terça-feira, 5 de maio de 2015
Os cadeados do amor...
Já viram aí por esse mundo fora, a moda dos cadeados do amor?
Normalmente estão em pontes, pelos rios da Europa...
A primeira vez que vi foi em Espanha, num portão de um castelo.
Fiquei muito intrigada ao ver tantos cadeados presos ao portão...
Depois, em Paris voltei a ver na Pont des Arts, mais tarde vi também no corrimão de uma praia, e depois vim a saber que virou hábito pelo mundo inteiro, até no Brasil já vi em S.Paulo.
Uns em forma de coração, outros coloridos, outros normais…
Fiquei chocada ao imaginar um casal, cujo símbolo do amor seja um cadeado, sinónimo de aprisionamento, a atirar a chave ao rio.
Fiquei a pensar durante dias, como é possível haver esse sentimento em relação ao amor.
Como é possível que ele seja reduzido a isso.
Como é possível que alguém fique feliz, ao colocar um cadeado num corrimão, para prender alguém nas suas vidas.
É muito estranho!!
Depois, ao reflectir sobre o assunto, vi que já partilhei desse sentimento, de querer que uma pessoa ficasse para sempre na minha vida.
Essa imensa vontade de prender-me, de atar-me à outra pessoa como se fosse parte fundamental no amor, parte fundamental na minha vida.
Como se eu fosse metade de mim, e precisasse de uma outra metade para me sentir inteira.
Admitir que eu já tive esse sentimento, que eu também tive essa vontade, foi estranho.
E dei por mim a pensar de onde vinha isto?
Comecei por me lembrar de uma fase que passei, em que precisava de momentos sexuais quentes.
Eu sentia o desejo de ser possuída, de ser engolida pela outra pessoa.
De ser parte dela.
É como se o amor resgatasse a possibilidade de não estar dividida, o que cria uma imensa sensação de vazio.
E quanto mais forte tiver a nossa divisão, mais forte será a nossa frustração!
"O amor é atraente porque nos dá o gosto da unicidade.
E talvez esteja aí o grande equívoco.
O outro pode ser apenas uma ponte para a nossa unicidade.
Temos que procurar a nossa verdade pessoal, resolver os nossos conflitos, inclusive os infantis.
Afinal, foi lá no útero que nós tivemos a maior experiência de unicidade.
Esta recuperação é essencial para que o nosso amor seja profundo, inteiro.
Um amor dependente, cheio de cadeados, perde a sua beleza, a sua graça.
Cria apenas pessoas chatas e convencionais.
A outra pessoa é só uma passagem!
E nós temos de atravessá-la.
Talvez seja esta a grande atracção.
E nós só teremos êxito se buscarmos o nosso crescimento emocional, se vivermos as diversas situações que a vida nos impõe, se desbloquearmos a energia reprimida na raiva, na dor, na alegria.
Assim, estaremos com a outra pessoa mas, de uma forma autónoma.
Isto de os casais terem os mesmos gostos, as mesmas actividades, os mesmos programas, etc... é puro cabresto.
Eis que surge o cadeado!
Tu contrais a pélvis para trancar a tua energia sexual, puxa-la para trás para seres o marido fiel, a esposa comportada e, obviamente, ficam dois frustrados.
É óbvio que toda a gente pensa: “comigo vai ser diferente”.
Mas temos que saber que o amor vive pela troca entre duas pessoas que crescem individualmente.
É essencial resgatarmos a agilidade, a suavidade, o relaxamento, a força do corpo.
O funcionamento fisiológico do coração, a respiração, o fluxo sanguíneo, as articulações e a elasticidade.
São ferramentas importantes que vão contribuir para esta libertação.
Outra coisa!
Não importa quanto tempo leve, talvez algumas vidas, mas é a sintonia desses três aspectos (emocional, intelectual e corporal) desenvolvidos e equilibrados, que vão gerar um quarto aspecto:
A espiritualidade!
Uma harmonia, onde tudo está em consonância com a existência.
Assim, os amores crescerão e produzirão frutos, alegrias, amizade e consciência.
Este é um esforço que vamos ter que fazer.
Encarar os medos e as dúvidas que nos puxam para uma vida pobre."
Na realidade, elas puxam-nos para fora do coração!
Na realidade, o amor é colocado como algo perigoso, que pode gerar solidão e desespero na vida. Mas é exactamente o oposto…
É o amor que vai dar ainda mais brilho à vida.
É a cereja no topo do bolo!!!!
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