sendo assim, a origem da palavra "obrigada" como forma de agradecimento vem do latim obligatus, particípio do verbo obligare, ligar, amarrar.
É a forma abreviada da expressão fico-lhe obrigado, ou seja, fico-lhe ligado pelo favor que me fez.
A frase completa seria “fico-lhe obrigado”, ou seja, “passo, a partir deste momento, a ser seu devedor”.
Na linguagem jurídica, obrigado é também um substantivo que significa “sujeito passivo de uma obrigação”, isto é, de uma dívida ou outro compromisso contratual.
Quando nos tornamos devedores de outrem por um serviço que nos foi prestado, criamos um elo, mesmo que seja momentâneo.
Outra questão se pode colocar:
A velha dúvida - Obrigada ou Obrigado?
Se obrigado é um adjectivo, exige que se apliquem a ele as flexões cabíveis de número e género no feminino. O papel de adjectivo, tem-se vindo a perder na palavra quando a empregamos com o sentido de “grato”.
Hoje o termo costuma ser usado como interjeição, o que torna natural que seja compreendido como invariável. Aquilo que de certo ponto de vista é um erro indiscutível também pode ser encarado como uma mutação linguística em curso.
Já a gratidão vem do latim “gratia”, que significa literalmente graça, ou gratus, que se traduz como agradável. Significa reconhecimento agradável por tudo quanto se recebe ou lhe é reconhecido.
É uma emoção, que envolve um sentimento e portanto, não há obrigações, ligações ou amarrações.
Sérgio Rodrigues
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