quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Agostinho da Silva



“Mas os tempos virão, os tempos de ser Deus;
Virão talvez por linhas tortas, como é costume;
Virão pela colaboração de todos, mesmo dos que são contra, porque é o mundo máquina muito bem montada em que todas as rodinhas trabalham em conjunto e nenhuma, mesmo que o pretenda, foge a seu eixo e à sua função;
Um dia os homens, quando forem deuses, ou, pelo menos, mais deuses do que são hoje, entenderão isto e deixarão de escrever História que absolva ou condene: descreverão apenas, explicarão e justificarão;
Como nenhum relojoeiro é a favor do escape contra a corda: tudo é peça do relógio, e indispensável como peça.
Pois serão deuses: sem uma política que os force a ser manhosos como escravos; sem religiões que se estabeleçam sobre o medo; e sem escolas que logo de princípio, pela carteira, a cópia e o ditado, nos modelam para as facilidades do trânsito e nos abortam para o infinito de Deus”.

Agostinho da Silva
in, «Teologia Humana», Vida Mundial, 1970

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