quinta-feira, 7 de junho de 2018

Os pais cretinos deste mundo são uma merda





Desculpem.

Não sou sempre assim. Aliás esta já é a versão 2.0 do texto. Inicialmente tinha feito uma versão muito centrada no género masculino, mas achei justo e mais consistente incluir também o género feminino nesta reflexão e assim vai.

Ultimamente tenho visto muito desta coisa “maravilhosa” e que me incomoda profundamente: Pais (mãe e pai) que têm um filho (acidental ou intencional) e que por uma razão ou por outra não assumem as suas responsabilidades e obrigações. Ou aceitam realidades e condições que não só os prejudicam profundamente como também ensinam uma lição terrível aos seus filhos.

Sim porque não é o que dizemos que eles aprendem. É o que fazemos.

Infelizmente a razão principal deste fenómeno parece ser ou por visão retrógrada, por falta de educação, ou por falta de vontade.

Essas pessoas terrivelmente idiotas invocam argumentos clássicos, que todos já ouvimos centenas de vezes: “Preciso de dormir”, “Ele amanhã ajudará mais”, “Ando muito ocupado”, “Coitado, ele trabalhou todo o dia”, “Tu que estás em casa tens de fazer isso”, “Um homem não faz essas coisas”, etc, etc, etc.

Dá-me um nó no estomago. Em nome de todas as crianças que serão adultas, de todas as crianças que vão ter um modelo disforme do que deve ser uma família. Fica em mim a revolta, a raiva em assistir a como tradicionalmente os homens se dissociam de uma obrigação e responsabilidade que é sua e de como as suas mulheres aceitam e se acomodam a esse modelo sexista e esclavagista.

Vamos ser claros. Acidental ou intencionalmente, a criação de um ser vivo é responsabilidade de duas pessoas. Em quantidades exactamente iguais. E independentemente do que se passe no futuro, e do que aconteceu no passado, essa responsabilidade é eterna. Ou até que o pai ou o filho morram.

Isso para mim significa que, em casa, no trabalho, por todo o lado, o pai tem a obrigação de partilhar as responsabilidades com a mãe. Tem de estar atento e disponível - mesmo que a enorme custo pessoal - para acompanhar, para ajudar, para fazer tudo o que o filho ou a mãe precisarem. Especialmente nos primeiros meses e anos de vida.

E a mãe tem a obrigação de exigir. De pedir e de não aceitar qualquer coisa menos que um sim. A obrigação de ser firme e implacável na luta pelos seus direitos e pela sua saúde. Porque todo o seu bem-estar será espelhado na vida, ou melhor, na qualidade de vida dos seus filhos.

A mãe tem o trabalho de cuidar do(s) filho(s). O filho tem o amor pelo colo e pelo peito materno. E isso é insubstituível. Então o pai tem de fazer o resto. Limpar, cozinhar, cuidar, comprar, ir e voltar. O pai tem de fazer o esforço sublime de colocar o bem-estar da sua família em primeiro lugar. Antes do emprego, antes do desporto, antes dos amigos, antes do comodismo. E a mulher tem de exigir esse esforço.

É chato? É uma merda? É cansativo? É frustrante? Sim, muitas vezes pode ser. Mas isso não impede nem muda a responsabilidade que o pai e a mãe continuam a ter. Numa família de um pai abusador há uma mãe que se deixa abusar. Numa família de um pai acomodado há uma mãe que faz tudo por todos. Numa família onde há um pai ausente há uma mãe que compensa com presença em excesso.

Como é possível que um pai, à sua mulher grávida de nove meses, diga que não pode ajudar enquanto está sentado em frente à televisão deixando a mulher fazer tudo e ainda cuidar dele?

Como é possível uma mulher aceitar que com um filho acabado de nascer, o pai decida ir fazer uma actividade extra por dia, que aumenta a sua indisponibilidade em casa, e para ajudar?

Como é possível que um pai queira ter mais filhos e o exija à sua mulher mesmo que não faça nada para ajudar com as lides da casa ou com os filhos?

Como é possível que a mulher aceite ter mais filhos quando fisicamente já atingiu o seu limite e está num estado profundamente depressivo ou no precipício?

Como é possível que o pai seja um pai de fim de semana, ou de dias de festa, ou de levar ao futebol, mas que em todos os outros momentos se afaste e seja indiferente?

Como é possível que a mãe, por diferenças pessoais ou problemas relacionais com o pai, aceite cobrir e fazer tudo o que o pai não faz, convencida que é para garantir o bem-estar do seu filho?

Nós, pais (do género masculino) deste mundo temos o dever moral, o imperativo categórico de cuidar, ensinar, fazer, abdicar e sacrificar. O filho também é nosso.

Por isso peço aos pais e às mães que não mais aceitem este ‘status quo’ ridículo. Que digam não ao abusos e à preguiça e que digam sim à família e aos filhos.
E que, ainda mais importante, sejam cuidadosos na produção de novas vidas e na escolha de com quem as produzem.


Bernardo Rosa Ramirez




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