domingo, 3 de dezembro de 2017

O Quadro


Born of a New Man
Salvador Dali




Lua Cheia no eixo Touro/Escorpião 
de 4 de Novembro de 2017

O Nuno Michaels propôs fazer o seguinte exercício:


"Pensando nalgum dos temas com os quais estás a lidar na tua vida pessoal ou de Serviço - escolhe um, ou permite que seja o inconsciente (não digo o teu marido 🤣🤣🤣😎😁) a escolher, através do teu impulso espontâneo ou intuição.
Escolhe um tema com o qual estejas a lidar e em relação ao qual estejas a precisar de libertação
Depois procura um quadro que sintas tem a ver com isso.
Que represente ou simbolize o desafio, o obstáculo, a situação ou o que levou a ela.
Procura um quadro - vai a galerias, livros de arte, procura na net.
Procura
Contempla-o nestes dias."


Passaram 8 dias, e o exercício continuou:


"aqui está mais um capítulo, a seguir ao parêntesis

(capítulo?! é, mais um capítulo - mesmo que isso pareça defraudar a expectativa ou a exigência, mesmo que pareça insuficiente, ou inadequado, ou muito diferente do que imaginaras que aí viria, a Vida é mesmo assim: capítulo após capítulo, num livro que não se acaba nem ninguém sabe quando começou, cujo único fio condutor é a consciência do autor/personagem principal, que vamos escrevendo com quanto somos, temos, e podemos - encontrando n'Ela tanto de quanto lhe trazemos, nem muito mais, nem muito menos
- enquanto o autor descobre que não autoriza sozinho e a personagem, mesmo que pense que é protagonista,descobre que é personagem, embora não a principal, e quem sabe, nem sequer personagem a não ser da sua própria imaginação -
e (o autor), à medida que se reconhece como não-autor e vai deixando de levar a personagem tão a sério, vai encontrando a liberdade de imaginar para ela enredos muito mais criativos e interessantes e muito menos centrados e enredados no umbigo da personagem, e o livro que vai sendo escrito começa a cruzar-se com toda a literatura, até toda a literatura ser abraçada como ainda mais um exercício e quem sabe, até, pronto a ser ampliado pelo capítulo seguinte na história da vida da literatura
- mas o quadro!?,
e a solução?!
não há solução, porque não é um problema: é uma descoberta, uma conquista, uma aventura, uma experiência, um mistério, uma oportunidade permanentemente renovada - não é um problema a ser resolvido, nem há respostas definitivas ou cabais às questões que nos colocam ou nos movem: quando muito há perguntas que a Vida nos vai colocando a nós, e que vão mudando também, e às quais damos nós as respostas à medida que se nos vão aparecendo como reais, e eventualmente, também isso tudo se desfaz para dar lugar ao grande silêncio - e ao desaparecimento das dúvidas, das interrogações, das inquietações, e mesmo que continuemos a ter questões, curiosidades, interpelações, estímulos, apetites, vontades, preferências, desafios, já não há nada assim tão importante de saber, de perceber, de compreender, de resolver, de conquistar, de obter, de atingir, nem nada assim tão importante para ser ou tornar. Quero dizer, é natural que continuemos a ter gases e a sentir os intestinos a revolver de vez em quando, mas não é por causa disso que passamos a vida em busca de um laxante
por isso relaxa-nte.
fim de parêntesis)

o quadro...
se fizeste o exercício como te foi proposto, dedicaste tempo e atenção e silêncio e ponderação e consideração até que a intuição te conduzisse, sabia e mansamente, à evidência de qual era o quadro. Mantiveste a intenção e deixaste que a Vida to mostrasse, e até - te trouxesse a galeria a casa
e se fizeste o exercício como te foi proposto, guardaste a oportunidade de contemplares sozinho, por ti só e só para ti, o quadro que a tua intuição te mostrou, com toda a evidência, que era o símbolo da situação em relação à qual anda(va)s a precisar de libertação, das circunstâncias pelas quais te aproximaste dela e a criaste para ti própri@, ou símbolo do arquétipo - de um deles, pelo menos - nos quais tens andado enredado
- não há nada mais irresistível do que um arquétipo que nos enreda -
se fizeste o exercício como te foi proposto, cuidaste desse exercício como um exercício sagrado; não andaste a expô-lo no facebook nem a apregoá-lo ao vento, porque a tua vida não está - nem precisa estar - na montra para que os outros te vejam, apreciem ou comprem - nem mesmo que estejas à venda; mesmo porque quanto mais te pões à mostra na montra, menos interesse tens - e além disso, e esta é que é a verdade, ninguém te quer comprar, ninguém te pode comprar, ninguém tem interesse nisso, e cada um tem de aprender a valorizar-se a si próprio sem precisar de montras ou admiradores transeuntes para descobrir o valor (a sacralidade) da sua própria existência. E a sacralidade da tua existência é a sacralidade, o respeito, o carinho, a atenção, a qualidade com que cuidas do teu próprio exercício. E aliás, que diferença faria mesmo que alguém se interessasse pelo teu próprio exercício, se ninguém pode compreendê-lo como tu próprio?
de modo que se fizeste o exercício como te foi proposto, deixaste que fosse a intuição a mostrar-to, a guiar o quadro até ti, e guardaste essa experiência maravilhosa para ti próprio com muito carinho e amor.
e guardaste uma curiosidade carinhosa e saudável, aberta mas não ansiosa nem sôfrega nem escancarada sobre qual virá a ser a etapa seguinte, e isto - enquanto contemplavas todas as possibilidades, ângulos, dimensões, do quadro que a intuição te escolheu para te reveres - ou melhor, para reveres uma das faces transitórias do teu próprio ser e experiência do momento.

e depois chegou o domingo, o dia em que haveria mais instruções sobre o exercício, e tu já terás tido oportunidade de te dedicar bastante ao teu próprio quadro, escolhido intuitivamente porque simboliza qualquer coisa de significativo e relevante para ti e para a tua vida num determinado momento, e não simplesmente por "gostares" - que não é critério, seguro, para a transformação da tua própria consciência ou para a compreensão de porra alguma.
e chegou o domingo, e tu já terás feito - se fizeste o exercício como te era proposto - o principal, que era isto.
e também fizeste o que as energias da Lua Cheia em Touro-Escorpião te pediram como resposta, que é transformares uma situação emocional numa formulação clara e límpida, e essa formulação numa questão existencial, universal e universalizável, através da arte que está além de toda a subjectividade emocional (embora a inclua) e de toda a razão que permite fazer formulações (embora a possa incluir), e de todas as polaridades que se jogam na experiência vivida dos dramas humanos:
e quem sabe até descobriste que a tua experiência não só pode ser transformada e simbolizada pela arte, e isso só por si já teria sido melhor do que a encomenda,
como percebeste que há uma dimensão arquetípica em toda a experiência humana, e que outros terão contactado com experiências idênticas ou pelo menos dos mesmos arquétipos, e que puderam dar-lhe uma forma para legado e herança de toda a humanidade,
e que tu também podes - quem és tu para não poder? -
e que afinal talvez se dê o caso
de a tua experiência não ter assim tanto de puramente pessoal.
mas isto é só se fizeste o exercício como te foi proposto, que era dares de ti e receberes algo em retorno, mais Tu devolvido e enriquecido com a energia do Amor que tu próprio puseste nisso,
ampliado em arte
e ampliado em arquétipo
comungando com todos aqueles que comungam com o mesmo quadro,
já para não dizer,
com a experiência daquele que o pintou.
quanto há de pessoal nessa experiência?
há tudo,
e não há nada.
mais um dos paradoxos da Vida - helàs!

... e se queres saber mais, há mais capítulos para este exercício,
e ainda vais muito a tempo para fazer mais trabalho com esse quadro,
se fizeste o exercício como te foi proposto.
o próximo capítulo sai no próximo fim-de-semana
vou taggá-lo #aquelaestoriadoquadro

- pode ser que queiras ir mais longe, mais fundo, e mais amplo -
e até lá, cuida bem da obra de arte que é a Vida, se decidires fazer d'Ela Isso,
e sabe que ainda há muito que podes fazer com esse quadro
deixa-o, para já, e a estas palavras se tiveres onde enfiá-las, poisar
e não o percas de vista.
vais precisar de voltar a ele, com outro olhar, no futuro, em breve,
para já
fica só com isto.
é o fim deste capítulo
mas não o fim da estória
e muito menos do livro
e ainda hás-de tirar muito partido
disso que já aí tens
disso que já aí puseste de ti
ou quem sabe até,
que o arquétipo pôs de si
à tua guarda
e consideração"



4 dias depois, o exercício continuou:

"- diz que é para pôr o quadro à frente, de cada vez que te sentares a escrever a nova história a partir daquela,
que é para escrever uma história nova por_tanto a partir da inspiração ou da recordação da presença do simbolismo para ti desse quadro
- e que é para começar já, pelo menos a pensar nisso, mas a escrever assim que possível, em todos os momentos e oportunidades possíveis,
que temos até às 23h50 do dia 13 de Novembro para o fazer
para escrever uma história de Amor a partir desse quadro,
com um desfecho mágico, surpreendente, e revelador
que termina com todas as Almas abraçadas,
um senso de completude e paz,
e o Herói, que serás Tu, com um novo poder - dom - dimensão de Ti mesm@ - qualidade humana, divina quase
conquistad@s.
termina com Gratidão à Vida pela Oportunidade,
com Alegria e Comoção pelo Milagre, que quase nos passava ao lado,
não tivessemos nós desfeito os nós do julgamento e a miopia que nos cegaria ao milagre
não tivessemos nós desistido de levar a nossa avante, à nossa maneira egoísta e assustada,
sem Confiança na Vida e no rigor com que tudo o que se manifesta nas nossas existências
expressa as ordens ocultas do Amor.
termina com um senso de Liberdade, alívio, sossego, e quem sabe até com uma gargalhada, entre soluços de agradecimento aos personagens todos e quase um sentimento de inadequação e culpa por não termos sido capazes de perceber mais cedo
o truque, a brincadeira, a armadilha na qual quase tropeçaríamos
se não tivessemos tido a Coragem de Amar e largar (expectativas e julgamentos baseados no medo e na nossa identificação com a versão pequenina de nós mesmos)
e nos torna maiores, muito maiores,
capazes de abraçar mais um teste da Existência
a ver se temos mesmo os Corações no sítio,
não digo no meio das pernas,
mas no meio dos braços
abertos
para aceitar e Amar a Vida tal como ela se apresenta
sabendo que não era nada como chegáramos a julgar, a acreditar,
a temer
a projectar.

... a estória que somos convidados a (re)escrever, até às 23h50 de dia 13 de Novembro,
termina com mais uma conquista de Amor.
e quem sabe com outros gestos, que mesmo não faças, terão o seu impacto na mesma.
e depois de teres escrito a estória nova, a partir de agora e até lá,
reserva-a e não voltes a pegar nela durante uns dias.
depois digo-te até quando."


Hoje, dia 10 de Novembro, sem planear, fiz a minha Mandala dos Desejos para o novo Ciclo 2018/2019/2020, em que o meu planeta regente Saturno vai estar no meu signo solar Capricórnio.
Depois de ver a Mandala pronta, vi que é o Quadro do Dali.
Sem planear...quando dei por ela, estava feita...
Emocionada!
Agora...é para reservar a Mandala até novas instruções do Nuno.
Estou a amar fazer este exercício!



No dia 14, o exercício continuou:

"Por esta altura (que enjoo) já deve ter mexido muita coisa com relação à tua intenção pasmada, perdão, plasmada (bendito corrector ontológico) na estória que escreveste de olhos postos no quadro escolhido.

Até ontem ( dia 13 de Novembro), à mudança de Lua de Virgem (disposta por Mercúrio Neptuno, as estórias possíveis e sonhadas preenchidas por detalhes inventados) para o signo de Vénus num momento de Vénus conjunta a Júpiter (mais Amor por favor sim senhor, tens é que partir pedra), era tempo de reescrever a estória.

Agora é tempo de a deixar repousar, a levedar, sendo que continua a trabalhar em repouso.
E a fazer sua magia invisível até que se plasme na 3D em circunstância.

Na próxima Lua Nova (18 de Novembro l'aprés-midi e meia hora) vais pegar na estória que escreveste e vais lê-la em voz alta, com o Universo de testemunha."





Kiss
Gustav Klimt



Agora estamos na Lua Cheia seguinte,
E o Nuno Michaels escreveu o seguinte:


a dança do Amor no momento 
Lua Cheia 3 de Dezembro 2017 


 ... depois de ter dado o seu grito de Ipiranga (a liberdade é uma coisa muito bonita),

E de se ter libertado das correntes que imaginava a apertavam, e prendiam, e amarravam às circunstâncias limitantes da sua própria encarnação,

- depois, portanto, de ter inalado o primeiro bafo inebriante da nova sensação, tão almejada, de liberdade (ou daquilo que  tomava por isso)

Deu-se um instante – um instantâneo? – vislumbre de sobriedade, de lucidez, de paragem repentina e forçada (mas tão natural, tão espontânea) mesmo à porta de entrada do seu próximo devaneio


Como quem acorda subitamente de um transe e cai na real, como uma bebedeira que passa de repente, de golpe, e nos deixa atónitos, estupefactos, balançando à porta do próprio estupor, saídos de um quase estado de graça induzido pelo auto-esquecimento e a súbita realização daquilo que esteve quase para nos acontecer, tivéssemo-nos nós deixado ir e entregue à sedução daquela manhosa e aparente forma de euforia tão e durante tanto tempo desejada – a imaginação do que seria a libertação

E ficou subitamente estacada enquanto lhe caía a ficha de uma súbita realização.

Quase seria o momento de um arrendimento, mas não houve tempo para isso, porque com a realização chegou também a recordação da sua própria grandeza e a nobreza do seu próprio coração,

E depois de se ter libertado das amarras que imaginava a apertavam, prendiam, e amarravam às circunstâncias da sua própria limitação,

Percebeu que não eram as amarras que a prendiam, mas a sua própria ilusão

- o que é, afinal, a liberdade, essa coisa tão valiosa? –

E compreendeu que não era por se libertar que se libertava, mas talvez

Realizando a dimensão da sua própria cegueira, e dando passos determinados para se responsabilizar por isso, no que ainda seria possível, no que ainda dependesse de si,

Que encontraria a essência daquilo que erroneamente andara a almejar como promessa da sua própria libertação.

Então de repente viu o filme todo, e de como estava quase a sair de cena e a saltar para um filme de ficção, enquanto a realidade da sua própria realidade por um triz lhe passaria ao lado – ou como passaria ao lado, por um triz, da sua própria missão.

Soube que precisaria voltar atrás, no que é possível voltar atrás se nunca nada se repete – de tal modo que voltar atrás talvez não fosse mais do que voltar a enfrentar as circunstâncias que seriam de sempre se não tivessem elas próprias também mudado entretanto, inevitavelmente, mas de um lugar novo, com um novo olhar, com um novo senso de participação e responsabilidade que o coração outrora apertado simplesmente não lhe teria permitido,

E munindo-se da recordação da sua própria coragem e grandeza, dispôs-se a voltar atrás ali mesmo onde estava, à porta de entrada do que poderia vir a ser o seu próximo transe, a promessa da libertação,

E com a humildade inevitavelmente chegada com a realização do seu próprio equívoco, sem arrependimento ou culpa mas com a suave irresistível força da sua própria diligência, reconheceu que acabara de ser novamente testada, e reafirmou a sua vontade – o seu compromisso – em ser boa aluna,

E continuar a aprender com os testes da sua existência aquilo que como todas as outras vem aprender, a abrir ainda e cada vez mais o coração,

Que é como quem diz,

Encontrar em si mesma a força, a dignidade e a grandeza de aceitar as coisas como elas são,

- não sem antes falar em voz alta e firme aos seus próprios tiranos recordando-os de que ela é a senhora de si própria, uma vez liberta da ilusão do "certo" e do "errado" - julgamento que a mantém aquém da sua própria natureza e dignidade

(a expectativa e o julgamento fecham o coração, repete ela para si própria como um mantra recém-descoberto, enquanto enfrenta a tirania que afinal é a das suas próprias limitações e julgamentos)

Já que isso ajuda – talvez seja isso que permita – ser a única responsável por si mesma.

Ela é a alma, e ele

Que olha para ela neste momento aliviado por ela ter removido mais um véu da sua própria ilusão

Ele é o espírito e olha para ela com orgulho

Do seu próprio amor, do suporte que ela é, da sua própria criação *

Ela encontrou mais uma vez o seu lugar, o seu poder,  a sua tarefa

ajudá-lo a ele a cumprir-se, que sem ela nada é,

ela segui-lo-á novamente e ele, servindo-a a ela, cumprir-se-á,

expresso e honrado no seu próprio poder de irradiação.

e assim - só assim -

cuidarão da Encarnação *


Nuno Michaels






Sem comentários:

Enviar um comentário