domingo, 27 de novembro de 2016

O Que Ninguém Sabe Ninguém Estraga




“O silêncio é um amigo que nunca trai”
Confúcio




É normal querermos que os outros saibam das nossas conquistas pessoais e de nossos queridos, uma vez que, da mesma forma que a tristeza, a alegria costuma ficar estampada nos nossos semblantes. Existem momentos tão intensamente felizes na nossa vida, que mal cabemos em nós de tanto contentamento e acabamos por querer contar e espalhar o quanto estamos felizes.

Entretanto, sempre estaremos rodeados por pessoas invejosas, maldosas e que não suportam ver alguém feliz, pois a felicidade lhes é tão estranha, que não são capazes de entendê-la, a ponto de fazer de tudo para destruí-la. Não devemos temer a maldade alheia, no sentido de que ninguém é capaz de fazer connosco aquilo a que não estivermos vulneráveis. Cautela, porém, é preciso, a fim de que não tenhamos que enfrentar o pior dos outros na nossa jornada.

Por mais que estejamos seguros e certos quanto às nossas convicções, existirão pessoas que tentarão nos diminuir por meio de provocações constantes e de maledicências espalhadas ao nosso redor. Incapazes de torcerem pelo sucesso de ninguém – nem de si mesmas -, não se permitirão conviver com as conquistas alheias sem que tentem trazer o outro ao nível da própria escuridão emocional, muitas vezes utilizando-se de meios antiéticos e covardes.

Muitas vezes, é inevitável disseminarmos pelas redes sociais o contentamento pelas nossas viagens, nossas conquistas amorosas e profissionais, pelo sucesso dos nossos filhos, inclusive seria muito chato apenas postarmos lamúrias, indirectas venenosas e lamentações nos nossos perfis – existem óptimos psicólogos para isso. No entanto, é necessário saber que muitos verão tudo isso como ostentação inútil, excesso de vaidade, ego inflamado, ou seja, estaremos sujeitos a comentários desagradáveis sobre nós, muitos deles pelas nossas costas.

Sempre existirá quem torcerá por nossa felicidade, quem caminhará connosco sob sol ou tempestade, quem nos amará verdadeiramente, quem, enfim, será capaz de compartilhar nossas vidas com reciprocidade sincera, porém, serão bem poucos capazes disso.
Por isso, uma das nossas maiores conquistas será exactamente poder contar com pelo menos alguns poucos que nos admirem realmente, sem qualquer ranço de negatividade. A esses, sim, poderemos nos desnudar inteiramente, em nossa grandeza e em nossa pequenez mais inconfessável.
Quanto aos demais, repete-se, cautela.

Não precisaremos estampar a nossa felicidade nas vitrines sociais e virtuais, para que ela se complete. Aqueles que sempre estiveram connosco, bem de perto, ali ao lado, a compartilhar verdades, lerão a felicidade nos nossos olhos e comemorarão de mãos dadas connosco cada conquista, cada degrau superado, e é por eles que sempre valerá a pena sobreviver com ética e dignidade a cada batalha do nosso caminhar.



Marcel Camargo


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