quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Tantra Sagrado



Eckhart Tolle E Sua Parceira Kim Eng: 
Uma Profunda NÃO RELAÇÃO



Eckhart Tolle fala sobre o amor, dependência nos relacionamentos 
e sobre como lidar e vencer o mundo das formas e a dualidade:

Kim Eng – “Durante as minhas viagens, uma das perguntas que mais frequentemente me fazem é: “Como é a sensação de ter um relacionamento com um ser iluminado?
“Porquê esta pergunta? Talvez eles tenham a ideia ou imagem de um relacionamento ideal, e querem saber mais sobre ele. Talvez as suas mentes querem projectar-se num futuro onde eles também vão estar numa relação ideal,  em que se encontrariam a si mesmos através dela.”

Sempre que tenho a ideia na minha cabeça “ter um relacionamento” ou “Eu estou num relacionamento”, não importa com quem, eu sofro.
Isso eu aprendi.

Com o conceito de “relacionamento” vêm expectativas, lembranças de relacionamentos passados​​, e outros conceitos mentais pessoais e culturais condicionados, de como uma “relação” deve ser.
Em seguida, tenta-se fazer com que a realidade se ajuste nesses conceitos. E nunca dá. E mais uma vez eu sofro.


O ponto da questão é: não há nenhuma relação. 
Só existe apenas o momento presente, 
e nesse momento há apenas um 
“relacionar-se”.

Como nos relacionamos, ou melhor, a maneira como amamos, depende de quão vazio estamos de ideias, conceitos, expectativas.

Recentemente, Eckhart pediu-me para dizer algumas palavras sobre “casos de amor” do ego. A nossa conversa foi aprofundando rapidamente para se referir a alguns dos aspectos mais profundos da existência humana.
Isto foi o que ele disse:

Eckhart Tolle: O que convencionalmente chamamos de “amor” é uma estratégia do ego para evitar render-se. Você está à procura de alguém para lhe dar isso que só pode ser dado no estado de rendição.

O ego usa essa pessoa como um substituto para não ter que render-se. A língua espanhola é a mais honesta a esse respeito. Ela usa o mesmo verbo “te quiero” (te quero) para dizer “eu te amo” e “eu te quero”.

Para o ego, o amor e querer (desejo) são os mesmos, ao passo que o verdadeiro amor não tem nenhum desejo, nenhum desejo de possuir ou de mudar o parceiro.

O ego escolhe alguém e o torna especial. Usa essa pessoa para cobrir a constante sensação subjacente de descontentamento, de “não ser suficiente”, de raiva e ódio, que estão intimamente relacionados.

Estas são facetas de um sentimento profundamente arraigado nos seres humanos, que é inseparável do estado egóico.

Quando o ego escolhe algo e diz “eu amo” entre outras, é uma intenção inconsciente de ocultar ou remover os profundos sentimentos que sempre acompanham o ego: o descontentamento, a infelicidade, a sensação de fracasso que é tão familiar.

Por um tempo, a ilusão realmente funciona. Mas então, inevitavelmente, em algum momento, a pessoa que você escolheu, ou que fez especial aos seus olhos, deixa de funcionar como uma cobertura para a sua dor, o ódio, descontentamento ou insatisfação que se originam no sentimento de fracasso e de sentir-se incompleto.

Então, surge a sensação que estava escondida, e se projecta sobre a pessoa que havia sido eleita e feita especial – que você pensou que acabaria por te “salvar”.
De repente amor se transforma em ódio.

O ego não percebe que o ódio é uma projecção da dor universal que você sente por dentro.
O ego acredita que essa pessoa é a causa da dor. 
Ele não percebe que a dor é o sentimento universal de não estar ligado a um nível mais profundo com o seu SER – e não ser UM com você mesmo.

O objecto do amor é mutável, tão mutável ​​quanto qualquer o objecto de desejo egóico. Algumas pessoas passam por muitos relacionamentos. Elas apaixonam-se e,desapaixonam-se muitas vezes. Amam uma pessoa por um tempo até que não funcione mais, porque nenhuma pessoa pode esconder permanentemente essa dor.

Só a rendição pode dar-lhe o que você estava à procura no objecto de seu amor. O ego diz que a rendição não é necessária para amar essa pessoa. É um processo inconsciente, claro.

No momento em que aceita plenamente o que é, algo dentro de você emerge, algo que tinha sido escondido pelo desejo do ego. É uma paz inata que habita dentro, quietude e  vitalidade.

É o amor incondicional, que é a sua essência. 
É o que estava à procura no objecto do seu amor. É você mesmo.
Quando isso acontece, um tipo completamente diferente de amor está presente, o que não está sujeito ao amor / ódio.

Não escolha uma pessoa ou uma coisa como algo tão especial.
É absurdo até mesmo usar a mesma palavra para isso.
No entanto, pode acontecer que, mesmo num relacionamento normal de amor / ódio, de tempos em tempos, você pode entrar no estado de rendição.

De vez em quando, brevemente, isso acontece: você experimenta um profundo amor universal e plena aceitação que às vezes pode brilhar, mesmo num relacionamento egóico.
No entanto, se a rendição não continuar, se cobre novamente com os velhos padrões egóicos.
Portanto, eu não estou a dizer que o verdadeiro amor profundo não pode ser sentido ao longo do tempo, mesmo num amor / ódio normal. Mas é raro e geralmente de curta duração.

Sempre que você aceitar o que é, 
algo mais profundo emerge naquele momento.

Você pode ser apanhado no dilema mais doloroso, externo ou interno, nos sentimentos e situações mais dolorosos, e no momento em que aceitar o que é, você vai mais além, você transcende.
Mesmo que se sentir ódio, o momento em que você aceitar que é assim que você se sente, você transcende esse sentimento. Ele ainda pode estar lá, mas de repente está num lugar mais profundo em que nada disso importa mais.

O universo fenoménico inteiro existe por causa da tensão entre os opostos: Quente e frio, crescimento e decadência, ganho e perda, sucesso e fracasso, as polaridades que são parte da vida, e, claro, parte de todos os relacionamentos.

Kim Eng: Por isso, é correto dizer que nunca podemos livrar-nos das polaridades?

Eckhart Tolle: não é possível se livrar das polaridades no plano da matéria.
No entanto, você pode transcender as polaridades através da entrega.
Então você está em contacto com um lugar mais profundo dentro de você, onde, por assim dizer, as polaridades não existem mais.
Permanecem a existir no plano externo.
No entanto, mesmo lá, algo muda na maneira em que as polaridades se manifestam na sua vida quando você está num estado de aceitação ou renúncia.
As polaridades manifestam-se de uma forma mais benigna e suave.

Quanto mais inconsciente você for, mais você está identificado com a forma. 
A essência da inconsciência é esta: identificação com a forma, seja uma forma externa (uma situação, lugar, evento ou experiência), uma forma de pensamento ou uma emoção.

Quanto mais você está apegado à forma, menos entregue está, e mais extrema, violenta ou cruel é a sua experiência com as polaridades. Há pessoas neste planeta que vivem praticamente no inferno, e no mesmo planeta há outros que vivem uma vida relativamente pacífica.

Aqueles que estão em paz ainda experimentam as polaridades, mas de uma forma muito mais suave do que a forma extrema em que muitos seres humanos as experimentam ainda.

Portanto, a maneira como se experimenta as polaridades muda.
As próprias polaridades não podem ser apagadas, mas você pode dizer que o universo inteiro se torna um pouco mais benevolente. Não é tão ameaçador. O mundo não é mais percebido como hostil, que é como o ego percebe.

Kim Eng: se despertar ou viver uma vida num estado desperto não altera a ordem natural das coisas, a dualidade, a tensão entre os opostos, então o que significa viver uma vida no estado desperto? Isso afecta o mundo, ou apenas a experiência subjectiva do mundo?

Eckhart Tolle: Quando você vive em sinal de rendição, algo vem através de você para o mundo da dualidade que não é deste mundo.

Kim Eng: Isso realmente muda o mundo exterior?

Eckhart Tolle: O interno e externo são, em última análise Um só. Quando você já não perceber o mundo como hostil, não há mais medo, e quando não há mais medo, você pensa, fala e age de forma diferente.

Amor e compaixão surgem e afectam o mundo.
Mesmo se você estiver numa situação de conflito, há uma emanação de paz nas polaridades.
Então, alguma coisa mudou.
Há alguns professores ou ensinamentos que dizem que nada muda. Esse não é o caso. É algo muito importante que é mudado. Aquilo que está além da forma, brilha através da forma, o eterno brilha através da forma, neste mundo que é da forma.

Kim Eng: É corretco dizer que a sua falta de “reacção contra” a aceitação dos opostos do mundo, que provoca mudanças na maneira que os opostos se manifestam?

Eckhart Tolle: Sim. O oposto continuará a ocorrer, mas não irá nutrir-se de mais de você.
O que você disse é um ponto muito importante: a “falta de reacção” significa que as polaridades não se alimentam. Isto significa que muitas vezes experimentam um colapso das polaridades, como por exemplo em situações de conflito. Nenhuma pessoa, nenhuma situação se torna num “inimigo”.

Kim Eng: Então os opostos, em vez de se fortalecerem, se enfraquecem. E talvez seja assim que eles começam a se dissolver.

Eckhart Tolle: Isso está correcto.
Viver assim, é o começo do final do mundo como o conhecemos, e o início de um novo mundo de paz.




Confesso que este Tolle me fascina e, ao mesmo tempo, me dá um nó na cabeça..

É preciso entender a actuação do ego, para entender o que é a rendição.
É um processo lento, tendo em vista que fomos educadas, treinadas a "precisar" do outro, depender do outro e a depender de um relacionamento para nos sentirmos completas.
Acabar com essas crenças e rótulos, e assumirmos que  não "pertencermos" a ninguém, é apenas um dos caminhos para os relacionarmos sem o apego.
Sem a dependência e sem a subjugação.
PERTENCEMOS A NÓS MESMAS.

Daniel Goleman, escreveu um capítulo no seu livro Inteligência Emocional, sobre o "observador".
Acredito ser o Ego, o conjunto das nossas crenças.
Caem as crenças, surge o Eu Completo, que "observa" o Ego que se debate...

Agora, eu continuo a achar que estes escritores New Age, falam do Ego como se ele fosse a fonte de todo o mal, e a origem do que há de pior no Ser Humano.
Mas na realidade, a meu ver, é uma função necessária que nos permite ter uma identidade, e nos permite sobreviver como indivíduos. ( Tolle por exemplo, no livro "Nova Terra" diz precisamente o contrário, que não temos identidade...é uma ilusão nossa)
Isto é tudo muito bonito mas, ninguém vive sem os condicionamentos sociais, familiares, etc...
A diferença é que uns têm consciência da existência desses condicionamentos em si, e outros não( nesses o Ego fica inflamado e fora de controle...)
Certo é que , O AMOR é um aspecto conciliador e tem o poder de nos curar a todos, de superar esses condicionamentos, através dos relacionamentos.

Acredito que iluminado é o que segue o seu próprio caminho.
Que vive as suas próprias experiências, independentemente do Status Quo estabelecido na sociedade actual.
O Ego tem a sua importância sim.
Não podemos saltar por cima da nossa própria sombra.
E para que esta exista, precisamos da luz.
Assim, ficarei entre os dois, entre o inconsciente colectivo e o meu inconsciente pessoal.

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