sábado, 2 de novembro de 2019
António Coimbra de Matos
O espírito da concorrência, uma concorrência agressiva.
Porque a competição é necessária, mas a competição mais normal é aquela que cada um faz consigo, para tentar superar-se, não para ser melhor do que o colega. Criou-se esta ideia de que é a competição que nos faz evoluir. Errado, não é a competição que nos faz evoluir.
O que é que nos faz evoluir?
A cooperação.
Evoluímos quando andamos em congressos, quando ouvimos colegas, quando pensamos com os outros. Debatemos, argumentamos e saímos de lá, uns e outros, mais esclarecidos. Dialogamos.
É a necessidade de criar uma distância...
Este é um aspecto importante das sociedades neoliberais, a concorrência, a competição. E - por isso - da distância.
O Ser Humano tem uma relação complicada com o poder quando ele próprio não se sente suficientemente capaz. Aí a relação é difícil. Vou dizer uma coisa que se costumava dizer aos alunos no tempo da minha passagem pelo ensino: só puxa dos galões quem não tem colhões. Quem é seguro de si não precisa disso para nada.
A hormona sexual do homem é a testosterona, que a mulher também tem, mas em quantidades muito pequenas, e que é também uma hormona de agressão. Tem essa base, o homem tem mais depressa uma resposta agressiva do que a mulher, que tem uma resposta mais assertiva. As sociedades só estão bem com a mistura dos dois. E disso tenho experiência: as equipas só com homens ou só com mulheres não correm muito bem. Quando são equipas mistas e mais ou menos equilibradas correm melhor.
Mas, de uma maneira geral, as mulheres têm mais tendência para se acomodarem, para encontrarem uma solução de equilíbrio, enquanto com os homens é uma coisa mais de ruptura. Até biologicamente, o homem tem mais uma forma convexa, mesmo sexualmente, a mulher tem mais uma forma côncava.
...
A solidão importante é a solidão interior.
A solidão não é boa, mas é bom ter a capacidade de estar só e de estar livre de estímulos e do exterior, que tem excessos incomodativos. Até porque se não se adquire a capacidade de estar só, a tendência é procurar companhias a qualquer preço, selecionando-as mal. É preciso escolher as companhias convenientes. Tem de haver momentos para não sermos perturbados, para podermos pensar, estar com o nosso íntimo.
António Coimbra de Matos
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