quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Solstício de Inverno 2017





Maio de 2026

Todos os Planetas Lentos, os que cartografam a evolução colectiva da Humanidade, entraram - depois de um ano de arranques e retrogradações, avanços e recuos - finalmente em signos novos e yang: signos ligados com a projecção da energia para o futuro. Signos de Fogo e Ar, ligados com novos ideais e visões, ideias, e formas de relação, comunicação e sociabilidade.

Urano entrou em Gémeos ao fim de oitenta anos, 
Neptuno voltou ao primeiro signo do Zodíaco, 
Carneiro, depois de cento e sessenta anos, 
Plutão entrou em Aquário em fim de duzentos e cinquenta. 
São números aproximados, apenas para nos recordar que Urano precisa de oitenta e quatro anos para dar uma volta ao Zodíaco, Neptuno cento e sessenta e cinco, Plutão duzentos e cinquenta.

Não é algo que aconteça todos os dias, Neptuno (misticismo e transcendência) ingressar no primeiro signo do Zodíaco, dar início a uma qualidade absolutamenta nova, e assim começar uma nova jornada de século e meio; não é algo que aconteça todos os dias, Plutão (transformação colectiva e individual) ingressar em Aquário, signo de ideais sociais e visões de futuro, para só lá regressar um quarto de milénio depois; e não é algo que aconteça todos os dias, Urano regressar a Gémeos, depois lá ter passado pela última vez em meados da década de 1940, a propiciar saltos quânticos na mentalidade colectiva e nas formas pelas quais comunicamos e nos transportamos. As cidades futurísticas dos anos 90 do século passado são, agora e cada vez mais, a realidade.


Até Saturno - principalmente Saturno - que cartografa, juntamente com Júpiter, a maneira como as culturas e as sociedades “filtram” as energias cósmicas mais impessoais e "universais" representadas pelos planetas mais lentos, e procuram - tantas vezes sem consciência disso, é evidente - dar-lhes forma e expressão - através dos paradigmas (paradigma, na acepção que lhe deu Thomas Kuhn) e das instituições sociais a quem cumpre exercer, dentro da consciência colectiva, o papel que lhes cumpre para que se cumpra o “zeitgeist” de cada tempo histórico; até Saturno, dizia, que representa o filtro social das energias universais ingressou num novo signo, num novo ciclo, e está pronto para mais uma viagem de trinta anos: acabou de ingressar (também ele) em Carneiro.

Estamos em Maio de 2026, e o início de uma nova Humanidade e de uma nova consciência colectiva desponta, como aurora, no nosso horizonte comum.

Até lá, ter-se-á cumprido largamente o inevitável, mas também: a consequência de todas as escolhas que, individual ou colectivamente, tenhamos feito até lá.


Janeiro de 2020

Saturno encontrou Plutão em Capricórnio - uma combinação difícil e pesada, marco na evolução/transformação social: das últimas décadas, dos próximos anos, das próximas décadas. O poder começou a apertar ainda mais, com regras ainda mais rígidas e o controlo social cada vez mais descarado: era o velho mundo, aquele nascido com a revolução industrial e capitalista, a estrebuchar - enquanto a inevitabilidade da evolução quer passar o testemunho ao futuro que aí virá, e o futuro é de fraternidade: não é de controlo das massas por um número restrito de indivíduos e corporações.

Os plutocratas começaram a sentir o poder a escapar-lhes das mãos, como quem percebe que o cavalo que selou afinal não é assim tão dócil, e começa a segurar as rédeas cada vez mais curtas, com força e violência, fazendo estalidos com a boca, ameaçando com castigos  - mas cagados de medo perante a possibilidade de caírem do cavalo abaixo.

O cavalo já não vai em cantigas (nem em filmes de hollywood, nem em fake news, nem em futebóis), e por todo o lado começa a ouvir outros cavalos a relinchar, com dor, e em protesto.

O cavalo nem se importa de pôr a sua força ao serviço da fazenda, mas quer ser respeitado, porque ao fim de muitos anos de escravidão e de sofrer com a sua própria negligência percebeu às suas próprias custas que cada um tem o seu lugar, a sua função, e a sua dignidade. Os capatazes e os seus patrões não sabem o que isso é, porque não conhecem nada além do seu próprio desejo de poder - que é como quem diz, da sua ambição cega e do seu medo.O ano seguinte, de 2021, é um ano de grande tensão social. Mas a evolução é inevitável.

2020 foi um ano marcante, marcado pela conjunção de Saturno a Plutão: assinatura astrológica clássica de períodos difíceis, de guerra, exercício de poder, controlo apertado, cristalização do poder, conflitos, assassinatos, dificuldades para as massas, fomes, pragas, guerras, extermínios. Sempre com a sociedade civil, e as massas, a serem dizimadas e sacrificadas como peões do jogo do poder.

Não é novidade nenhuma na nossa história colectiva - a nossa história escreveu-se, tantas e tantas vezes, disso: a primeira guerra mundial começou e foi despoletada por um assassinato, durante uma conjunção de Saturno-Plutão. O período do pós-guerra da 2ª guerra mundial coincidiu com uma conjunção Saturno-Plutão. A guerra das Malvinas ocorreu durante a mais recente conjunção de Saturno-Plutão, assim como os conflitos entre a Índia e o Paquistão - e tantos outros, no mundo e ao longo da história - coincidem com as conjunções de Saturno com Plutão, que acontecem sensivelmente de trinta e muitos em trinta e muitos anos.

E estamos em Janeiro de 2020, e Júpiter vai a caminho de encontrar Plutão - até Novembro desse ano tê-lo-á encontrado três vezes, devido aos movimentos de retrogradação, antes ainda de encontrar Saturno, já no início de Aquário, para a sua conjunção (algo que ocorre de 20 em 20 anos, mas invariavelmente em diferentes signos) a 21 de Dezembro de 2020, no grau 0 (zero) do signo do aguadeiro.

Talvez a presença e a passagem de Júpiter por Capricórnio tenha ajudado a suavizar a combinação Saturno-Plutão, e trazido para essa rara conjunção em Capricórnio (só acontece uma destas conjunções em Capricórnio, digamos, de quinhentos em quinhentos anos - aproximadamente, e em média: o que sabemos é que a anterior a esta de 2020 terá sido em Janeiro de 1518, e a próxima será em 2754) uma oportunidade.

Foi, foi.

É que foi assim, pela graça de Júpiter, que no ano de 2020 uma nova ordem social começou a surgir, e uma nova qualidade de poder a ser exercido, mas não só pelos plutocratas, políticos e corporações do costume - os montados do costume: começaram a surgir, com a conjunção Saturno-Plutão, poderes mais conscientes, líderes mais conscientes, e novas formas de participação social por cidadãos e organizações mais conscientes, responsáveis, e colectivamente mobilizadas.

O poder deixou de estar exclusivamente nas mãos dos tradicionais senhores do mundo, embora este o tentem exercer com cada vez mais controlo. Meios de comunicação, leis, “saúde”, “educação”, instituições económicas, os lobbies, tudo conspirando ainda mais forte - e de forma ainda mais descarada - para que uns poucos não percam privilégios e continuem a dominar o mundo.

Mas o poder começa a entrar em crise, que é como quem diz, num momento de rara oportunidade.

Não só porque a conjunção de Júpiter e Saturno a 21 de Dezembro de 2020 aconteceu no grau 0º de Aquário, prenunciando a “nova era” de que se vinha falando há décadas e décadas, mas acima de tudo - porque os Homens haviam decidido, uns anos antes, acordar.

E começar a assumir responsabilidade pelo destino colectivo da Humanidade, da Terra, do planeta, e dos recursos (naturais, financeiros, etc.). Pela sua saúde. Pela sua dignidade. Pela sua humanidade. Pela sua auto-determinação. Pelo uso consciente, responsável e livre das suas próprias vidas, recursos, e poder produtivo. Pelo uso livre da internet. Por alternativas melhores aos sistemas tradicionais. Pela justiça, pela paz, e pela cooperação em vez da competição e da alienação que tinham vindo, insidiosamente, a fragmentar todo o tecido social e humano.
A revolução começou a sair dos comentários no Facebook, e começou a traduzir-se em movimentos cívicos concretos e numa inaudita capacidade de contribuir para a revolução: de consciências e estruturas.

Enquanto outra parte do mundo cristalizava, paralisava, e se deixava obedecer docilmente à tirania, às estratégias da velha ordem, e deixava que lhe apertassem as rédeas, defendendo a importância dos cavalos serem controlados para não lhes acontecer nenhuma desgraça: o medo de sermos livres provoca orgulho em sermos escravos - e para não perder benefícios, a ilusão de segurança, e o direito a viver sem se incomodar, refugiou-se do desconforto e da miséria irreparável em que as suas vidas se tornara ainda mais decididamente no entretenimento, na alienação e na fuga escapista que a tecnologia, cada vez mais avançada, proporcionava, e nas novas drogas, frutos da engenharia, e nos chips de identificação, e nas vacinas para se proteger contra as doenças - reais, prováveis, improváveis ou inventadas, e no seu direito ao consumo (de carne, de leite, de medicamentos, de políticas conservadoras, de álcool, sal, açucar, anti-depressivos, flúor, etc.), e nos avanços promissores da ciência, cada vez mais inspirada na genética, na engenharia, na informática e na robótica - de tal maneira que a fronteira entre humano e tecnológico estava cada vez mais esbatida, e a tecnologia dava às pessoas esperança, vidas mais “boas” ou longas, mas não necessariamente melhores nem mais preenchidas do essencial.

E o mundo foi assim palco de uma clarificação de como há diferentes maneiras de viver, ou sobreviver, consoante os valores e os horizontes que as consciências individuais privilegiam - e que a “sociedade”, afinal, é o resultado de todas estas forças, movimentos, interacções, e inter-influências, com o poder exercido por aqueles a quem é entregue, e como dizia o Nietzsche, “quem não obedece a si próprio será comandado”.

Uns quiseram e puderam assumir o poder de mudar o mundo, e outros escolheram não o fazer, deixando que o poder continuasse nas mãos de uns quantos, trocando assim a responsabilidade pela conveniência, e optando - aparentemente - por existências com menos "ondas".

E o mundo dividiu-se, ou melhor, revelou claramente, à medida que as opções individuais e colectivas se cristalizavam, a diferença entre quem luta por obedecer a si próprio e à sua própria consciência, e quem simplesmente não luta, só obedece. Ou melhor, luta: mas apenas por aquilo que reforça e mantém a sua própria obediência.

Assim, a principal boa notícia desse ano de 2020 nem foi que a Astrologia estava novamente em alta, e a recomeçar a fazer parte da educação de um número crescente de indivíduos em toda a parte, que lhe reconheceram o poder de ser uma linguagem extraordinária para o auto-conhecimento, a compreensão da vida a uma escala maior do que o umbigo, a ignorância e a amnésia cósmica,

a boa notícia foi que o Homem, ou melhor, um número finalmente significativo de homens e mulheres de boa-vontade decidiu assumir responsabilidade integral pela sua própria vida, e assim, começaram a tornar-se em Autoridades que viriam a contrapôr os tiranos exploradores, manipuladores e reptilianos de outrora - uma alternativa ao poder tradicional estava nascida,

os cavalos já podiam sonhar com outros horizontes,

e tudo começara uns anos anos,

no Solstício de Inverno de 2017.





Foram dias extraordinários, aqueles. Na madrugada do dia 20 de Dezembro desse ano, três horas antes de nascer o Sol, Saturno regressava a Capricórnio, depois de haver abandonado o principal signo sob sua regência 26 anos atrás (Saturno rege os dois Signos do Inverno no nosso hemisfério: Capricórnio e Aquário; se bem que Aquário, para ser original, acabou por descobrir para si próprio um novo regente quando se avistou o excêntrico planeta Urano no século XVIII, e lá foi encontrando maneira de dividir o mal pelas aldeias, ou melhor, de se dividir, o Aquário, pelos dois. Enfim, modernices!)

Há vinte e seis anos atrás, depois do pôr-do-sol (na verdade o Sol já se tinha posto, e quem se estava a pôr, a essa hora exacta, era Vénus; e Marte tinha acabado de culminar), Saturno deixou o seu domicílio, Capricórnio, para uma longa jornada pelo Zodíaco que só viria a cumprir-se agora, hoje, no dia 20 de Dezembro de 2017, com o regresso ao seu domicílio de famoso fiscal do Zodíaco (Saturno fiscaliza, enquanto se desloca, distribuindo recompensas e castigos consoante o que encontra pelo caminho; e como simboliza o reconhecimento e sucesso, e tem má fama, é o famoso fiscal do Zodíaco): até é caso para dizer, quando Saturno regressa ao domicílio, e se Saturno fiscaliza, que isto é que se chama domicílio fiscal. Ou então, fiscal ao domicílio.

Eram dez para as oito da noite do dia 6 de Fevereiro de 1991 quando Saturno deixou esse seu domicílio da última vez – a Guerra do Golfo tinha acabado de começar, três semanas antes, e tanta vida (e tanta morte), tanta oportunidade, e tanto, tanto puro tempo em branco por desvirginar e escrever em pedra com o cinzel das nossas escolhas, viriam aí pela frente; e se soubéssemos o que sabemos hoje, garanto (Saturno adora garantias) que as teríamos aproveitado, às vidas e às mortes, de outra maneira, e quem sabe – deus sabe – o nosso escopro teria esculpido, com a sua arte, uma obra diferente para o museu da nossa própria eternidade.

Há quem diga que não se arrependa de nada, mas esses – não são bons da cabeça. E muito menos se sentem bem do coração, na verdade: ou suportariam a dor inevitável do confronto com o próprio arrependimento, teriam a humildade de reconhecer os seus erros passados, e grandeza de se abrirem à sabedoria com que nos tenta ensinar, a todos, a nossa consciência – a consciência psicológica -; principalmente quando nos pesa (Saturno simboliza o que é pesado), e nos faz lamentar, sofrer, chorar, arrepender – e até deprimir – perante a inevitabilidade e a evidência de não termos feito diferente – imaginando que o teríamos podido, sabido, e querido – e perante as consequências irreversíveis ou pelo menos inevitáveis que viriam a ser as futuras, e portanto o nosso destino, e que não teríamos como saber, ter a certeza, ou sequer imaginar, tantas vezes, enquanto escolhíamos e esculpíamos assim o nosso próprio devir e futuro.

Eram dez para as oito da noite, a Guerra do Golfo tinha acabado de começar há três semanas, tantos de nós ainda nem sequer tínhamos nascido, outros tantos de nós ainda não haviam morrido, outros ainda não se tinham ainda deixado abater pelo peso das contrariedades e da vida, tornando-se assim a pouco e pouco uma espécie de mortos-vivos: embora vivos – aparentemente – tenham começado a morrer enquanto continuavam a viver: mas não propriamente.

Porque isto de uma pessoa se levantar, comer, respirar, fazer xixi, defecar, ir enganando o passar do tempo, opinar, gemer, arrastar-se, cumprir, repetir gestos mecânicos, fornicar, anuir, não quer dizer que esteja viva: quer dizer simplesmente que existe, e que até ver, vai sobrevivendo. Não quer dizer que haja alegria, esperança, vitalidade, emoção, comoção, entusiasmo, projectos de futuro e de sonho, força para batalhar, amar, e servir. Quer dizer simplesmente que apesar de não estar morta, não se pode considerar propriamente viva: foi Saturno (não o planeta, mas a sua própria rigidez) quem lhe arrefeceu o calor no centro do peito, por não ter sido capaz ou escolhido aproveitar as oportunidades da vida, por difíceis que fossem, para fazer de Si Amor. Resistiu aos embates como se de contrariedades se tratassem, e assim, em vez de fazer Amor com a Vida, e de deixar que a Vida fizesse Amor dela, passou a sentir-se assim: sistematica e irremediavelmente fornicada pela vida. Sem gozo. Sem prazer. E sem sentido.

Abrutalhou-se-lhe a sensibilidade, amarfanhou-se-lhe a esperança, encurtaram-se-lhe os horizontes, arrefeceu-se-lhe o espírito inocente e esperançoso com que nasceu, porque assim nascemos todos: e decidiu que esta Vida não era para ela, quando no fundo – era ela quem não se dispôs a servir para esta Vida.

E como uma flor, começou a murchar muito antes do tempo. Porque enquanto há Vida, há desabrochar, há movimento, crescimento, e mudança: enquanto há Vida, e Amor, não há murchar – há florança.

Eram dez para as oito da noite do dia 6 de Fevereiro de 1991, e Saturno avançava para Aquário, deixando para trás, no seu signo de Capricórnio (já lhe podemos chamar: no seu domicílio fiscal) o revolucionário Urano e o sonhador Neptuno - que se encarregariam entre si, nos anos seguintes, de nos puxar muitas vezes o tapete debaixo das estruturas pessoais seguras que haveríamos de querer construir, e que andámos a tentar construir, apenas para nos despertar para a evidência de que o Grande Arquitecto há-de ter (e tem!) para a morada de cada inquilino um plano provavelmente diferente daqueles de quem lá mora - e que a única maneira que um inquilino tem de adaptar a sua existência à morada que lhe foi atribuída, e pela qual é responsável como locatário e usufrutuário, é estar em contacto com o Arquitecto Divino, deixando que este lhe transmita as suas impressões e planos, para não estar – o inquilino – a perder tempo a edificar paredes onde se planeia um espaço aberto, nem a deixar ao abandono e ao léu as divisórias que precisam vir a servir de arrumo, nem a demitir-se de fazer as obras necessárias de manutenção, nem a deixar-se ficar a dormir – ou fora de casa, alheado do que lá se passe - quando chega a hora de uma renovação completa, de uma mudança, de um despejo, ou de obras de fundo.

E por falar em obras de fundo, renovações, e remodelações – a mais recente começou quando chegou Plutão a Capricórnio, em Novembro de 2008, e não se acabam as obras de renovação antes de 2025. Mas isso... já o inquilino percebeu há muito tempo. Que as obras começaram e estão para durar, digo.

Mas agora estamos em Dezembro de 2017, são quatro da tarde, e há doze horas (meio dia) que Saturno ingressou novamente em Capricórnio (já não o fazia desde Fevereiro de 1988) e se prepara para aí passar os próximos dois anos e meio.

Não é que venha só fiscalizar o decurso das obras que mandou fazer ao serviço do Grande Arquitecto, e a maneira como o inquilino compreendeu e executou o que lhe era, por sua parte, exigido

(não há nada melhor do que um inquilino respons_ábil, e Saturno adora que se conformem às suas directrizes: há quem sinta que são ordens, mas Saturno sabe – pese embora a ignorância, a indolência, a rebeldia ou a estupidez d’alguns inquilinos – que não são ordens, propriamente, se bem que sejam ordens, sim; são mais bem instruções para o sucesso. Se queres viver bem nesta casa, diz Saturno, tens de cumprir com uma série de tarefas – afinal, quem boa ou má cama fizer, nela se deitará; faz o que te digo, e vais adorar a experiência; se não obedeceres às instruções, vais ter uma experiência muito frustrante de viver nesta casa, porque o Arquitecto tem planos para o condomínio Gaia e não é por causa de um inquilino - ainda por cima é um aluguer de curta duração - que vamos mudar os planos. Compreenda, senhor inquilino, não vamos mudar as paredes de sítio só porque a si lhe apetece passar por ali, mas vamos estar cá sempre para o recordar das regras de convivência, urbanidade e educação para vivermos todos com sucesso neste condomínio, mesmo enquanto decorrem as obras: e está sempre qualquer coisa em obras. A seguir às casas, vamos tratar das antenas. E eu passarei aqui de trinta em trinta anos, um pouco menos, para me certificar de que está tudo em ordem, e que inquilinos merecem um louvor, que inquilinos merecem uma reprimenda, aliás, se me permite, corrijo – passo a vida a fazer isto, quero dizer, a pedir permissão e a corrigir: o que quero dizer é que mix de louvores e reprimendas merece cada inquilino dos que cá vivem. Quais estão para fazer check-in, para lhes começar a explicar as regras, e quais estão para fazer check-out, para lhes escrever a carta de recomendação para as suas moradas futuras. E agora se me permite, senhor inquilino... e Saturno continua.)

Mas não é só para fiscalizar o decurso das obras, nem o comportamento de cada inquilino, que Saturno cá vem desta vez.

Desta vez traz uma oferta de trabalho.

E no dia 21 de Dezembro, entre as dez para as nove e nove e dez da noite (Saturno é muito rigoroso e orgulhoso da sua invenção, o relógio; outras das suas invenções são o cronómetro – Saturno é o deus Cronos da mitologia -, a agenda, o calendário, e todas as outras formas de medir, quantificar e dividir o decurso inevitável e irreversível do tempo; é a sua maneira de garantir que todos os inquilinos têm um referencial comum, embora cada um o viva à sua própria maneira, para se organizarem nas suas vidas colectivas, e para irem medindo o tempo que já permaneceram no condomínio Gaia, de modo que assim podem ir tendo noção de que o tempo vai passando, porque afinal, tudo passa. Até Saturno passa, no mesmo signo, de trinta em trinta anos, e quando o faz, já encontra tudo diferente),

Entre as dez para as nove e nove e dez da noite de dia 21, dizia, Saturno aproveita a visita do Sol, que todos os anos passa lá naquela data para descansar durante três dias, durante as noites mais longas do ano, e antes de recomeçar a sua ascenção novamente até culminar no Solstício de Verão, onde estará novamente no seu auge, para aproveitar – Saturno não gosta de desperdiçar oportunidades - um raro momento de encontro, esta feliz coincidência de se encontrarem Saturno e o Sol no grau 0º de Capricórnio, o momento do Solstício: um encontro raro que já não se via há muitos anos e que levará muitos anos a dar-se outra vez, para fazer aos inquilinos todos, em simultâneo, uma proposta de trabalho que lhes dará o que fazer durante muitos e longos anos:

Uns de nós, como nos ensina o Sol, cumprem-se fazendo poesia, outros ciência, outros ensinando, outros dançando, outros cuidando de jardins, fazendo obras, caridade, falando, escrevendo, investigando, carregando pedra, moendo trigo, fazendo pão, distribuindo pão, ordenhando ovelhas, fazendo queijo, fazendo café, fazendo consultas, criando beleza, competindo, treinando, ensaiando, repetindo,

Cada um de nós, como nos ensina o Sol, é absolutamente único: e há uma qualidade específica, diferente para cada um, que lhe faz o Coração leve, aberto, expandir-se, e traz alegria, e prazer, e brilho, e graça, e permite assim que o Mundo (o condomínio Gaia) se enriqueça recebendo do Dom único de cada Espírito encarnado

(emprestamos e gerimos casas a espíritos, podia Saturno ter escrito no seu cartão de visita, mas não chegou a fazê-lo; também não precisava, era o seu negócio e toda a gente sabia, e quem não sabia, havia de perceber – era só, porque era tudo, uma questão de Tempo, e do Tempo, Saturno é que sabia)

E esta é uma altura absolutamente única para cada Um de nós, inquilinos, iluminar – graças à presença do Sol no grau 0º de Capricórnio enquanto Saturno também acabara de aí chegar – o que é que o faz realmente feliz como Espírito - embora tenha de aprender a funcionar de acordo com as regras do condomínio, e sempre com a consciência do bem-comum no Coração e em mente -; e esta é uma oportunidade rara que eu, Saturno, ofereço a todos os inquilinos de decidirem e escolherem que Trabalho querem ter aqui na comunidade:

É verdade que todos temos, mais ou menos, tarefas atribuídas e circunstâncias criadas pelas nossas – pelas vossas – escolhas passadas; e também é verdade que nem sempre, ou raramente, as estruturas (Saturno) das vossas vidas coincide com a verdade mais autêntica do vosso Coração (Sol): a não ser hoje, que é dia 21 de Dezembro de 2017, e são nove da noite, e estamos todos alinhados:

eu, Saturno, acabado de regressar a casa, para fiscalizar, distribuir recompensas e recompensas, e trazer a oferta de um trabalho futuro; vou a caminho de Plutão (encontro-me com ele em 2020, e tudo o que seja estrutura correcta ao serviço do Arquitecto há-de encontrar Poder, e o poder de transformar o sítio onde todos nós vivemos), e além disso – não há nada de mais importante, como sabes, do que assumir neste condomínio uma função, um papel e uma responsabilidade que sirva o colectivo enquanto te serve a Ti também,

o Sol, repousando e poisado durante três dias e ganhando ímpeto para voltar a subir nos céus, ganhando no momento de recolhimento a oportunidade de recordar, isto é, de se trazer de volta ao Coração (sabias que “saber de cor”, em inglês, é “to know by heart”? saber de cor é saber no Coração, é aquilo que é impossível esquecer – é aquilo que é sempre possível lembrar); o Sol, agora, está na zona menos elevada do seu percurso anual, como um menino deitado, um menino sem estatuto ou condições acabado de nascer no meio da palha – um menino que virá a ser o rei dos homens, note-se, mas apenas porque se descobrirá como espírito encarnado e filho do Grande Arquitecto, nascido para servir e cuidar de cada um dos seus irmãos;

e tu, que és inquilino e por esta altura já compreendeste que há um Arquitecto que tem os seus próprios planos e projectos para isto tudo - e que passam por proporcionar a melhor experiência possível a todos os inquilinos do condomínio, para o bem maior e comum, e que conta contigo para colaborares com os seus planos,


  • como é que te propões colaborar com o nosso Arquitecto?
  • Como é que queres ser lembrado, quando fizeres o check-out?
  • O que é que queres ter deixado aqui, de autêntico, de teu, de único, legado do teu próprio, inconfundível, irrepetível, delicado Coração?
  • Que obra queres deixar?
  • A que queres dedicar os teus próximos anos aqui, na comunidade condómina?
  • Qual é o teu sonho, agora que já percebeste que há planos de inquilinos, e há planos do Arquitecto, e como é maravilhoso quando coincidem? E sabes por quê, não sabes? Porque o que escutas no Coração, é o Arquitecto que te fala. É essa a tua via de comunicação e contacto com ele.


Alguma vez te tinha ocorrido que não é na cabeça que o encontras,

Mas no centro do teu peito?

Anda lá. Estou Aqui, sou Saturno, trago-te prendas e aprendizagens de trinta natais passados, e quem sabe até alguma tristeza, nostalgia, arrependimento, saudade, oh tempo volta para trás, não posso, nem tu, mas
Trago-te a prenda maior para os natais futuros.

Não podes voltar atrás, a não ser na memória e na imaginação:

Mas podes virar-te para a frente, definir uma intenção, assumir um compromisso, e incluir no teu compromisso o respeito e o reconhecimento por tudo o que experienciaste, viveste, recebeste, descobriste, aprendeste, até hoje: por tudo o que te foi dado a viver. Por tudo o que te foi dado. Por tudo.

(eu sou Saturno e gosto de simplificar ao essencial).

Então diz-me lá, como é que vais honrar toda a tua história, a riqueza de tudo o que sentes, a riqueza de tudo o que és, e de tudo o que podes vir a ser,

E como é que vais pôr-te, e ao resto da tua Encarnação, ao Serviço,

Fazer disso uma Empresa,

E de cada passo dado nessa direcção,

A tua noção de Sucesso?

A tua noção de Responsabilidade?

A tua noção de Destino?

A tua noção de Realização?

A tua noção de Propósito?

A tua consciência de que só porque tu viveste,

Alguém mais viveu melhor,

E porque tu te fizeste,

Se fez mais, o Amor *

... são quase nove da noite de dia 21 de Dezembro. Este ano há prenda de Natal antecipada. E Saturno, pacientemente, mas sem mais tempo a perder,

Quer ouvir a tua resposta -

Para te dar a listinha dos encargos para os próximos anos.

E não é para te angustiares, porque não é obrigatório que "lá" chegues:

É só para saberes ao que andas,

(o que aqui vieste realmente Ser, e como consequência disso, fazer)

e para que quando o Grande Arquitecto espreitar, a ver o que andas a fazer, e assim a tornares-te

Tu estejas mesmo, e sempre, a Caminho *

de ti. Do teu passado. Do teu futuro. Da tua própria etern_idade. Transportando para o futuro, como um Presente, o presente o futuro e o passado: todo o Tempo num só, e com esta breve passagem: tudo recebido e oferecido como um único Legado.



Nuno Michaels
in, Tao en Choice




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