“Um dos momentos mais dolorosos da minha vida foi quando caí numa grande depressão.
De repente, tudo pareceu perdido.
Faltaram-me as forças e a motivação.
Passei dias e dias sem conseguir sair da cama e sem saber o que me iria acontecer de seguida. Estava com medo do medo que sentia.
Os antidepressivos deixavam-me estranho e os calmantes, prostrado e sem reacção.
O medo tornou-se a minha grande companhia.
O presente assustava-me e o futuro aterrorizava-me.
Mais tarde, percebi a importância desse momento.
A vida parou-me para que eu fizesse escolhas diferentes.
Até ali, estava num caminho permanente de busca de aprovação, comparação e autocomiseração. O cansaço e o esforço tinham-se tornado parte integrante de mim. Sofria sem perceber ou mesmo sem o saber.
Naquele instante, a depressão teve o condão de me fazer chegar a um ponto em que entendi que tudo tinha de ser diferente.
Com muito custo, comecei a fazer escolhas contrárias ao medo e a vencer a resistência natural da doença.
Pouco a pouco, comecei a sair de casa, a sorrir, a regressar à vida. Nada mais foi igual. Tudo mudou.
Naquela altura compreendi de uma vez por todas que, mesmo que não o entendamos, tudo aquilo que nos acontece na vida é sempre o melhor para nós, e não existe nada, mesmo nada que aconteça fora do seu próprio tempo.”
José Micard Teixeira
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