Noite acima nós dois com lua cheia,
comecei a chorar e tu só rias.
Teu desdém era um deus, minhas sombrias
queixas horas e pombas em cadeia.
Noite abaixo, nós dois. Ar que golpeia,
pelas fundas distâncias tu gemias.
Minha dor era um grupo de agonias
sobre teu débil coração de areia.
Uniu-nos a aurora sobre a cama,
as bocas postas no jorro gelado
de um sangue sem ter fim que se derrama.
E o sol entrou no quarto bem fechado
e o coral da vida abriu sua rama
sobre meu coração amortalhado.
Federico García Lorca
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