Uma vertigem,
a dor que não passa,
um sabor que nos falta,
uma ardência que nos gasta.
Por tudo isto nos movemos
sem conhecer, muito bem,
o destino final.
Os amores,
as estórias que necessitamos contar.
De repente,
vindo de um sítio inexplicável,
alguém nos dá um beijo.
Duas lágrimas embelezam uma face.
Partes de um todo escondido.
É quase uma loucura,
servida numa bandeja de fogo,
a amálgama de sentimentos
que faz de nós sua casa.
Correr como uma criança,
não olhar aos obstáculos,
ultrapassar o impossível.
Dar e pedir colo.
Somos,
por vezes,
a impossível convivência.
Quase bichos.
A muito estranha maneira de estar.
A resposta sem sentido.
As desculpas e o perdão.
Tudo sem confissão nem genuflexório.
Só festas e olhares de crianças perdidas.
A absolvição sem rezas nem sacrifícios.
Apenas uma dádiva,
um colar de braços
e uns lábios que se colam aos nossos.
Os corpos ligados.
Somos uma montanha russa
de sentimentos por estabilizar.
Somos muitas vezes a louca e abrupta descida,
o looping infernal.
De cabeça para baixo,
enchemos a consciência
de tudo o que nos erra pelo corpo.
Ficamos prenhes de coisas novas.
Nunca mais seremos os mesmos.
JORGE C FERREIRA
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